RESUMO
Objetivo:
verificar o impacto da transição de cuidado nas reinternações e nos óbitos em 30 dias após a alta dos pacientes adultos e idosos.
Método:
estudo de coorte histórica realizado em um hospital de nível terciário do sul do Brasil. Foram incluídos todos os pacientes para os quais foi realizado contato com os serviços da rede de atenção à saúde para transição de cuidado no momento da alta, no ano de 2019. Os dados foram analisados por meio do software Statistical Package for the Social Sciences (SPSS), versão 20.0.
Resultado:
foram realizados 705 contatos com os serviços da rede de atenção para as transições do cuidado de pacientes no momento da alta. Ocorreram 3% de perdas de seguimento, sendo assim, 684 pacientes foram considerados para a avaliação da reinternação e óbito em 30 dias após a alta. Dos acompanhamentos pactuados com os serviços da rede no momento da alta, 73,5% deles foram realizados. Quando comparados ao grupo de pacientes que tiveram acompanhamento realizado com o grupo que não recebeu acompanhamento após a alta, o primeiro grupo teve menores taxas de reinternação e óbito em 30 dias após a alta (para reinternação: 19,7% vs. 28,7%; p=0,001 e para óbito: 5,8 % vs. 13,8 %; p=0,012).
Conclusão:
os resultados do estudo reforçam o impacto que a transição de cuidado tem nas reinternações e nos óbitos após a alta, reafirmam a importância da articulação e da comunicação entre os serviços de saúde na qualificação e segurança das transições.
DESCRITORES:
Cuidado de transição; Equipe de assistência ao paciente; Alta do paciente; Readmissão do paciente; Óbito
ABSTRACT
Objective
to verify the impact of transition of care on readmissions and deaths within 30 days after discharge of adult and elderly patients.
Method
this is a historical cohort study conducted in a tertiary hospital in southern Brazil. All patients for whom contact was made with the healthcare network services for transition of care at discharge in 2019 were included. Data were analyzed using the Statistical Package for the Social Sciences version 20.0.
Result
a total of 705 contacts were made with care network services for patient transitions of care at discharge. There were 3% losses to follow-up. Therefore, 684 patients were considered for readmission assessment and death within 30 days after discharge. Of the follow-ups agreed with the network services at discharge, 73.5% of them were carried out. When compared to the group of patients who had follow-up performed with the group that did not receive follow-up after discharge, the first group had lower rates of readmission and death within 30 days after discharge (for readmission: 19.7% vs. 28.7%; p=0.001 and for death: 5.8% vs. 13.8%; p=0.012).
Conclusion
the results of this study reinforce the impact that transition of care has on readmissions and deaths after discharge, reaffirming the importance of coordination and communication between healthcare services in transition qualification and safety.
DESCRIPTORS:
Transitional care; Patient care team; Patient discharge; Patient readmission; Death
RESUMEN
Objetivo
verificar el impacto de la transición de la atención en los reingresos y las muertes dentro de los 30 días posteriores al alta de pacientes adultos y ancianos.
Método:
estudio de cohorte histórica realizado en un hospital terciario del sur de Brasil. Se incluyeron todos los pacientes que tuvieron contacto con servicios de la red de atención de salud para transición de atención en el momento del alta en 2019. Los datos fueron analizados mediante el software Statistical Package for the Social Sciences (SPSS), versión 20.0.
Resultado
se realizaron 705 contactos con los servicios de la red asistencial para las transiciones de atención del paciente al momento del alta. Hubo pérdidas del 3% durante el seguimiento. Por lo tanto, se consideraron 684 pacientes para la evaluación de reingreso y muerte dentro de los 30 días posteriores al alta. De los seguimientos acordados con los servicios de la red en el momento del alta, se realizaron el 73,5% de los mismos. En comparación con el grupo de pacientes a los que se les realizó seguimiento con el grupo que no recibió seguimiento después del alta, el primer grupo tuvo tasas más bajas de reingreso y muerte dentro de los 30 días posteriores al alta (para reingreso: 19,7% vs. 28,7 %; p=0,001 y para muerte: 5,8 % vs. 13,8 %; p=0,012).
Conclusión
los resultados del estudio refuerzan el impacto que la transición de la atención tiene en los reingresos y muertes después del alta, reafirmando la importancia de la coordinación y comunicación entre los servicios de salud en la calificación y seguridad de las transiciones.
DESCRIPTORES:
Cuidado de transición; Grupo de atención al paciente; Alta del paciente; Readmisión del paciente; Muerte
INTRODUÇÃO
Os hospitais do mundo todo buscam melhorar a gestão dos leitos a partir da diminuição do tempo de internação e das taxas de reinternação. Contudo, melhorar esses indicadores não é uma tarefa simples, pois envolve a necessidade de qualificar os processos assistenciais e de gestão, otimizando o uso dos leitos, garantindo a segurança dos pacientes e a continuidade do cuidado à saúde11. Shahsavari H, Zarei M, Aliheydari MJ. Transitional care: Concept analysis using Rodgers’ evolutionary approach. Int J Nurs Stud [Internet]. 2019 [cited 2022 Nov 11];99:103387. Available from: https://doi.org/10.1016/j.ijnurstu.2019.103387 .
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. Nesse contexto, a eficiência hospitalar assume um papel fundamental, representando a capacidade de maximizar a produção de serviços de saúde com recursos disponíveis, objetivando a entrega de serviços eficazes e minimização dos custos22. Araujo EC, Lobo MSC, Medici AC. Eficiência e sustentabilidade do gasto público em saúde no Brasil. J Bras Econ Saúde [Internet]. 2022 [cited 2024 Mar 19];14 Suppl 1:86-95. Available from: https://www.researchgate.net/publication/359862430_Efficiency_and_sustainability_of_public_health_spending_in_Brazil_Eficiencia_e_sustentabilidade_do_gasto_publico_em_saude_no_Brasil .
