Resumo:
O artigo tem como tema o saber médico produzido sobre o tabaco no contexto luso-brasileiro do Setecentos. A partir de impressos de boticários, cirurgiões e médicos, busca-se abordar as formas de apropriação do tabaco na medicina luso-brasileira do período, de modo a compreender o debate médico sobre a utilização terapêutica da planta. A partir de uma leitura dessas fontes, procura-se entender as diversas formas pelas quais o tabaco foi apropriado na medicina de tradição hipocrática-galênica e nos manuais de saúde traduzidos em Portugal após a década de 1750. A análise aqui realizada contribui para elucidar não só a circulação de saberes, mas também as singularidades dos usos de uma planta utilizada de diversas maneiras no universo cultural aqui abordado.
Palavras-chave: Tabaco; Medicina; Século XVIII; Circulação
Abstract:
The article has as its theme the medical knowledge produced about tobacco in the Portuguese-Brazilian context of the seventeenth century. Based on impressions of apothecaries, surgeons and physicians, the study seeks to address the forms of tobacco appropriation in Portuguese-Brazilian medicine in the 1700s, in order to understand the medical debate about the therapeutic use of the plant. Based on a reading of these sources, we seek to understand the various ways in which tobacco was appropriated in medicine from the Hippocratic-Galenic tradition and in health manuals translated in Portugal after the 1750s. It’s believed that the analysis carried out here contributes to elucidate not only the circulation of knowledge, but also the singularities of the uses of a plant used in different ways in the cultural universe discussed here.
Keywords: Tobacco; Medicine; 18th Century; Circulation
Dentre as plantas intercambiadas no processo de expansão marítima a partir do século XVI, as de gênero Nicotina estão entre as que mais tiveram seu cultivo disseminado. Diversas pesquisas indicam que a utilização de plantas do gênero era comum a diversas etnias do continente americano, antes do contato com os colonizadores (Conceição; Bracht; Santos, 2013). Desde sua descoberta pelos europeus, atribuída aos espanhóis, a planta se espalhou simultaneamente na Europa, África e Ásia. Na América portuguesa adquiriu um papel econômico importante, sendo sua exportação um dos principais recursos na reprodução da sociedade escravista (Acioli, 2005). O tabaco foi um dos principais produtos exóticos que se globalizaram, ao lado das bebidas alcoólicas, o chocolate, o café e o ópio, drogas modernas estimulantes da disposição mental (Carneiro, 2002).
Antes que se difundisse o hábito de usar o tabaco como fumo entre as camadas mais abastadas,1 ele foi incorporado como mezinha, prática comum entre os ameríndios, apropriada pela medicina europeia a partir do século XVI. Conforme observou Caldeira (2008, p. 19), foi pela via da “teoria e da prática médicas que o tabaco penetrou em camadas de consumidores muito diversificadas”. A sensação de bem-estar, mencionada pelos relatos da época moderna, o coloca como uma substância com propriedades medicinais, sendo incorporado aos herbários e livros médicos do século XVI (Ferland, 2007).
Não obstante alguns estudos indicarem o tabaco como mezinha no contexto luso-brasileiro, poucas análises se voltam para aspectos de seus usos na terapêutica da época de maneira mais detida. A partir de impressos relacionados à matéria médica, escritos nesse contexto, principalmente produzidos por cirurgiões e médicos, este artigo busca abordar as formas de utilização do tabaco na medicina luso-brasileira do Setecentos, de modo a compreender a utilização terapêutica da planta, seus usos e restrições. Do ponto de vista teórico-metodológico, o texto procura se amparar nas discussões sobre a circulação do saber e na crítica a uma perspectiva difusionista da ciência, alinhando-se aos estudos que a “entendem como a construção, manutenção, extensão e reconfiguração do conhecimento, com foco igualmente nos seus aspectos materiais, instrumentais, corporais, práticos, sociais, políticos e cognitivos” (Raj, 2017, p. 169). Por circulação, Kapil Raj compreende não só os processos de disseminação, transmissão e comunicação, mas “os processos de encontro, poder e resistência, negociação e reconfiguração que ocorrem em interações entre culturas” (p. 169). Dessa forma, para além dos “caminhos lineares de difusão ou de transferência, é por processos de circulação dos homens e das práticas, das informações e dos saberes, dos instrumentos e dos objetos, que as ciências e as técnicas se desenvolvem” (p. 177, destaque meu). Em perspectiva que ressalta o papel da circulação para a compreensão das práticas científicas no contexto luso-brasileiro, Heloísa Gesteira (2022, p. 42) observa: “as ciências se constituem no deslocamento de ideias, práticas, objetos e, sobretudo, na interação entre indivíduos envolvidos no processo de construção de conhecimento em áreas coloniais”.
