Resumo:
O artigo analisa a presença de pretos e pardos nas tradicionais instituições de assistência aos pobres, especificamente a população assistida nos hospitais de alienados na cidade e no estado do Rio de Janeiro, da virada do século XIX para o XX. O argumento central é o de que o perfil sociocultural e racial dos doentes nessas diversas instituições vincula-se às características da sociedade em que elas estão localizadas - notadamente o processo de abolição da escravatura. O artigo apresenta uma visão geral da assistência à pobreza e suas relações com as mudanças estruturais urbanas na cidade do Rio de Janeiro; do discurso científico do médico baiano Juliano Moreira no seu esforço de afastar da sociedade brasileira os estigmas da raça e da degeneração como causas da doença mental. Por fim, a modificação do perfil racial do público atendido nas instituições de assistência no Rio de Janeiro, entre 1850 e 1919, principalmente no Hospício de Pedro II/Hospício Nacional, nas Misericórdias do Rio de Janeiro e Valença e no Hospício anexo ao Hospital São João Batista, em Niterói.
Palavras-chave:
Assistência; Alienados; Raça