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No Brasil, as pesquisas encontraram taxas de reinternação em 30 dias de 14 e 18,1%33. Pivatto Júnior F, Ulbrich AHDPS, Gheno J, Fisch MA, Petry RC, Nunes TS, et al. Accuracy of the Simplified HOSPITAL Score to Predict Nonelective Readmission in a Brazilian Tertiary Care Public Teaching Hospital. Qual Manag Health Care [Internet]. 2022 [cited 2022 Nov 08];32(1):30-4. Available from: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/35383714/ .
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-44. Canto DF, Costa FM, Júnior FP, Paskulin LMG, Dora JM. Performance of the Simplified HOSPITAL Score for Risk Assessment of Hospital Readmission in a Brazilian Tertiary Public Hospital. Am J Med Qual [Internet]. 2022 [cited 2022 Nov 08];37(1):88-9. Available from: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/34117167/ .
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, enquanto que, nos Estados Unidos, essas taxas variam entre 11,9 a 14,9%55. Jung DH, DuGoff E, Smith M, Palta M, Gilmore-Bykovskyi A, Mullahy J. Likelihood of hospital readmission in Medicare Advantage and Fee-For-Service within same hospital. Health Serv Res [Internet]. 2020 [cited 2022 Nov 11];55(4):587-95. Available from: https://doi.org/10.1111/1475-6773.13315 .
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-66. Mitchell AP, Gregg CF, Larry AA, Karen EJM, Mona F, Paul H, et al. The Hospital Readmissions Reduction Program: Nationwide Perspectives and Recommendations: A JACC: Heart Failure Position Paper. JACC: Heart Failure [Internet]. 2020 [cited 2024 Mar 16];8(1):1-11. Available from: https://doi.org/10.1016/j.jchf.2019.07.012
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. Para a melhoria desses indicadores, torna-se importante a implementação de estratégias abrangentes que qualifiquem o cuidado durante a internação e assegurem a continuidade após a alta hospitalar.
Na busca desses objetivos foi implantado, nos Estados Unidos, um programa federal obrigatório de redução nas readmissões hospitalares que responsabiliza os hospitais e estimula a coordenação e a qualificação dos cuidados durante as transições de cuidados. Com o programa foi possível reduzir as taxas de readmissão e economizar 564 milhões de dólares em 2018 ao Medicare66. Mitchell AP, Gregg CF, Larry AA, Karen EJM, Mona F, Paul H, et al. The Hospital Readmissions Reduction Program: Nationwide Perspectives and Recommendations: A JACC: Heart Failure Position Paper. JACC: Heart Failure [Internet]. 2020 [cited 2024 Mar 16];8(1):1-11. Available from: https://doi.org/10.1016/j.jchf.2019.07.012
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A fragmentação do cuidado, a desarticulação entre as Redes de Atenção à Saúde (RAS) e a falta de conhecimento sobre os serviços dificultam a continuidade do cuidado e podem gerar prejuízos na assistência ao paciente77. Mauro AD, Cucolo DF, Perroca MG. Hospital - primary care articulation in care transition: Both sides of the process. Rev Esc Enferm USP [Internet]. 2021 [cited 2024 Mar 16];55:e20210145. Available from: https://doi.org/10.1590/1980-220X-REEUSP-2021-0145 .
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. Quando não existem fluxos e mecanismos para a transferência das informações, elas correm o risco de perderem-se ao longo dos atendimentos. Autores destacaram que a aproximação dos profissionais da atenção hospitalar com os da Atenção Primária à Saúde (APS) sanariam o desconhecimento sobre as competências profissionais, fluxos e limitações dos serviços88. Costa MFBNA, Andrade SR, Soares CF, Pérez EIB, Bernardino E. A continuidade do cuidado de enfermagem hospitalar para a Atenção Primária à Saúde na Espanha. Rev Esc Enferm USP [Internet]. 2019 [cited 2022 Nov 08];53:e03477. Available from: https://doi.org/10.1590/s1980-220x2018017803477 .
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Sabe-se que a eficiência da atenção hospitalar depende da organização e do desempenho da rede que a cerca. Já a eficiência da APS é determinada pelo aumento do número de Estratégias de Saúde da Família e isso acarreta o aumento dos acessos aos serviços, a redução das internações desnecessárias e a queda da mortalidade. Sendo assim, a eficiência hospitalar está diretamente ligada a eficiência da APS 22. Araujo EC, Lobo MSC, Medici AC. Eficiência e sustentabilidade do gasto público em saúde no Brasil. J Bras Econ Saúde [Internet]. 2022 [cited 2024 Mar 19];14 Suppl 1:86-95. Available from: https://www.researchgate.net/publication/359862430_Efficiency_and_sustainability_of_public_health_spending_in_Brazil_Eficiencia_e_sustentabilidade_do_gasto_publico_em_saude_no_Brasil .
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Por tudo isso, torna-se necessária a adoção de estratégias para a transferência dos cuidados, que sejam coordenadas e executadas por profissionais de saúde, de modo que ultrapassem o simples ato de encaminhar o paciente para buscar acompanhamento pós-alta junto a rede, mas que promova a continuidade e a integralidade do cuidado77. Mauro AD, Cucolo DF, Perroca MG. Hospital - primary care articulation in care transition: Both sides of the process. Rev Esc Enferm USP [Internet]. 2021 [cited 2024 Mar 16];55:e20210145. Available from: https://doi.org/10.1590/1980-220X-REEUSP-2021-0145 .
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,88. Costa MFBNA, Andrade SR, Soares CF, Pérez EIB, Bernardino E. A continuidade do cuidado de enfermagem hospitalar para a Atenção Primária à Saúde na Espanha. Rev Esc Enferm USP [Internet]. 2019 [cited 2022 Nov 08];53:e03477. Available from: https://doi.org/10.1590/s1980-220x2018017803477 .
