VULNERABILIDADES EM SAÚDE DAS PESSOAS TRANSGÊNERO PROFISSIONAIS DO SEXO: REVISÃO INTEGRATIVA

Santana, Alef Diogo da Silva; Araújo, Ednaldo Cavalcante de; Abreu, Paula Daniella de; Lyra, Jorge; Lima, Marcos Soares de; Moura, Jefferson Wildes da Silva

doi:10.1590/1980-265X-TCE-2020-0475

Brasil

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Revisão de Literatura • Texto contexto - enferm. 30 • 2021 • https://doi.org/10.1590/1980-265X-TCE-2020-0475 linkcopiar

VULNERABILIDADES EM SAÚDE DAS PESSOAS TRANSGÊNERO PROFISSIONAIS DO SEXO: REVISÃO INTEGRATIVA

Autoria SCIMAGO INSTITUTIONS RANKINGS

RESUMO

Objetivo: identificar as vulnerabilidades em saúde das pessoas transgênero profissionais do sexo.

Método: revisão integrativa realizada em julho de 2020 nas bases PubMed, Web of Science, SCOPUS, CINAHL, IBECS e LILACS, sem restrição de idioma e tempo. Utilizaram-se os descritores indexados no DECS e MESH e seus respectivos sinônimos: “Pessoas transgênero”, “Profissionais do sexo” e “Vulnerabilidade em Saúde”. Os dados foram analisados a partir da análise temática.

Resultados: foram resgatados 547 artigos e, após o processo de seleção e análise, 34 compuseram esta revisão. Quatro classes temáticas emergiram: “O conhecimento, prevenção e exposição às ISTs no trabalho sexual”; “O uso (e abuso) de substâncias ilícitas e o álcool”; “A dimensão social e estrutural das vulnerabilidades: das redes de apoio fragilizadas às violências reproduzidas contra os corpos dissidentes.” e “As doenças psicossociais, discriminação e desafios das pessoas trans profissionais do sexo”.

Conclusão: as vulnerabilidades em saúde vivenciadas pelas pessoas trans profissionais do sexo são marcadas pela discriminação, exclusão social, estigma, contextos de encarceramento, violência física, psicológica e sexual, uso de substâncias ilícitas e álcool, além das dificuldades de acesso aos serviços essenciais como saúde, educação e lazer.

DESCRITORES: Pessoas transgênero; Profissionais do sexo; Vulnerabilidade em saúde; Minorias sexuais e de gênero; Enfermagem

Base de Dados	Estratégia
PUBMED, SCOPUS	(((("transgender persons") OR transgenders) OR "Person, Transgender") OR Persons, Transgender OR Transgenders) OR Transgender) OR Transsexual Persons AND (((("Health Vulnerability") AND ((Sex Work") OR Work, Sex) OR Sex Industry) OR Prostitution)
CINAHL WEB OF SCIENCE	#1“transgender persons” OR transgender OR “Person, Transgender” OR “Persons, Transgender” OR “Transgenders” OR “Transsexual Persons” #2: “Health Vulnerability” #3: “Sex Work” OR “Work Sex” OR “Sex Industry” OR “Prostitution” Estratégia: #1 AND #2 AND #3
LILACS, IBECS	“Pessoas transgênero” OR “Pessoa trans” OR “Pessoas transexuais” OR “Transexual” OR “Transgênero” OR “Transgêneros” OR “personas transgénero” OR “transgender persons” OR “transgenders” OR “Person, transgender” OR “Transsexual Persons” AND “Vulnerabilidade em Saúde” OR “Vulnerabilidad en Salud” OR “Health Vulnerability” AND “Profissionais do sexo” OR “Trabajadores Sexuales” OR “Sex Workers” OR “Sex Industry” OR “Prostitution”