Dessa forma, o tabaco deve ser entendido não só como uma mercadoria, mas igualmente enquanto objeto que circulou entre diferentes sociedades, sendo apropriado pelo saber médico, o qual assimilou saberes tradicionais sobre a planta e, ao mesmo tempo, atribuiu-lhe outros. No caso em específico, propõe-se mostrar como os livros de matéria médica - farmacopeias, tratados de cirurgia e medicina - que circularam no século XVIII, também incorporaram esse processo de circulação do saber sobre o tabaco, apropriando-se de elementos de universos culturais distintos: um europeu, atrelado ao colonialismo; e outro relacionado ao contexto americano e de outros territórios coloniais.
Prescrições e restrições ao tabaco
Desde o Seiscentos, a planta passou a ser objeto de diversos escritos. Um dos primeiros a atribuir valor medicinal à planta na Europa foi Jean de Nicot, embaixador da França em Portugal, por volta de 1560. Desde então se constituiu uma rica tradição tratadística. De Nicot deriva o nome botânico da planta (Nicotiana tabacum) e de seu alcaloide (nicotina) (Micheli, 2015, p. 219). Durante o século XVI, o tabaco aparece referenciado em 60 livros europeus e em 350 textos, publicados ou manuscritos, na primeira metade do século XVII (Figueiroa-Rego, 2020, p. 173). Para Francesc Xavier Belvis Costes (2010, p. 262), sua valorização médica contribuiu para sua difusão, principalmente entre as camadas mais abastadas da Europa.
No contexto ibérico, diversos foram os livros publicados na Espanha, onde o tabaco se destacava, merecendo obras específicas ou nas quais era protagonista. Dentre eles, pode-se mencionar: Bartolomé Marradón, Dialogo del uso del tabaco, los daños y provechos que el tiempo y experiencia an descubierto de sus efectos, y del chocolate y otras bevidas, publicado em Sevilha (1618); Juan de Castro, Historia de las virtudes i propiedades del tabaco, i de los modos de tomarle para las partes intrinsecas i de aplicarle a las extrinsecas (1620); Cristobal de Hayo, Las excelencias y mariuillosas propiedades del tabaco, conforme a gravissimos Autores, y grandes experiencias agora nuebamente sacadas a luz: para consuelo del genero humano (1645).
No tocante a Portugal, o tabaco, ao que se sabe, só mereceu uma obra específica. Trata-se do manuscrito de Francisco Rodrigues Cação, Invectiva contra o tabaco, em que mostrava com fundamentos sólidos ser peçonha fina, e peste encoberta (1643), ao qual não tivemos acesso. Mas, de acordo com o levantamento dos textos de matéria médica portuguesa realizado por Baudry (2017), a obra foi a única a tratar a planta de forma individual. De todo modo, referências a suas propriedades terapêuticas estão presentes em vários relatos do Seiscentos. A exemplo de Gabriel Soares de Souza e do religioso capuchinho Ivo d’Evreux, que dissertaram sobre a erva, escreveram também os jesuítas, com destaque para um escrito assinado pelo padre Leonel de Sousa “Virtude da Erva Santa que é o tabaco”, que integra o manuscrito Breve compendio de várias receitas de medicina. Conforme demonstrou Ana Viotti, no estudo que dedicou a esse testemunho, no registro dos jesuítas tratava-se de uma erva com várias propriedades medicinais, como as curativas e purgativas, e que podia ser usada em diversos preparos de medicamentos (Viotti, 2020). No contexto em que o manuscrito foi produzido, os próprios ameríndios faziam amplo uso da planta, fosse para fins de sociabilidade, fosse parte de seu universo religioso/mágico, ou para fins terapêuticos, como o combate a parasitas (Conceição; Bracht; Santos, 2013, p. 126-127).