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Uma estratégia importante que auxilia as equipes multidisciplinares e garante o cuidado integral do paciente durante e após a sua hospitalização é a transição de cuidado. Ela engloba todas as intervenções que coordenam o cuidado do paciente ao longo do seu atendimento nos serviços de saúde. A transição de cuidado é focada nas necessidades do paciente e do cuidador, e, os principais pontos desse processo são a educação e o fornecimento de informações sobre os cuidados11. Shahsavari H, Zarei M, Aliheydari MJ. Transitional care: Concept analysis using Rodgers’ evolutionary approach. Int J Nurs Stud [Internet]. 2019 [cited 2022 Nov 11];99:103387. Available from: https://doi.org/10.1016/j.ijnurstu.2019.103387 .
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A continuidade dos cuidados pós-alta ocorre por meio de ligações telefônicas, Visitas Domiciliares (VDs), consultas ambulatoriais ou com o acompanhamento de Serviços de Atenção Domiciliar (SAD). O uso da tecnologia nos serviços de saúde também é uma estratégia que vem ganhando espaço99. Gheno J, Weis AH. Care transition in hospital discharge for adult patients: Integrative literature review. Texto Contexto Enferm [Internet]. 2021 [cited 2022 Nov 08];30:e20210030. Available from: https://doi.org/10.1590/1980-265X-TCE-2021-0030 .
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Pesquisadores trazem como exemplos da utilização da tecnologia, aplicativos em celulares ou alertas automáticos disparados por sistemas interligados entre as redes de atenção. Esses exemplos contribuem para a qualificação dos atendimentos e para que ocorra uma transição mais segura aos pacientes depois da desospitalização99. Gheno J, Weis AH. Care transition in hospital discharge for adult patients: Integrative literature review. Texto Contexto Enferm [Internet]. 2021 [cited 2022 Nov 08];30:e20210030. Available from: https://doi.org/10.1590/1980-265X-TCE-2021-0030 .
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Alguns estudos apontam vários benefícios da transição de cuidado, sendo o principal deles a diminuição das reinternações99. Gheno J, Weis AH. Care transition in hospital discharge for adult patients: Integrative literature review. Texto Contexto Enferm [Internet]. 2021 [cited 2022 Nov 08];30:e20210030. Available from: https://doi.org/10.1590/1980-265X-TCE-2021-0030 .
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,1010. Levine DM, Ouchi K, Blanchfield B, Saenz A, Burke K, Paz M, et al. Hospital-level care at home for acutely ill adults a randomized controlled trial. Ann Intern Med [Internet]. 2020 [cited 2022 Nov 08];172(2):77-85. Available from: https://doi.org/10.7326 / M19-0600 .
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. Um ensaio clínico randomizado que comparou os pacientes em internação hospitalar com pacientes em atendimento domiciliar, demonstrou que os pacientes com acompanhamento no domicílio tiveram as menores taxas de readmissão em 30 dias (7% versus 23%)1010. Levine DM, Ouchi K, Blanchfield B, Saenz A, Burke K, Paz M, et al. Hospital-level care at home for acutely ill adults a randomized controlled trial. Ann Intern Med [Internet]. 2020 [cited 2022 Nov 08];172(2):77-85. Available from: https://doi.org/10.7326 / M19-0600 .
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. A redução da mortalidade, dos custos hospitalares e dos eventos adversos também são resultados positivos da transição de cuidado99. Gheno J, Weis AH. Care transition in hospital discharge for adult patients: Integrative literature review. Texto Contexto Enferm [Internet]. 2021 [cited 2022 Nov 08];30:e20210030. Available from: https://doi.org/10.1590/1980-265X-TCE-2021-0030 .
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Hospitais de vários países vêm organizando equipes e/ ou profissionais específicos para a gestão de altas77. Mauro AD, Cucolo DF, Perroca MG. Hospital - primary care articulation in care transition: Both sides of the process. Rev Esc Enferm USP [Internet]. 2021 [cited 2024 Mar 16];55:e20210145. Available from: https://doi.org/10.1590/1980-220X-REEUSP-2021-0145 .
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,88. Costa MFBNA, Andrade SR, Soares CF, Pérez EIB, Bernardino E. A continuidade do cuidado de enfermagem hospitalar para a Atenção Primária à Saúde na Espanha. Rev Esc Enferm USP [Internet]. 2019 [cited 2022 Nov 08];53:e03477. Available from: https://doi.org/10.1590/s1980-220x2018017803477 .
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,1111. Jotz GP, Júnior WC, Kruel AJ, Klug D, Duarte ES, Kraemer FZ, Azevedo ROO. Inovação e Tecnologia no Enfrentamento da Superlotação Hospitalar: a experiência do Hospital Nossa Senhora da Conceição - Porto Alegre/RS. Porto Alegre, RS(BR): Grupo Hospitalar Conceição; 2018. . Essas equipes são multidisciplinares e visam auxiliar na organização da alta hospitalar, servindo de ligação entre os profissionais da assistência, os pacientes e a RAS1111. Jotz GP, Júnior WC, Kruel AJ, Klug D, Duarte ES, Kraemer FZ, Azevedo ROO. Inovação e Tecnologia no Enfrentamento da Superlotação Hospitalar: a experiência do Hospital Nossa Senhora da Conceição - Porto Alegre/RS. Porto Alegre, RS(BR): Grupo Hospitalar Conceição; 2018. . Em países como Canadá e Espanha existem enfermeiros específicos que são responsáveis pela coordenação da alta77. Mauro AD, Cucolo DF, Perroca MG. Hospital - primary care articulation in care transition: Both sides of the process. Rev Esc Enferm USP [Internet]. 2021 [cited 2024 Mar 16];55:e20210145. Available from: https://doi.org/10.1590/1980-220X-REEUSP-2021-0145 .
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,88. Costa MFBNA, Andrade SR, Soares CF, Pérez EIB, Bernardino E. A continuidade do cuidado de enfermagem hospitalar para a Atenção Primária à Saúde na Espanha. Rev Esc Enferm USP [Internet]. 2019 [cited 2022 Nov 08];53:e03477. Available from: https://doi.org/10.1590/s1980-220x2018017803477 .