Autoria	Ano de publicação	Delineamento da pesquisa	Nível de evidência
Russi JC et al.24	2003	Quantitativo - Epidemiológico, descritivo	V
Sausa LA et al.25	2007	Qualitativo	VI
Reisner SL et al.26	2009	Misto	V, VI
Wilson EC et al.27	2009	Quantitativo - Transversal, descritivo.	V
Infante C et al.28	2009	Qualitativo	VI
Farias MSR et al.29	2011	Quantitativo - Epidemiológico, descritivo	V
Farias MSR et al.30	2011	Quantitativo - Epidemiológico, descritivo	V
Cortez FCP et al.31	2011	Quantitativo - Transversal, descritivo	V
Nemoto B et al.32	2011	Quantitativo - Coorte	VI
Altaf A et al.33	2012	Quantitativo - Transversal analítico	V
Nurena CR et al.34	2013	Qualitativo	VI
Nemoto T et al.35	2013	Misto	VI
Cai Y et al.9	2016	Quantitativa - Transversal, descritivo	V
Giguere R et al.36	2016	Quantitativo - Ensaio clínico randomizado	II
Logie CH et al.10	2017	Quantitativa - Transversal, descritivo	V
Budhwani H et al.13	2017	Quantitativo - Transversal, descritivo	V
Nuttbrock LA et al.37	2017	Quantitativo - Longitudinal, prospectivo.	V
Lyons T et al.38	2017	Qualitativo	VI
Lyons T et al.39	2017	Qualitativo	VI
Samudzi Z et al.40	2017	Qualitativo	VI
Ganju S et al.41	2017	Qualitativo	VI
Budhwani H et al.42	2017	Quantitativo - Transversal, descritivo	V
Wickersham JA et al.43	2018	Quantitativo - Epidemiológico, descritivo	VI
Matthen P et al.44	2018	Mista	V, VI
Degtyar A, et al.45	2018	Qualitativo	VI
Khalid M et al.46	2019	Quantitativo - Transversal, descritivo	V
Sherman SG et al.47	2019	Quantitativo - Coorte	IV
Jarrett D et al.48	2019	Qualitativo	VI
Guler E et al.49	2020	Qualitativo	VI
Wang Q et al.50	2020	Quantitativo - Transversal, descritivo	V
Drückler S et al.51	2020	Quantitativo - Transversal, descritivo	V
Miller WM et al.52	2020	Quantitativo - Transversal, descritivo	V
Poteat T et al.53	2020	Quantitativo - Coorte	IV
Capous-Desyllas M et al.54	2020	Qualitativo	VI

Categorização Temática	Síntese das Vulnerabilidades em Saúde das pessoas trans profissionais do sexo.
O conhecimento, a prevenção e a exposição às ISTs no trabalho sexual.	Revelaram-se o desconhecimento sobre a transmissão do vírus do HIV e os frágeis conhecimentos sobre a identificação de sinais e sintomas de algumas ISTs, como as verrugas do HPV. Os “acordos sexuais” favorecem a baixa adesão ao uso do preservativo. Identificou-se a realização de prática sexual anal (insertivo e receptivo) e da ejaculação na boca sem preservativo e como a feminilização das mulheres transexuais pode influenciar no uso ou não do preservativo. Foi possível evidenciar, ainda, altas prevalências de HIV, Hepatite B e sífilis, além dos genótipos de alto risco do HPV9^,13^,26^,29^-30^,33^-37^,41^,43^,45^-47^,53.
O uso (e abuso) de substâncias ilícitas e o álcool.	Foi identificado o consumo de drogas como cocaína, além das drogas de uso injetável e de inalação durante o trabalho sexual. Há relatos de uso de álcool excessivo, da prática profissional sob a influência de álcool e uso de forma combinada de álcool e droga durante e/ou antes da prática sexual, descrevendo que “o trabalho fisicamente fica mais fácil”10^,24^,35^,42^-43^,47^,50^-52.
A dimensão social e estrutural das vulnerabilidades: das redes de apoio fragilizadas às violências reproduzidas contra os corpos dissidentes.	Destacam-se adversidades econômicas e interpessoais, histórico de expulsão de casa, redes de apoio fragilizadas e dificuldades no emprego devido ao gênero, além da exclusão que restringe o acesso a espaços sociais. A inserção no trabalho sexual é considerada uma “norma” para jovens mulheres transgênero devido ao preconceito e dificuldades no mercado de trabalho formal, sendo possível identificar que a população com menos de 36 anos de idade era mais envolvida com trabalho sexual. O envolvimento no trabalho sexual é, muitas vezes, devido às necessidades de sobrevivência. Emergiram-se o contexto de violência, de assédio contra as trabalhadoras sexuais transgênero e como este preconceito é moldado pelo contexto sócio estrutural, além dos cenários de encarceramento e criminalização. Em geral, a vulnerabilidade é influenciada pelo contexto social e estigma, bem como o acesso às redes de apoio escassas e falta de apoio em termos de programas sociais e de saúde10^,24^-25^,27^-28^,31^,35^,37^-42^,44^,47^-49^,52.
As doenças psicossociais, discriminação e desafios das pessoas trans profissionais do sexo.	O sexo pago foi associado com depressão, ideação suicida e níveis mais altos de danos. Há a descrição de sentimentos negativos em relação a lidar com estereótipos e estigmas. Há vários desafios que envolvem desde experiências de transfobia de clientes até sentimentos de repulsa reproduzidos pela família, clientes e sociedade, que vão culminar em contextos de sofrimentos psíquicos10^,31^,35^,54.

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