ENFERMAGEM ATUAL E FUTURA NA PROMOÇÃO DA SAÚDE PLANETÁRIA: ATUAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

RESUMO

Objetivo:

Refletir sobre o papel da enfermagem atual e futura na promoção da Saúde Planetária.

Método:

Estudo teórico-reflexivo, embasado em documentos relacionados à temática da teoria ambientalista de Florence Nightingale, relatórios da Organização Mundial da Saúde e ainda artigos recuperados de uma busca na PUBMED através dos descritores controlados “nursing” e “Planetary Health”.

Resultados:

A enfermagem, desde a teoria ambientalista de Florence Nightingale, reconhece a interconexão entre o ser humano e a natureza. Evoluindo como ciência, oferece atendimentos independentes e colaborativos para pessoas de todas as idades, para famílias, grupos e comunidades, independentemente do estado de saúde, em diversos ambientes. O papel da enfermagem vai além, abordando disparidades e iniquidades na saúde local e global. Os enfermeiros são fundamentais na identificação e mitigação dos impactos globais, promovendo a Saúde Planetária. Atuais e futuros profissionais devem focar em prevenção, aumentando a resiliência de pacientes e comunidades aos desafios climáticos, cooperando assim para o progresso da saúde global.

Conclusão:

A enfermagem planetária, devido a sua influência social, é uma forte aliada na mitigação e na mudança de paradigma da população, frente aos impactos ambientais e às mudanças adaptativas necessárias, desde que aplique as teorias desenvolvidas desde os primórdios, no seu dia a dia, em sua prática assistencial, tangendo a promoção da saúde ambiental e planetária e logo, contribuindo para a efetivação dos objetivos de desenvolvimento sustentável.

DESCRITORES:
Enfermagem; Educação em saúde ambiental; Saúde ambiental; Meio ambiente; Saúde pública; Saúde planetária; Teoria de enfermagem; Desenvolvimento sustentável.

ABSTRACT

Objective:

to reflect on the current and future role of nursing in promoting Planetary Health.

Method:

theoretical-reflective study, based on documents related to the environmentalist theory of Florence Nightingale, reports from the World Health Organization, and articles retrieved from a PUBMED search using the controlled descriptors “nursing” and “Planetary Health.”

Results:

nursing, since Florence Nightingale’s environmentalist theory, recognizes the interconnection between human beings and nature. Evolving as a science, it offers independent and collaborative care to people of all ages, families, groups, and communities, regardless of health status, in various settings. The role of nursing goes further, addressing disparities and inequities in both local and global health. Nurses are essential in identifying and mitigating global impacts, promoting Planetary Health. Current and future professionals must focus on prevention, increasing the resilience of patients and communities to climate challenges, thus contributing to the progress of global health.

Conclusion:

planetary nursing, due to its social influence, is a strong ally in mitigating and changing the population’s paradigm regarding environmental impacts and the necessary adaptive changes, as long as it applies the theories developed since the early days in its daily practice, promoting environmental and planetary health and thus contributing to achieving the sustainable development goals.

DESCRIPTORS:
Nursing; Environmental health education; Environmental health; Environment; Public health; Planetary health; Nursing theory; Sustainable development

RESUMEN

Objetivo:

reflexionar sobre el papel de la enfermería actual y futura en la promoción de la Salud Planetaria.

Método:

estudio teórico-reflexivo, basado en documentos relacionados con el tema de la teoría ambientalista de Florence Nightingale, informes de la Organización Mundial de la Salud y también artículos recuperados de una búsqueda en PUBMED utilizando los descriptores controlados “nursing” y “Planetary Health”.

Resultados:

la enfermería, desde la teoría ambientalista de Florence Nightingale, reconoce la interconexión entre el ser humano y la naturaleza. Al evolucionar como ciencia, ofrece atención independiente y colaborativa a personas de todas las edades, familias, grupos y comunidades, independientemente del estado de salud, en diferentes entornos. El papel de la enfermería va más allá y aborda las disparidades e inequidades en la salud local y global. Los enfermeros son fundamentales para identificar y mitigar los impactos globales, y así promover la Salud Planetaria. Los profesionales actuales y futuros deben centrarse en la prevención, a fin de aumentar la resiliencia de los pacientes y las comunidades ante los desafíos climáticos, lo que contribuye al progreso de la salud global.

Conclusión:

la enfermería planetaria, por su influencia social, es un fuerte aliado en la mitigación y cambio de paradigma de la población, ante los impactos ambientales y los cambios adaptativos necesarios, siempre y cuando aplique las teorías desarrolladas antaño, en su vida diaria y en su práctica asistencial, a fin de promover la salud ambiental y planetaria y, de ese modo, contribuir al logro de los objetivos de desarrollo sostenible.