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Um hospital terciário do sul do Brasil, em 2017, implantou uma equipe de gestão de altas1111. Jotz GP, Júnior WC, Kruel AJ, Klug D, Duarte ES, Kraemer FZ, Azevedo ROO. Inovação e Tecnologia no Enfrentamento da Superlotação Hospitalar: a experiência do Hospital Nossa Senhora da Conceição - Porto Alegre/RS. Porto Alegre, RS(BR): Grupo Hospitalar Conceição; 2018. . Essa equipe é composta por médicos, enfermeiros, assistente social, farmacêutica e estagiárias de Enfermagem e atua na organização de pendências para a alta hospitalar, bem como em todo o processo de transição de cuidado.
Entre as atividades diárias realizadas, destaca-se a articulação com a RAS para a continuidade do cuidado do paciente após a alta, momento em que a equipe de gestão de altas faz contato com os serviços da rede para informar a alta hospitalar e organizar a continuidade do cuidado. Esse contato acontece entre 24 a 48 horas antes ou após a alta e serve para pactuar com a equipe de saúde de referência o tipo de acompanhamento que o paciente irá receber após a alta, entre eles, VD, consultas ambulatorial ou na unidade de saúde, acompanhamento de curativos, participação em grupos e vínculo com serviços de atendimento especializado.
Alguns pacientes recebem alta com indicação de acompanhamento do SAD do município e, nesses casos, a equipe da gestão de altas atua como facilitadora para o contato entre as equipes médicas, garantindo que informações relevantes sobre o paciente sejam oportunamente compartilhadas.
Ao considerar a importância da atuação dessa equipe de gestão de altas na transição de cuidado pós-alta, diante da relevância da temática e da escassez de estudos em países em desenvolvimento sobre o efeito da transição de cuidado para os serviços de saúde, o objetivo desta pesquisa é verificar o impacto da transição de cuidado nas reinternações e nos óbitos em 30 dias após a alta de pacientes adultos e idosos.
MÉTODO
Trata-se de um estudo de coorte histórica realizado no Escritório de Gestão de Altas de um hospital de nível terciário do sul do Brasil. A amostra foi composta por todos os pacientes para os quais a equipe de gestão de altas realizou contato com os serviços da rede de atenção à saúde para a transição de cuidado no momento da alta, no ano de 2019. Os critérios para selecionar os pacientes com necessidade de acompanhamento após a alta foram: ter alto risco de reinternação conforme o Escore de Hospital1212. Mathys P, Bütikofer L, Genné D, Leuppi JD, Mancinetti M, John G, et al. The Early HOSPITAL Score to Predict 30-Day Readmission Soon After Hospitalization: A Prospective Multicenter Study. J Gen Intern Med [Internet]. 2023 [cited 2024 Mar 16]. Available from: https://doi.org/10.1007/s11606-023-08538-0 .
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e/ou necessitar de cuidados complexos (com curativos, dispositivos invasivos, entre outros) e/ou apresentar dificuldade de adesão ao tratamento e/ou necessitar de reabilitação e estar recebendo alta das enfermarias.
Após 30 dias da alta desses pacientes, a enfermeira ou a assistente social do Escritório de Gestão de Altas entrou em contato com o paciente e/ou familiares, por meio de ligações telefônicas, para confirmar se o acompanhamento pactuado com os serviços da rede foi realizado. Nesse contato também foi verificado se o paciente reinternou ou foi a óbito após a alta. Ao encontrar dificuldades com as ligações (números inexistentes ou contato inefetivo), essas informações foram buscadas no prontuário eletrônico do paciente, no sistema de informações do Sistema Único de Saúde (e-SUS) ou no sistema de Gerenciamento de Internações do Estado (Gerint).
A análise dos dados ocorreu em dezembro de 2020. As variáveis coletadas por meio de revisão em prontuário eletrônico foram; idade, sexo, raça, cidade, estado civil, CID principal, comorbidades, nível de complexidade assistencial (Escala de Perroca)1313. Perroca MG, Gaidzinski RR. Sistema de classificação de pacientes: Construção e validação de um instrumento. Rev Esc Enferm USP [Internet]. 1998 [cited 2022 Nov 08];32(2):153-68. Available from: https://doi.org/10.1590/S0080-62341998000200009 .
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, risco de lesão por pressão (Escala de Braden)1414. Jansen RCS, Silva KBA, Moura MES. Braden Scale in pressure ulcer risk assessment. Rev Bras Enferm [Internet]. 2020 [cited 2024 Mar 16];73(6):e20190413. Available from: https://doi.org/10.1590/0034-7167-2019-0413 .
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, risco de queda (Escala de Morse)1515. Urbanetto JS, Creutzberg M, Franz F, Ojeda BS, Gustavo AS, Bittencourt HR, et al. Morse fall scale: tradução e adaptação transcultural para a língua portuguesa. Rev Esc Enferm USP [Internet]. 2013 [cited 2022 Nov 08];47(3):569-75. Available from: https://doi.org/10.1590/S0080-623420130000300007 .
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, índice de comorbidade de Charlson1616. Glasheen WP, Cordier T, Gumpina R, Haugh G, Davis J, Renda A. Charlson Comorbidity Index: ICD-9. Am Health Drug Benefits [Internet]. 2019 [cited 2022 Nov 08];12(4):188-97. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6684052/ .
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, internação oncológica prévia, especialidade médica da internação, tempo de internação, acompanhamento para o cuidado pós-alta, acompanhamento realizado após 30 dias da alta e como desfecho, reinternação e óbito após 30 dias da alta.
Os dados coletados foram tabulados em uma planilha Microsoft Excel® e analisados por meio do software Statistical Package for the Social Sciences (SPSS), versão 20.0.
A análise descritiva foi realizada por meio da frequência absoluta e relativa para as variáveis categóricas e da média e desvio-padrão para as variáveis contínuas com distribuição normal. Mediana foi usada para as variáveis contínuas sem distribuição normal. A normalidade das variáveis foi avaliada por meio do teste de Shapiro e Wilk. As prevalências foram comparadas entre os grupos com o teste do qui-quadrado. As médias foram comparadas pelo teste t de Student, e o teste U de Mann-Whitney foi usado para comparar as medianas.