No Setecentos, será das penas de um jesuíta que sairá uma das referências aos usos medicinais do tabaco. Em Cultura e opulência do Brasil, André José Antonil ocupou-se de não apenas contemplar seu processo de plantio e beneficiamento, como lhe dedicou um capítulo, em que versou sobre os males e as virtudes que ouvira sobre o tabaco. Antonil menciona o termo “erva santa” como de uso comum entre os homens que não podiam viver sem ela, “cachimbando em casa, e nos caminhos”, mascando suas folhas, “enchendo os narizes deste pó”. Embora nenhum uso fizesse do tabaco, o jesuíta menciona ter “ouvido dizer” que bebido de manhã e de forma moderada, dissecava as “humidades do estômago”, ajudava a digestão e a evacuação diária, aliava o peito de quem padecia de fluxo asmático, além de diminuir a dor dos dentes. Apesar disso, considerava que, pela “demasia com que se toma, o tabaco passava de mezinha a vício” (Antonil, 1711, p. 118).
Como se percebe, Antonil se volta mais para os aspectos morais dos usos do tabaco, do que para seus supostos efeitos benéficos à saúde corporal. Cabe lembrar que diversas drogas do Novo Mundo, com propriedades curativas e ligadas ao êxtase e à produção do prazer, foram objeto de um enquadramento disciplinador por parte da Igreja católica e por moralistas, que as repreendiam como vício.2
Entretanto, a despeito de restrições a seu consumo, houve maior tolerância em relação ao tabaco, quando comparada a outras plantas da América. Em artigo no qual analisa as razões pelas quais certas plantas foram objeto de condenação e outras aceitas no mundo católico, Henrique Carneiro (2004, p. 107) atribuiu essa relativa aceitação às especificidades que o tabaco tinha “como estimulante do estado de vigília e, portanto, útil, assim como o chá e o café, para as necessidades de ampliação da produtividade laboral”. Desse modo, seu caso é singular, pois não houve outra planta da América com efeitos narcóticos tolerada de tal maneira.
As informações disponíveis sobre o tabaco podem ser localizadas em registros impressos relacionados às artes de cura no período, a exemplo das farmacopeias, que consistiram em “um inventário de drogas, de operações farmacêuticas e de formulários”, com o propósito de sistematizar a medicação (Pita; Ferreira, 2012, p. 235). Um dos primeiros textos em que localizamos referência ao uso medicinal do tabaco foi Farmacopeia lusitana reformada (1711),3 do médico português Caetano de Santo Antonio. Escrito em forma de verbetes, o livro inclui no rol de suas receitas o xarope de Nicociana simples. O autor se refere à erva pelos seus nomes vulgares, “erva santa” ou tabaco, e o preparado do xarope era feito com a erva pisada e espremida, obtendo-se o sumo que depois seria depurado pelo fogo e depois coado. De acordo com a Farmacopeia, o xarope era tanto “vomitivo”, quanto servia para asma, purgativo do cérebro e estômago e para as obstruções do baço (Antonio, 1711, p. 157). Do tabaco também podiam ser obtidos outros remédios simples e compostos, a exemplo do “óleo de erva santa”, feito com o sumo da planta e com azeite, e indicado para dissipar os tumores. Outra indicação era o “unguento de tabaco”, composto de folhas verdes da erva com manteiga de porco, prescrita para limpar as chagas, curar a sarna e toda “comichão cutânea” (Antonio, 1711, p. 375, 423). No caso do unguento da erva santa, Caetano de Santo Antonio cita Nicolás Lémery (1645-1715), boticário francês natural de Rouen, a quem se atribui a introdução da química na farmácia, influenciando diversas farmacopeias entre os séculos XVII e XVIII (Pita; Ferreira, 2012, p. 234).
