ANÁLISE DO FLUXO DO ATENDIMENTO DE PACIENTES EM HEMODINÂMICA SUSTENTADO NO PENSAMENTO <i>LEAN</i>

Bochi, Camila Souza; Magalhães, Aline Lima Pestana; Costa, Diovane Ghignatti da; Gelbcke, Francine Lima; Moraes, Érica Brandão de

doi:10.1590/1980-265X-TCE-2023-0309pt

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Texto & Contexto - Enfermagem

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Artigo Original • Texto contexto - enferm. 33 • 2024 • https://doi.org/10.1590/1980-265X-TCE-2023-0309pt copiar

ANÁLISE DO FLUXO DO ATENDIMENTO DE PACIENTES EM HEMODINÂMICA SUSTENTADO NO PENSAMENTO LEAN

Autoria SCIMAGO INSTITUTIONS RANKINGS

RESUMO

Objetivo:

analisar o fluxo do atendimento de pacientes em um serviço de hemodinâmica sustentado no pensamento Lean com base no Mapa de Fluxo de Valor.

Método: estudo de caso, exploratório-descritivo, realizado no serviço de hemodinâmica de um hospital público universitário do sul do Brasil. A coleta de dados ocorreu por meio de observação participante com doze integrantes da equipe multiprofissional e entrevistas com cinco participantes no período de maio de 2021 a fevereiro de 2022. A análise sustentou-se no referencial Lean e nas etapas previstas no Mapa de Fluxo de Valor.

Resultados:

elaborou-se o Mapa de Fluxo de Valor da situação atual do serviço, identificando-se fornecedores e clientes do processo e seus requisitos. Elencaram-se 61 problemas relacionados a requisitos não atendidos, dos quais 12 foram priorizados, a fim de promover o planejamento de melhorias.

Conclusão:

com o Mapa de Fluxo de Valor foi possível estabelecer prioridades de melhoria que impactam no desempenho operacional do serviço. Identificou-se que melhorias relacionadas à padronização das atividades minimizam os desperdícios de falha e espera, que foram os mais prevalentes no serviço, entre outros observados.

DESCRITORES:
Gestão em saúde; Serviço hospitalar de cardiologia; Fluxo de trabalho; Avaliação de processos em cuidados de saúde; Melhoria de qualidade; Tecnologia de alto custo