A regressão de Poisson univariada com variância robusta foi usada para esses resultados para avaliar quais fatores foram preditores independentes de reinternação e óbito. Os critérios de inclusão no modelo multivariável foram: p<0,1 na regressão univariada ou relevância clínica da variável no qual p<0,05 foi considerado estatisticamente significativo. Nestes modelos, as variáveis e interesse foram analisadas em conjunto com outros fatores de risco (fatores de confusão) para o seu efeito no resultado.
A pesquisa foi aprovada pelos Comitês de Ética e Pesquisa.
RESULTADOS
Em 2019, foram realizadas pela equipe da gestão de altas 705 transições do cuidado no momento da alta dos pacientes. Dentre estes, 21 (3%) não foi possível avaliar se o acompanhamento pactuado foi realizado ou não dentro de 30 dias após a alta, portanto sendo consideradas perdas de seguimento. Foram considerados 684 pacientes para a avaliação do desfecho de reinternação e óbito. A Tabela 1 mostra as características dos pacientes em cada grupo (acompanhamento realizado ou não realizado).
As médias da idade e do escore de comorbidade de Charlson foram 64,3 anos e 3,7, respectivamente. Os CIDs encontrados como principais motivos de internação foram doenças do aparelho circulatório e as neoplasias; as comorbidades mais encontradas foram, doença cerebrovascular, doença vascular periférica, diabetes, Insuficiência Cardíaca (IC), tumor sólido e doença pulmonar crônica.
Dos acompanhamentos pactuados no momento da alta com as equipes do sistema de saúde, 73,5% foram realizados. Os principais tipos de acompanhamentos para a continuidade do cuidado foram com a Atenção Primária à Saúde (APS) (39,5% para VD e 24,3% para consultas na unidade de saúde), vínculo com SAD (24,3%) e consulta ambulatorial especializada (8,9%).
Os pacientes da capital tiveram mais acompanhamentos realizados que os pacientes da região metropolitana (p=0,001). Os pacientes com necessidades de cuidados intensivos e semi-intensivos, de acordo com a Escala de Perroca, tiveram mais acompanhamentos realizados do que os pacientes com cuidados mínimos (p=0,005). Demais características dos pacientes não apresentaram diferenças significativas entre os grupos.
Em relação aos desfechos avaliados (Tabela 2), os pacientes com acompanhamento realizado tiveram menor reinternação e menor ocorrência de óbito, que os pacientes que não tiveram o acompanhamento realizado pós-alta (para a reinternação: 19,7% vs. 28,7%; p=0,001 e para óbito: 5,8 % vs. 13,8 %; p=0,012).
A Tabela 3 mostra as características dos pacientes, com e sem reinternação, e suas estimativas de risco relativo, intervalos de confiança e valores de p para a univariada e multivariada. Entre esses dois grupos, nenhuma diferença foi observada no estado civil, localidade, caráter de urgência da internação e tempo de internação. As características que foram incluídas na análise multivariada foram: idade (p=0,021), raça (p=0,074), diagnóstico de tumor sólido (p=0,053), doença pulmonar crônica (p=0,014), câncer metastático (p=<0,001), doença renal moderada a grave (p=0,005), Escala de Perroca (p de < 0,001 para os cuidados intensivos e semi-intensivos e p de 0,014 para os cuidados intermediários, quando comparados aos cuidados mínimos), internação oncológica prévia (p=0,002), mediana de hospitalizações prévias em um ano (p=<0,001), realização do acompanhamento pactuado (p=0,010). O Charlson não foi incluído na análise multivariada, sendo incluídas as comorbidades individualmente.
Características dos pacientes com e sem reinternação, univariada e multivariada. 2019. Porto Alegre (RS), Brasil.
As características que mantiveram significância estatística na análise multivariada para o desfecho de reinternação foram as comorbidades câncer metastático (p=0,007) e doença renal moderada a grave (p=0,005), Escala de Perroca (p de 0,005 para os cuidados intensivos e semi-intensivos e p de 0,046 para os cuidados intermediários quando comparados aos cuidados mínimos), internação oncológica prévia (p=0,031), mediana de hospitalizações prévias em um ano (p=<0,001) e a realização do acompanhamento pactuado (p=0,003).
A Tabela 4 mostra as características dos pacientes, com e sem óbito, e suas estimativas de risco relativo, intervalos de confiança e valores de p para a univariada e multivariada. Entre esses dois grupos, nenhuma diferença foi observada no sexo, raça, estado civil, localidade, caráter de urgência da internação e tempo de internação e mediana de hospitalizações prévias em um ano. As características que foram incluídas na análise multivariada foram idade (p=<0,001), doença vascular periférica e de aorta (p=0,062), diabetes com complicações (p=0,008), doença pulmonar crônica (0,002), câncer metastático (p=<0,001), demência (p=0,028), Escala de Perroca (p de 0,005 para os cuidados intensivos e semi-intensivos e p de 0,023 para os cuidados intermediários quando comparados aos cuidados mínimos), internação oncológica prévia (p=<0,001), realização do acompanhamento pactuado (p=0,010) e serviço (p de 0,012 para as especialidades e p de 0,007 para as cirurgias quando comparado ao serviço de medicina interna). O escore de Charlson não foi incluído na análise multivariada, sendo incluídas as comorbidades individualmente.
Características dos pacientes com e sem óbito, univariada e multivariada. 2019. Porto Alegre (RS), Brasil.
As características que mantiveram significância estatística na análise multivariada para o desfecho de óbito foram a presença de câncer metastático (p=0,001), Escala de Perroca (p de 0,018 cuidados intensivos e semi-intensivos quando comparado aos cuidados mínimos) e a realização do acompanhamento pactuado (p=<0,001).
DISCUSSÃO
Neste estudo, a média de idade dos pacientes foi de 64,3 anos e 56,7% era do sexo masculino. É comum em estudos sobre a transição de cuidados, reinternação e óbito encontrar uma população maioritariamente acima de 60 anos1717. Samuel EV, Viggeswarpu S, Wilson BP, Ganesan MP. Readmission rates and predictors of avoidable readmissions in older adults in a tertiary care centre. J Family Med Prim Care [Internet]. 2022 [cited 2024 Mar 16];11(9):5246-53. Available from: https://journals.lww.com/jfmpc/fulltext/2022/09000/readmission_rates_and_predictors_of_avoidable.47.aspx .