DESCRIPTORES:
Enfermería; Educación en salud ambiental; Salud ambiental; Medio ambiente; Salud pública; Salud planetaria; Teoria de enfermería; Desarrollo sostenible

INTRODUÇÃO

No ano de 2015, a Rockefeller Foundation e a prestigiada revista científica The Lancet uniram esforços para criar e divulgar o relatório Safeguarding human health in the Anthropocene epoch: report of The Rockefeller Foundation-Lancet Commission on planetary health. Nesse mesmo ano, o Secretariado da Convenção sobre Diversidade Biológica juntamente com a Organização Mundial da Saúde (OMS) realizou uma colaboração inédita, envolvendo mais de cem especialistas, culminando na publicação do Connecting global priorities: biodiversity and human health: a state of knowledge review, que passou a servir de guia para futuras ações conjuntas1.

Esses relatórios abordaram de forma ampla, clara e direta o impacto sem precedentes das atividades humanas nos ecossistemas e os riscos acarretados à própria sobrevivência da civilização humana, neste período histórico em que vivenciamos, denominado Antropoceno1,que é compreendido como um “conjunto de transformações sociais, históricas, ecológicas, econômicas, políticas, culturais e tecnológicas responsáveis por configurar uma nova etapa de regulação e evolução do sistema geológico planetário” 2^:160.

Nesta conjuntura, sabe-se que a humanidade é responsável pelas mudanças no planeta, e as questões ambientais são cada vez mais discutidas e incluídas nas discussões que envolvem processos de saúde e doença. Isso comprova a urgente necessidade de considerar a dimensão socioambiental nas avaliações holísticas das pessoas nos serviços de saúde, além de prever estratégias voltadas para a reflexão das práticas em saúde e logo, as suas possíveis implicações para a sustentabilidade ambiental 3.

No entanto, estes estudos contribuíram para a construção de um novo campo de investigação denominado Saúde Planetária, que visa uma atenção cuidadosa entre aspectos políticos, econômicos e socioambientais e repensa o futuro da Terra, respaldando a convivência harmônica entre todos os seres habitantes neste planeta. Este movimento global pretende desenvolver soluções baseadas em evidências para minimizar os problemas ambientais causados pelas alterações climáticas. Ele está empenhado em estudar a interdependência entre a saúde dos sistemas naturais da Terra e a saúde da civilização humana de forma interdisciplinar, visando compreender o impacto das atividades humanas no meio ambiente e na saúde individual e coletiva, reconhecendo que a saúde humana está intimamente relacionada com a saúde do planeta, de forma que a degradação ambiental pode levar a doenças e problemas de saúde massivos 4^-5.

Assim a discussão sobre a Saúde Planetária, embora seja um tema recente que tem envolvido profissionais de diversas áreas, não é algo novo na história da medicina. Na verdade, a preocupação com a saúde global sempre esteve presente no campo da saúde, ainda que sob diferentes abordagens ao longo do tempo. Um exemplo notável remonta aos estudos de Hipócrates, o fundador da medicina ocidental, que já compreendia a relação intrínseca entre a saúde humana e o meio ambiente. Em sua obra intitulada Dos Ares, das Águas e dos Lugares, ele expressou suas preocupações com os fatores ambientais na determinação das doenças6.

Outro exemplo que remete a esta relação é a Teoria Ambientalista desenvolvida por Florence Nightingale no século XIX. Sua teoria centrava-se no meio ambiente, afirmando que todas as condições ambientais podem influenciar o processo de saúde. Para Nightingale, “todas as condições e influências externas que afetam a vida e o desenvolvimento de um organismo são capazes de prevenir, suprimir ou contribuir para a doença e a morte”7^:519. Em essência, sua teoria enfatiza a inter-relação entre o ser humano e o meio ambiente.

Desta forma, a enfermagem desde os primórdios até os dias atuais consolidou-se enquanto um campo de formação profissional importante para promover a saúde e prevenir as doenças, como citou a OMS em 2020, em um relatório intitulado State of the World’s Nursing 2020: Investing in Education, Jobs and Leadership8.

Assim, questiona-se: como a enfermagem pode desempenhar um papel decisivo na promoção da Saúde Planetária, considerando os desafios atuais e as perspectivas futuras, e quais são as implicações práticas e teóricas dessa abordagem para a profissão?