Etapa do processo		Descrição do problema
Input - Agendamento do procedimento		1. Falta de organização dos turnos por especialidade para otimizar a ocupação de sala. 2. Desbalanceamento entre demanda de procedimentos e capacidade de realização.
Admissão		3. Falta de agendamento de procedimentos em mapa cirúrgico. 4. Atraso na chegada do paciente pela demora no transporte de pacientes pelos maqueiros. 5. Atraso na admissão devido falta de vaga de UTI ou demora na confirmação da vaga. 6. Falta de conferência/aplicação de termo de consentimento para realização de procedimento. 7. Falta de padronização de procedimentos que necessitam reserva de hemocomponentes, gerando falta de confirmação de reserva de sangue. 8. Falta de padronização e registro de confirmação de medicamentos específicos (por ex. quimioterápicos). 9. Falta de padronização de conferência de identificação do paciente. 10. Falta de preparo do paciente para a cirurgia na unidade de internação. 11. Falta de um sistema de comunicação institucional para acionamento do transporte pelos maqueiros. 12. Falta de avaliação de prioridades para definir a ordem dos transportes. 13. Previsão incompleta de mapa cirúrgico (horários, ordem de realização de cirurgias, materiais necessários). 14. Área física com espaço insuficiente para admissão e recuperação de pacientes simultaneamente. 15. Falta de fluxo para definição de cancelamento de procedimentos eletivos. 16. Falta de definição de critérios para procedimentos de urgências.
Procedimento	Preparo da sala de procedimentos	17. Abastecimento de medicamentos pela farmácia não contempla todo o horário de funcionamento do setor. 18. Falta de manutenção preventiva dos equipamentos, sistema defasado e controle deficitário. 19. Falha no controle da dispensação de medicamentos psicotrópicos. 20. Falta de coxins adequados para posicionamento do paciente.
	Procedimento	21. Falta de EPI'S plumbíferos de tamanho adequado para a equipe. 22. Paramentação do cirurgião antes do término do preparo da mesa de cirurgia e da anestesia no paciente. 23. Localização do setor de hemodinâmica distante de serviços de apoio, com central de materiais e farmácia. 24. Falta de recursos materiais cirúrgicos para retaguarda no momento de conversão de procedimento endovascular para cirurgia aberta. 25. Falta de definição em relação aos procedimentos que podem ser realizados no setor de hemodinâmica. 26. Falha nos registros de materiais utilizados. 27. Falha no registro do paciente no equipamento de exames. 28. Falta de definição das atribuições de cada membro da equipe. 29. Falta de monitorização de temperatura do paciente e protocolo de aquecimento. 30. Não realização de checklist de cirurgia segura. 31. Falta de equipamento de ultrassom para o setor. 32. Atraso na chegada da equipe médica. 33. Previsão de tempo cirúrgico não corresponde ao agendado. 34. Atraso ou cancelamento de outras cirurgias. 35. Falta de equipe para continuidade de atendimento aos pacientes após horário de funcionamento do setor.
	Conferência de estoque de OPME	36. Baixa qualidade de materiais devido falta de avaliação sistematizada. 37. Falta de conferência de OPME antes da entrada do paciente em procedimento. 38. Falha na reposição de estoque de OPME. 39. Falta de auxiliar administrativo para as atividades pertinentes. 40. Saída do enfermeiro do setor para reposição de materiais e medicamentos. 41. Falta de entrega da via de registro de rastreabilidade de OPME ao paciente e do laudo do procedimento realizado. 42. Falta de padronização na lista de materiais por procedimento.
	Procedimento anestésico	43. Falta de checklist para conferência dos materiais no carro de anestesia. 44. Falta de padronização de critérios na avaliação pré-anestésica em relação a indicação de exames especiais e vaga de UTI.
	Limpeza e organização sala de procedimentos	45. Organização da sala pela enfermagem simultânea à limpeza pela equipe de higienização. 46. Disposição de materiais estéreis em sala para o procedimento seguinte antes do término da limpeza do procedimento anterior. 47. Falta de um profissional de limpeza exclusivo no setor que atenda durante todo o horário de funcionamento.
Transporte para a recuperação		48. Falta de padronização de local para retirada do introdutor. 49. Ausência de equipamento para monitorização de paciente no transporte para UTI.
Recuperação		50. Falta de checagem na prescrição médica de medicamentos administrados no procedimento que possuem continuidade. 51. Falta de plano de contingência para continuidade de atendimento aos pacientes após o horário de funcionamento do setor. 52. Falha nos registros da escala de avaliação da recuperação anestésica. 53. Falta de técnico de enfermagem exclusivo para a recuperação de pacientes.
Alta		54. Espera do transporte pelos maqueiros. 55. Falta de registro de alta médica pelo cirurgião responsável. 56. Ausência da equipe médica no setor até a alta do paciente. 57. Falta de informações sobre dieta e medicações na transição do cuidado. 58. Falta de padronização nas orientações de alta ao paciente, verbal ou escrita. 59. Dificuldade de passagem das informações do paciente ao setor de destino em horários de trocas de plantão nos setores.
Todo o processo		60. Ausência de indicadores para gerenciamento do processo. 61. Falha no gerenciamento de resíduos químicos, recicláveis e infectantes.

Etapa do processo		Problemas priorizados	Desperdícios
Admissão	Admission	3. Falta de agendamento de procedimentos em mapa cirúrgico. 6. Falta de conferência/aplicação de termo de consentimento para realização de procedimento. 9. Falta de padronização de conferência de identificação do paciente.	Falha, superprodução, espera, estoque e movimento.
Procedimento	Procedimento	28. Falta de definição das atribuições de cada membro da equipe. 30. Não realização de checklist de cirurgia segura.	Falha, superprodução, transporte, espera, movimento e potencial humano.
	Procedimento anestésico	43. Falta de checklist para conferência dos materiais do carro de anestesia.	Falha, transporte, espera e movimento.
	Limpeza e organização da sala de procedimentos	45. Organização da sala pela enfermagem simultânea à limpeza pela equipe de higienização.	Falha e superprodução.
Transporte para a recuperação		48. Falta de padronização na retirada do introdutor.	Falha e espera.
Recuperação		50. Falta de checagem na prescrição médica de medicamentos administrados no procedimento que possuem continuidade. 51. Falta de plano de contingência para continuidade de atendimento aos pacientes após o horário de funcionamento do setor.	Falha e espera.
Alta		57. Falta de informações sobre dieta e medicações na transição do cuidado. 58. Falta de padronização nas orientações de alta, verbal ou escrita.	Falha e espera.

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[1] AUTOR CORRESPONDENTE
Aline Lima Pestana Magalhães. aline.pestana@ufsc.br