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-1919. Fry CH, Fluck D, Han TS. Frequent identical admission-readmission episodes are associated with increased mortality. Clin Med J R Coll Physicians London [Internet]. 2021 [cited 2022 Nov 15];21(4):E351-6. Available from: https://doi.org/10.7861/clinmed.2020-0930 .
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. Os pacientes idosos são os usuários que mais procuram atendimentos na rede de saúde em todo o mundo, e correspondem a mais da metade de todas as internações hospitalares. Esse fato está relacionado às diversas doenças crônicas e às suas complicações2020. Vos T, Lim SS, Abafati C, Abbas KM, Abbasi M, Abbasifard M, et al. Global burden of 369 diseases and injuries in 204 countries and territories, 1990-2019: A systematic analysis for the Global Burden of Disease Study 2019 [Internet]. Lancet. 2020 [cited 2024 Mar 16];396:1204-22. Available from: https://www.thelancet.com/journals/lancet/article/PIIS0140-6736(20)30925-9/fulltext .
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Os resultados do estudo demonstraram a maior capacidade de efetivação dos acompanhamentos pós-alta realizados na capital, tendo uma diferença significativa em relação à região metropolitana (79% vs. 65%, respectivamente). Normalmente os pacientes deparam-se com dificuldades para consultas no mesmo dia, encontram um longo tempo de espera para as consultas com determinadas especialidades médicas e para os atendimentos de reabilitação. Destaca-se um diferencial da capital, já que ela dispõe de SAD em todo o seu território, enquanto que são poucos os municípios metropolitanos que possuem esse serviço.
A dificuldade encontrada no acesso aos serviços da saúde pública no Brasil, especialmente em municípios das regiões metropolitanas, está relacionada às profundas desigualdades regionais, característica importante do serviço de saúde do país2121. Azevedo E, Silva G, Giovanella L, Camargo Jr KR. Brazil’s National Health Care System at risk for losing its universal character. Am J Public Health [Internet]. 2020 [cited 2024 Mar 16];110(6):811-2. Available from: https://doi.org/10.2105/AJPH.2020.305649 .
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,2222. Malta DC, Gomes CS, Prates EJS, Santos FP, Almeida WS, Stopa SR, et al. Analysis of demand and access to services in the last two weeks previous to the National Health Survey 2013 and 2019. Rev Bras Epidemiol [Internet]. 2021 [cited 2024 Mar 16];24 Suppl 2. Available from: https://doi.org/10.1590/1980-549720210002.supl.2 .
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. Ademais, os pesquisadores identificaram um cenário de aumento de demanda e de redução de acesso, que se repetiu em quase todos os estados e capitais do Brasil2222. Malta DC, Gomes CS, Prates EJS, Santos FP, Almeida WS, Stopa SR, et al. Analysis of demand and access to services in the last two weeks previous to the National Health Survey 2013 and 2019. Rev Bras Epidemiol [Internet]. 2021 [cited 2024 Mar 16];24 Suppl 2. Available from: https://doi.org/10.1590/1980-549720210002.supl.2 .
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Um fator que impactou significativamente na efetivação dos acompanhamentos foi a complexidade do cuidado, tendo sido realizados a maioria dos acompanhamentos de paciente com cuidados intensivos e semi-intensivos, provavelmente devido à necessidade de priorização desses atendimentos pela rede.
Os pesquisadores concluíram que a idade e o sexo masculino se associam significativamente ao aumento do risco de reinternação e morte1919. Fry CH, Fluck D, Han TS. Frequent identical admission-readmission episodes are associated with increased mortality. Clin Med J R Coll Physicians London [Internet]. 2021 [cited 2022 Nov 15];21(4):E351-6. Available from: https://doi.org/10.7861/clinmed.2020-0930 .
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. Contudo, neste estudo apenas a idade foi associada a estes desfechos.
Além disso, doenças como IC, Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), pneumonia e câncer metastático aparecem em destaque em muitas pesquisas sobre reinternação e óbito1717. Samuel EV, Viggeswarpu S, Wilson BP, Ganesan MP. Readmission rates and predictors of avoidable readmissions in older adults in a tertiary care centre. J Family Med Prim Care [Internet]. 2022 [cited 2024 Mar 16];11(9):5246-53. Available from: https://journals.lww.com/jfmpc/fulltext/2022/09000/readmission_rates_and_predictors_of_avoidable.47.aspx .
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-1919. Fry CH, Fluck D, Han TS. Frequent identical admission-readmission episodes are associated with increased mortality. Clin Med J R Coll Physicians London [Internet]. 2021 [cited 2022 Nov 15];21(4):E351-6. Available from: https://doi.org/10.7861/clinmed.2020-0930 .
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,2323. Blum MR, Øien H, Carmichael HL, Heidenreich P, Owens DK, Goldhaber-Fiebert JD. Cost-effectiveness of transitional care services after hospitalization with heart failure. Ann Intern Med [Internet]. 2020 [cited 2022 Nov 08];172(4):248-57. Available from: https://doi.org/10.7326/M19-1980 .
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. Já neste estudo as doenças mais relacionadas à reinternação foram câncer metastático (RR=1,8; p=0,007) e doença renal moderada a grave (RR=1,9; p=0,005), e relacionada ao óbito, foi câncer metastático (RR=4,6; p=0,001).
Os hospitais precisam criar estratégias para melhorar seus indicadores de desempenho e qualidade, e a realização da transição de cuidado dos pacientes no momento da alta auxilia nessa melhora, pois traz impacto nas reinternações, óbitos e custos hospitalares. Uma revisão sistemática e metanálise concluiu que as transições de cuidados pós-alta reduziram em 32% as readmissões em 30 dias e 28% em seis meses, além de serem custo-efetivas, por reduzirem a utilização dos recursos de saúde2424. Ran L, Jiawei G, Jibin L, Gaoren W, Therese H. Effectiveness of integrating primary healthcare in aftercare for older patients after discharge from tertiary hospitals-a systematic review and meta-analysis. Age Ageing [Internet]. 2022 [cited 2024 Mar 16];51(6):afac151. Available from: https://doi.org/10.1093/ageing/afac151 .