Tendo em vista o exposto, este é um estudo teórico-reflexivo. Para a apresentação das reflexões foram utilizados documentos relacionados à temática da teoria ambientalista de Florence Nightingale, relatórios da OMS e artigos recuperados em novembro de 2023 na biblioteca da U. S. National Library of Medicine (PUBMED). A busca foi realizada utilizando os descritores controlados “nursing” e “Planetary Health”, resultando em 130 artigos, dos quais cinco foram selecionados por sua pertinência direta ao tema. Deste modo, este estudo tem como objetivo refletir sobre o papel da enfermagem atual e futura na promoção da Saúde Planetária.

IMPLICAÇÕES PARA ATUAÇÃO DA ENFERMAGEM ATUAL E FUTURA

A história da enfermagem está ligada à necessidade de mudança de um panorama encontrado por um grupo de quase 40 mulheres que, ao chegarem à Guerra da Crimeia em meados de 1850, enfrentaram uma situação caótica, caracterizada pela falta de aparelhamentos e insumos básicos, resultando até na morte de soldados feridos9.

Frequentemente, o que causava a morte dos soldados não era o ferimento em si, mas as condições insalubres às quais estavam expostos, incluindo negligência, sujeira e perturbações ambientais. Com base nos dados coletados por esse grupo de mulheres, todas as informações foram apresentadas ao governo britânico, que então determinou a criação e o envio de uma comissão sanitária7^-9.

Assim, mesmo face à escassez de recursos encontrada, a comissão adotou medidas para o controle e limpeza das enfermarias, eliminando os contaminantes em aterros temporários, melhorando a ventilação dos acampamentos e instituindo medidas de lavagem das mãos, reduzindo assim a morbidade e a mortalidade entre os soldados9.

Após retornar da guerra, Florence Nightingale apresentou em 1859 a teoria ambientalista como produto de suas observações e anotações durante a Guerra da Crimeia embasada no lema que “a condição do paciente é a influência da natureza”. Além disso, ela estabeleceu em 1860 a primeira Escola de Enfermagem da Inglaterra no Hospital Saint Thomas, em Londres, consolidando a enfermagem em profissão, através do ensinamento de suas práticas7.

No contexto do seu desenvolvimento como profissão, a enfermagem continua comprometida com a saúde e a qualidade de vida dos indivíduos, das famílias e das comunidades, dedicando-se à promoção, prevenção, restauração e reabilitação da saúde. Os profissionais de enfermagem têm conhecimento técnico e científico para propor, desenvolver e implementar ações voltadas ao atendimento das necessidades de saúde da população e da defesa dos princípios da saúde pública e ambiental 8^-9.

A prática da enfermagem engloba o cuidado independente e o trabalho em equipe para indivíduos de diferentes faixas etárias, famílias, grupos e comunidades, estejam eles saudáveis ou doentes, em diversos locais. Isso envolve a promoção da saúde, a prevenção de doenças e o acompanhamento de pessoas enfermas, com deficiência ou em fase terminal. Logo considerando que as mudanças climáticas têm impacto significativo na saúde das pessoas e do planeta em níveis alarmantes, os enfermeiros estão em posição privilegiada para assumir o papel de líderes nessa luta, devido à sua importância global e seu papel assistencial junto com a população4^,10.

Assim, é de fundamental importância que haja uma mudança de concepção de "enfermagem global" para "enfermagem planetária". Para isso, é necessária a incorporação dos preceitos One Planet, One Health, que destaca a importância de um único planeta para a saúde. Isso requer uma interconexão harmoniosa entre pessoas, animais, plantas e o ambiente em que vivem, garantindo que todos coexistam de maneira saudável em um único ecossistema11. Essas conexões são essenciais para a saúde pública e o bem-estar, e seu reconhecimento é crucial. Dessa forma, é urgente mudar a abordagem de atenção na assistência de enfermagem tangendo tais aspectos, para que a prática da enfermagem em todo o mundo envolva iniciativas de saúde mais eficazes, conforme recomendado pela Agenda 2030 das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável12.

Essas mudanças devem proporcionar a expansão da compreensão da "saúde" de um fenômeno focado exclusivamente na humanidade, para uma visão mais abrangente focada na interconexão da saúde dos seres humanos, de outras espécies e do ambiente físico. Isso deve pautar no pressuposto que o homem não é um animal independente, mas vive em um meio e é interdependente de outras espécies, de forma que este ambiente em comum necessita ser considerado como “lar” e respeitado para um bem-estar planetário geral4^-5.