D. Caetano de Santo Antonio fundamentou-se em diversos autores consagrados, recorrendo a “autores clássicos tanto autores árabes como europeus, cerca de 100”, tais como Amato Lusitano, André Laguna, Avicena, Cristóvão da Costa, Dioscórides, Duarte Madeira, Galeno, Gabriel Falópio, Garcia de Orta, João Curvo Semedo, João de Vigo, Luís de Oviedo, entre outros. De acordo com João Rui Pita e Ana Leonor Ferreira (2012, p. 248), “Nicolas Lémery, um autor que tutelava na época a medicação química não é referido”. Os autores talvez estejam se referindo à primeira edição da Farmacopeia lusitana, pois é possível localizar algumas alusões e citações de Lémery na edição de 1711, incluindo o unguento à base de tabaco.
A referência a esse preparo também aparece na Farmacopeia tubalense químico-galênica, do boticário Manoel Rodrigues Coelho, cujo primeiro volume foi publicado em 1735, e o segundo, em 1751. Outros compostos à base de tabaco, atribuídos a Lémery, também são mencionados, a exemplo do emplastro de tabaco. Este, além da planta, incluía resina, sebo de carneiro e cera amarela (Coelho, 1735, p. 710).
Antes do isolamento da nicotina, em 1828, o tabaco irá frequentar diversas farmacopeias. Exemplo é Farmacopeia química, médica e cirúrgica (1805), do farmacêutico da Casa Real, Antônio José de Sousa Pinto, que arrola as diversas propriedades da erva santa: “antiespasmódica, emética, purgante, esternutatória, salivatória, odontálgica e irritante”. Ainda era útil na “hidropisia tisica, nas obstruções, e em algumas afecções da cabeça, moléstia de olhos, nas úlceras, chagas etc.” (Pinto, 1805, p. 67).
A inclusão do tabaco a essas farmacopeias representou uma incorporação das drogas de origem americana à farmácia de tradição galênica e química. Em razão das limitações de acesso ao receituário europeu nos enclaves comerciais, boticários, cirurgiões e médicos se mostravam flexíveis e se apropriaram de diversas drogas originárias das novas rotas comerciais, como a quina, a ipecacuanha, o guaiaco, a salsaparrilha, o café, o tabaco, o cacau (Pita; Ferreira, 2012, p. 234; Walker, 2013).
Para além das farmacopeias, o tabaco foi ingrediente de diversos remédios indicados por boticários, cirurgiões e médicos, ofícios ligados ao saber médico do século XVIII.4 Dentre os boticários, uma referência importante é Jean Vigier, boticário francês que fixou residência em Lisboa. Comerciante de remédios, era também autor e tradutor de livros científicos, tais como História das plantas da Europa, e das mais usadas que vem de Asia, de África, & da América (1718), e Tesouro apolíneo, galênico, químico, cirúrgico (1714) (Luna, 2016). Vigier (1714, p. 99), faz menção a diversas propriedades terapêuticas do tabaco, embora advirta que do “tabaco de fumo” não se deve usar “sem causa de Achaque”.
Entre os médicos, João Curvo Semedo também incorporou as mezinhas à base da planta em seus receituários. Formado na Universidade de Coimbra por volta de 1661, foi um dos “principais divulgadores da farmácia química, sempre conjugada com a tradição hipocrático-galênica nas suas principais obras”, tais como Polianteia medicinal (1716) e as Observações médicas doutrinais (1707), obras destinadas à “instrução de praticantes das artes de cura segundo os preceitos da sua longa experiência clínica no reino” (Freitas, 2022, p. 5). Na Polianteia, obra que contou com várias edições, o tabaco é recomendado para diversas ocasiões: falta de memória, “despejar as fleumas que vêm à cabeça”. Em cachimbo era útil para a asma e acidentes uterinos. Possuía ainda efeito vomitivo (Semedo, 1716, p. 865).