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.
Criar vínculos e coordenar essa transição do paciente com os pontos da RAS é importante para estimular a manutenção e o seguimento dos cuidados pela própria rede. As atividades de transição do cuidado realizadas pela equipe de gestão de altas resultaram em 73,5% dos acompanhamentos efetivados, ou seja, grande parte dos pacientes recebeu algum acompanhamento após a alta realizado por outros serviços. Assim, entende-se que o contato realizado pela equipe do hospital fez com que grande parte dos serviços da rede buscassem atender a demanda e a pactuação feita no momento em que o paciente estava recebendo alta.
Este estudo traz ainda que o grupo de pacientes que recebeu algum acompanhamento após a alta e tiveram significativamente menores taxas de reinternação e óbito em 30 dias em comparação com o grupo que não recebeu nenhum acompanhamento. Este resultado corrobora com outras pesquisas que também encontraram resultados positivos com a continuidade do cuidado após a alta e que enfatizaram a importância do planejamento da alta, bem como a realização das transições de cuidados entre os serviços da rede de atenção1818. Kripalani S, Chen G, Ciampa P, Theobald C, Cao A, McBride M, et al. A transition care coordinator model reduces hospital readmissions and costs. Contemp Clin Trials [Internet]. 2019 [cited 2022 Nov 15];81(615):55-61. Available from: https://doi.org/10.1016/j.cct.2019.04.014 .
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,2424. Ran L, Jiawei G, Jibin L, Gaoren W, Therese H. Effectiveness of integrating primary healthcare in aftercare for older patients after discharge from tertiary hospitals-a systematic review and meta-analysis. Age Ageing [Internet]. 2022 [cited 2024 Mar 16];51(6):afac151. Available from: https://doi.org/10.1093/ageing/afac151 .
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,2525. Vernon D, Brown JE, Griffiths E, Nevill AM, Pinkney M. Reducing readmission rates through a discharge follow-up service. Futur Healthc J [Internet]. 2019 [cited 2022 Nov 08];6(2):114-7. Available from: https://doi.org/10.7861/futurehosp.6-2-114 .
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.
As principais formas de continuidade do cuidado efetivadas neste estudo foram VDs, consultas na APS e acompanhamento com SAD. Alguns autores afirmaram que cada intervenção após a alta resulta em melhorias importantes para a saúde dos pacientes, mas concluíram que as VDs foram mais econômicas e eficazes do que os outros cuidados de transição como as ligações realizadas por enfermeiros gestores de casos ou consultas ambulatoriais2323. Blum MR, Øien H, Carmichael HL, Heidenreich P, Owens DK, Goldhaber-Fiebert JD. Cost-effectiveness of transitional care services after hospitalization with heart failure. Ann Intern Med [Internet]. 2020 [cited 2022 Nov 08];172(4):248-57. Available from: https://doi.org/10.7326/M19-1980 .
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Outro aspecto importante é que o grupo de pacientes que reinternou e que foi a óbito em 30 dias tinha um Escore de Charlson maior que o grupo que não reinternou e não foi a óbito. Os pacientes portadores de várias comorbidades e com pior condição física estão mais propensos às reinternações em 30 dias, e por isso a transição do cuidado se torna tão importante, principalmente para esses casos1717. Samuel EV, Viggeswarpu S, Wilson BP, Ganesan MP. Readmission rates and predictors of avoidable readmissions in older adults in a tertiary care centre. J Family Med Prim Care [Internet]. 2022 [cited 2024 Mar 16];11(9):5246-53. Available from: https://journals.lww.com/jfmpc/fulltext/2022/09000/readmission_rates_and_predictors_of_avoidable.47.aspx .
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,1818. Kripalani S, Chen G, Ciampa P, Theobald C, Cao A, McBride M, et al. A transition care coordinator model reduces hospital readmissions and costs. Contemp Clin Trials [Internet]. 2019 [cited 2022 Nov 15];81(615):55-61. Available from: https://doi.org/10.1016/j.cct.2019.04.014 .
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Por meio das análises multivariadas, identificaram-se que os pacientes com cuidados intensivos e semi-intensivos, conforme a Escala de Perroca, apresentaram maior risco de reinternação (RR=1,9; p=0,005) e óbito (RR=3,3; p=0,018). Outros estudos que analisaram a relação da complexidade assistencial dos pacientes com as reinternações e os óbitos, concluíram que os pacientes com cuidados mais complexos possuem maior risco para estes desfechos2626. Adamuz J, Juvé-Udina ME, González-Samartino M, Jiménez-Martínez E, Tapia-Pérez M, López-Jiménezet MM, et al. Care complexity individual factors associated with adverse events and in-hospital mortality. PLOS ONE [Internet]. 2020 [cited 2024 Mar 19];15(7):e0236370. Available from: https://doi.org/10.1371/journal.pone.0236370 .
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,2727. Al Sibani M, Al-Maqbali JS, Yusuf Z, Al Alawi AM. Incidence and Risk Factors for 28 Days Hospital Readmission: A Retrospective Study from Oman. Oman Med J [Internet]. 2022 [cited 2024 Mar 19];37(5):e423. Available from: https://omjournal.org/articleDetails.aspx?coType=1&aId=3220 .
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Os pesquisadores associaram os fatores individuais da complexidade assistencial, incluindo os problemas de saúde, funcionais e psicossociais mais amplos, com mortalidade e eventos adversos, e descobriram que a frequência destes eventos aumenta conforme o aumento dos fatores de risco2626. Adamuz J, Juvé-Udina ME, González-Samartino M, Jiménez-Martínez E, Tapia-Pérez M, López-Jiménezet MM, et al. Care complexity individual factors associated with adverse events and in-hospital mortality. PLOS ONE [Internet]. 2020 [cited 2024 Mar 19];15(7):e0236370. Available from: https://doi.org/10.1371/journal.pone.0236370 .