Embora haja dados limitados que discutam as contribuições focadas na enfermagem para a Saúde Planetária, algumas ações podem ser desenvolvidas para tal feito: evolução da pesquisa em enfermagem para contribuir com a meta de saúde planetária para a próxima geração e além; reconhecer e utilizar do protagonismo do trabalho da enfermagem como educadores ambientais, por representarem o ponto de contato inicial e mais consistente a “populações em estado de vulnerabilidade”, através da assistência à saúde para a educação popular; envolver enfermeiros em todos os setores para lidar com as mudanças climáticas e iniciativas ambientais; estabelecer parcerias com comunidades para a captação em alimentos, água e práticas agrícolas sustentáveis; monitorar e traduzir dados de avaliação ecológica sobre riscos e impactos humanos para comunidades e sistemas; afirmar a sacralidade da natureza, a unidade ecológica e a interdependência de todas as espécies para as populações assistidas em seus territórios13.

O profissional deve confrontar visões de mundo que centram o racismo, classismo, sexismo, etarismo, etnocentrismo e antropocentrismo e promover a saúde ambiental, Saúde Planetária e direitos humanos em suas práticas de enfermagem, fomentando a saúde e a assistência médica nos sistemas de educação, e adotando os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas e a Década de Ação para alcançá-los em níveis locais, nacionais e internacionais13^-14.

Ainda deve colaborar na liderança de esforços de adaptação e mitigação em parceria com formuladores de políticas e comunidades na linha de frente da degradação ambiental; deve-se envolver e participar com as comunidades em ações de justiça climática por meio de avaliação, planejamento, ativismo, mitigação, adaptação e restauração; melhorar a capacidade de resposta dos sistemas de saúde e da população aos eventos climáticos, incluindo o sistema de saúde através da codificação para mudanças climáticas, desenvolvendo e promovendo sistemas e práticas sociais e relacionais emancipatórios para colaboração intergeracional, intercultural, transdisciplinar e internacional4^-5^,13.

Ademais, o enfermeiro deve ser sensível e capaz de identificar e mitigar os fatores de risco ambientais, sociais e de saúde mental aos quais os migrantes climáticos são expostos como resultado de seu deslocamento e inserção em novos contextos, a fim de defender a Cobertura Universal de Saúde e renovar os compromissos com a atenção primária à saúde; desenvolver a consciência ambiental por meio de experiências transformadoras em terra incorporada, baseando em arte, contação de histórias, percussão e dança; e aprender com os quadros indígenas como desenvolver sistemas sociais: viver bem juntos, ser bondoso e atencioso, e comunicando-se honestamente13.

Tais ações supracitadas são apenas alguns exemplos que podem ser desenvolvidos e incorporados pela enfermagem na sua prática assistencial diuturnamente nos diferentes setores em que atua. Assim, à medida que a profissão aprofunda as colaborações em consonância com a formulação de políticas internacionais, os enfermeiros se tornarão parte integrante do avanço da Saúde Planetária por meio de esforços de justiça social e equidade na saúde14.

Desta forma, o avanço da enfermagem planetária tem sido o foco do diálogo acadêmico15, através do conhecimento sobre os sistemas, espécies, ecossistemas e inúmeras dimensões ambientais que devem ser integradas ao longo da educação de enfermagem para serem traduzidas em práticas e iniciativas de justiça social8^,15.

Em suma, os enfermeiros atuais e futuros devem trabalhar para amenizar os efeitos na saúde relacionados ao clima, através de medidas preventivas para os pacientes e comunidades assistidas, aumentando a sua resiliência aos desafios de saúde. Logo, a mensagem que devemos perpetuar é “o que fazemos afeta nossa saúde?”, de modo que “como tratamos nosso planeta também afeta nossa saúde?”, porque estamos interligados!16

Como enfermeiros, almejamos que nossos pacientes tenham uma vida próspera e realizada, vidas estas que lhes proporcionem atingirem o seu pleno potencial, além de ter uma sensação de segurança e esperança para o futuro.

De modo que os determinantes sociais da saúde desempenham um papel importante nas transformações globais, podendo se adaptarem e mitigarem esse ecossistema em mudança, assim o papel da enfermagem nada mais é que abordar as disparidades e iniquidades na saúde, não apenas em nossa comunidade local, mas globalmente16.

Para isto, é necessário que haja uma abordagem de Saúde Planetária integrada à educação em enfermagem, de forma que estes se tornem comunicadores, educadores, defensores e líderes exemplares da Saúde Planetária. Logo a estrutura de educação em Saúde Planetária promove a liderança da enfermagem na prática e na defesa de um futuro resistente ao clima. Enfermeiros são essenciais atores na conquista dessa saúde15^-16.