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. Já em uma análise de readmissões, os pacientes que necessitavam de maiores cuidados devido, por exemplo, ao mau estado funcional, necessidade de sonda de alimentação e polifarmácia foram prevalentes no grupo que reinternou2727. Al Sibani M, Al-Maqbali JS, Yusuf Z, Al Alawi AM. Incidence and Risk Factors for 28 Days Hospital Readmission: A Retrospective Study from Oman. Oman Med J [Internet]. 2022 [cited 2024 Mar 19];37(5):e423. Available from: https://omjournal.org/articleDetails.aspx?coType=1&aId=3220 .
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Ao apoiar-se em dados da literatura juntamente com os encontrados nesta pesquisa, pode-se inferir que os pacientes com grau de complexidade de cuidados semi-intensivos e intensivos estão mais propensos à reinternação e ao óbito em 30 dias. Os pacientes tornam-se complexos não apenas devido às suas múltiplas condições crônicas, mas, também por fatores socioeconômicos, culturais e ambientais2626. Adamuz J, Juvé-Udina ME, González-Samartino M, Jiménez-Martínez E, Tapia-Pérez M, López-Jiménezet MM, et al. Care complexity individual factors associated with adverse events and in-hospital mortality. PLOS ONE [Internet]. 2020 [cited 2024 Mar 19];15(7):e0236370. Available from: https://doi.org/10.1371/journal.pone.0236370 .
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. A identificação do grau de complexidade dos pacientes durante a internação possibilita a implementação do planejamento dos cuidados por toda a equipe multiprofissional, buscando a qualificação do processo de alta e de transição de cuidados2626. Adamuz J, Juvé-Udina ME, González-Samartino M, Jiménez-Martínez E, Tapia-Pérez M, López-Jiménezet MM, et al. Care complexity individual factors associated with adverse events and in-hospital mortality. PLOS ONE [Internet]. 2020 [cited 2024 Mar 19];15(7):e0236370. Available from: https://doi.org/10.1371/journal.pone.0236370 .
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-2828. Santos CE, Klug D, Losekann MV, Nunes TS, Cruz RP. Analysis of the Perroca Scale in Palliative Care Unit. Rev Esc Enferm USP [Internet]. 2018 [cited 2022 Nov 15];52:e03305. Available from: https://doi.org/10.1590/S1980-220X2017037503305 .
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No processo de transição de cuidado, a participação multiprofissional é indispensável, mas o papel do enfermeiro é fundamental na organização da alta hospitalar e na continuidade dos cuidados após a alta. As competências como cuidado integral, visão holística, facilidade de comunicação e trabalho em equipe, contribuem para que o enfermeiro identifique os pacientes que necessitam de cuidados após a alta e para que tenham papel primordial nesse gerenciamento. Tais competências também fazem com que este profissional seja o facilitador do cuidado pós-alta, pois trazem segurança e satisfação aos pacientes, evitando complicações e o retorno ao hospital2929. Guzmán MCG, Andrade SR, Ferreira A. Role of nurses for continuity of care after hospital discharge. Texto Contexto Enferm [Internet]. 2020 [cited 2024 Mar 19];29(Spec):e20190268. Available from: https://doi.org/10.1590/1980-265X-TCE-2019-0268 .
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,3030. Aued GK, Bernardino E, Silva OBM, Martins MM, Peres AM, Lima LS. Liaison nurse competences at hospital discharge. Rev Gaúcha Enferm [Internet]. 2021 [cited 2024 Mar 19];42(Spec):e20200211. Available from: https://doi.org/10.1590/1983- 1447.2021.20200211 .
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Registram-se algumas limitações do estudo. Por se tratar de uma coorte histórica, usou dados secundários coletados de prontuário. Em relação a avaliação dos desfechos em 30 dias, houve perdas, mesmo que poucas (3%). Além disso, trata-se de um estudo em um centro único, o que limita a validade externa para alguns contextos mesmo dentro do Brasil, com dimensões continentais e desigualdades regionais.
CONCLUSÕES
Os resultados desta pesquisa reforçam a importância e o impacto que a transição de cuidado tem nas reinternações e óbitos em 30 dias após a alta, pois, o grupo de pacientes que teve uma continuidade do cuidado apresentou as menores taxas de reinternação e óbito. Destaca-se que o resultado encontrado de que pacientes com cuidados mais complexos possuem maior risco de reinternação e óbito. As instituições hospitalares podem buscar a identificação desses pacientes e a partir disso, organizar a continuidade do cuidado junto aos serviços extra-hospitalares.
O estudo também reafirma a relevância que a articulação e a comunicação entre os serviços de saúde têm na qualificação e na segurança das transições de cuidados. A comunicação realizada pela gestão de altas com as equipes da RAS foi essencial para que elas se comprometessem com o seguimento dos cuidados dos pacientes que deixaram o hospital.
Os resultados positivos obtidos com o trabalho da equipe de gestão de altas, com os profissionais capacitados para a realização dessa atividade, mostram que este trabalho vem se tornando cada vez mais necessário no âmbito hospitalar, pois a atuação multidisciplinar nas transições de cuidado qualifica o processo de cuidado.
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NOTAS
-
ORIGEM DO ARTIGO
Extraído da dissertação - Elaboração e validação de checklist para alta hospitalar de pacientes adultos e idosos, apresentada ao Programa de Pós-graduação em Enfermagem - Mestrado Profissional da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre, em 2021. -
APROVAÇÃO DE COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA
Aprovado pelos Comitês de Ética e Pesquisa da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre, CAAE: 37228320.0.0000.5345, Parecer n.º 4.499.025 e do Grupo Hospitalar Conceição, CAAE: 37228320.0.3001.5530, Parecer n.º 4.540.922.
Editado por
EDITORES
Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
14 Out 2024 -
Data do Fascículo
2024
Histórico
-
Recebido
30 Ago 2023 -
Aceito
11 Jul 2024