Além disso, a valorização e o investimento na educação, a empregabilidade e a liderança das enfermeiras e enfermeiros são essenciais para garantir uma saúde equitativa e sustentável, como já reconhecido pela OMS. A enfermagem desempenha um papel essencial nos esforços globais para alcançar os ODS, incluindo a cobertura universal de saúde, saúde mental, prevenção e tratamento de doenças não transmissíveis, respostas a emergências, segurança do paciente e a prestação de cuidados integrais e humanizados8.

Ademais, a enfermagem atualmente é a maior força de trabalho na saúde em todo o mundo, estando principalmente à frente dos serviços que permeiam a Atenção Primária à Saúde. Na maioria dos países, esses serviços se constituem como a atenção familiar ou a porta de entrada para os sistemas de saúde. Dessa maneira, os enfermeiros são capazes de desenvolver medidas de caráter socioambiental, pois atuam em ambientes propícios e têm proximidade com as comunidades, reconhecendo assim os determinantes sociais, as potencialidades e as fragilidades de cada povo. Utilizando instrumentos que abarquem a educação popular em saúde e reconhecendo as particularidades de cada território, a enfermagem se torna um ponto-chave para a promoção da saúde ambiental e planetária5^,16^-17.

No Brasil, as diretrizes curriculares nacionais para os cursos de graduação em enfermagem abordam de forma discreta os níveis de saúde definidos pela legislação vigente, refletindo a organização social e econômica do país, mas não traçam um perfil de formação do enfermeiro para que ele seja capaz de prever, detectar, promover, coordenar e mitigar os efeitos dos impactos ambientais que já são sofridos pela população18.

Isto pode ser explicado devido aos códigos de ética dos profissionais de enfermagem no nível nacional, que ressaltam de maneira sumária o compromisso destes profissionais que estão à frente do cuidado com o meio ambiente, enfatizando a obrigação com a preservação do meio ambiente no que tange ao gerenciamento de resíduos dos serviços de saúde. Ademais, isso também se explica pelo código internacional de enfermagem que evidencia o compromisso da enfermagem em advogar a favor de um meio ambiente seguro e saudável, não deixando claro o compromisso destes com estes aspectos, mesmo com o seu protagonismo já reconhecido pelas agências de saúde mundiais8^,18^-20.

Dado o tipo de estudo apresentado, é importante destacar que as questões de reflexão propostas permanecem abertas à luz de novas evidências, buscando-se maior especificidade no que diz respeito à promoção da Saúde Planetária na perspectiva da atuação da enfermagem.

CONCLUSÃO

A enfermagem planetária, devido a sua influência social, é uma forte aliada na mitigação e na mudança de paradigma da população frente aos impactos ambientais e às mudanças adaptativas necessárias, desde que aplique as teorias desenvolvidas desde os primórdios, no seu dia a dia, em sua prática assistencial quanto à promoção da saúde ambiental e planetária em seus territórios de atuação.

Ao adotar políticas baseadas em evidências, a Saúde Planetária promove a promoção e a prevenção, busca a equidade e considera as interações complexas entre o ambiente e a saúde humana. Podemos avançar em direção a um futuro mais saudável para o planeta e todas as formas de vida que nele habitam, assim, os enfermeiros, devido a sua posição social, se tornam grandes protagonistas deste feito e grandes atores para o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.

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NOTAS

• ORIGEM DO ARTIGO

  Extraído de tese - Enfermagem e Saúde Planetária: reflexões sobre a Atenção Primária em saúde para mitigar a Incidência de Arboviroses em Goiás, do Programa de Pós-graduação em Sociedade, Tecnologia e Meio Ambiente da Universidade Evangélica de Goiás (UniEvangélica), em 2024.

• FINANCIAMENTO

  Programa Emergencial de Consolidação Estratégica dos Programas de Pós-Graduação Stricto Sensu da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) do Ministério da Educação do Brasil, concessão do auxílio através do número 455/2022 do processo n.º 88881.710666/2022-1, e Universidade Evangélica de Goiás (UniEvangélica).

Editado por

EDITORES

Editores Associados: Gisele Cristina Manfrini, Maria Lígia Bellaguarda.

Editor-chefe: Elisiane Lorenzini.

Datas de Publicação

• Publicação nesta coleção
  28 Out 2024
• Data do Fascículo
  2024

Histórico

• Recebido
  18 Jan 2024
• Aceito
  01 Ago 2024