Curvo Semedo foi um dos principais médicos portugueses da primeira metade do Setecentos. Suas obras exerceram influência sobre diversos doutores lusitanos, a exemplo de Brás Luís de Abreu e Francisco da Fonseca Henriques.5 No caso de cirurgiões, as obras de Semedo são mencionadas no Erário mineral (1735), tratado do cirurgião Luís Gomes Ferreira, considerado referência das práticas médicas cirúrgicas na América portuguesa. Gomes Ferreira reproduziu vários remédios que se encontram em Semedo. Um deles é a indicação do tabaco para asma, que está no livro Atalaia da vida contra as hostilidades da morte (1720): “tomado no cachimbo por muitos dias depois de dormir, e antes de comer, não só cura a asma de causa fria, mas preserva dela, e desobstrui a sustância, e brônquios do bofe” (Semedo, 1720, p. 55). Gomes Ferreira (1735, p. 143) reproduziu ipsis litteris a indicação de Semedo. Tais aspectos indicam como informações acerca das propriedades do tabaco circulavam no interior dos próprios textos de matéria médica do período. Médicos e cirurgiões como os citados acima eram agentes de disseminação do conhecimento farmacológico das plantas da América portuguesa, dimensão que vai ao encontro da perspectiva atenta para o papel que a circulação de homens e informações tiveram na constituição do conhecimento do período (Gesteira, 2022).
Essa construção do saber se dá também pela apropriação de conhecimentos não sistematizados, como indica o Erário mineral. Embora se inspire amplamente no repertório médico de sua época, o tratado não se reduz à compilação dos médicos portugueses ou dos textos hipocráticos-galênicos. O cirurgião se notabilizou por conciliar os saberes oriundos da tradição médica vigente com o saber construído por meio de observações locais, incorporando drogas indígenas e saberes da região. Apesar de várias alusões a Semedo e a outros doutores lusos, a partir de sua experiência como cirurgião na capitania das Minas, onde exerceu durante anos seu ofício, ele pôde divulgar vários remédios que eram “invento do autor”.6
Um desses inventos foi um remédio para lombrigas, composto que levava em seu preparo uma erva muito comum na região das Minas, a erva-de-santa-maria, e outros ingredientes, como azeite de mamona, pó de açafrão e de tabaco (Ferreira, 1735, p. 9). Além desse, várias receitas no Erário incluíam o tabaco, como a prescrição para lavar cancros com sua erva cozida (Ferreira, 1735, p. 216).
Nos compêndios médicos-cirúrgicos impressos em Portugal, localizamos poucas menções a restrições impostas ao tabaco enquanto mezinha. Além do já citado manuscrito de Rodrigues Cação, no tratado Medicina lusitana (1710), de Francisco da Fonseca Henriques, médico de D. João V, pode-se encontrar algumas objeções ao consumo médico da planta como mezinha. O médico alertava para o fato de que muitas pessoas empregavam o tabaco para a cura da tinha - doença que ataca a pele e o couro cabeludo. Mas o pó daquela erva lançado à cabeça podia embriagar os homens, bem como provocar desmaios e ânsias (Henriques, 1710, p. 174). Entretanto, no mesmo livro, Fonseca Henriques (1710, p. 188) reconhecia alguns remédios salutares à base do tabaco, dentre os quais constava um unguento para matar os piolhos.
Outro médico que tratou do uso excessivo do tabaco foi José Rodrigues de Abreu, autor da Historiologia médica, fundada e estabelecida nos princípios de George Ernesto Stahl, publicada entre 1733 e 1739.7 A exemplo de Gomes Ferreira, Rodrigues de Abreu esteve no Brasil, percorrendo o Rio de Janeiro, a serra de Santos e a província de Minas, de onde extraiu observações sobre as plantas e ervas usadas naquelas paragens. Ao tratar da Nicociana, observa que ela não deveria ser aplicada “sem necessidade” para vomitar. Fundamentando-se nas ideias animistas de Stahl,8 Rodrigues de Abreu menciona a diferença dos efeitos do tabaco entre homens com distintos temperamentos. Nos débeis e sensíveis e ociosos, a erva provocava perturbações, “não só nas suas funções vitais e animais”, enquanto nos “robustos, suculentos e catarrosos” não causava “nenhum dano visível o seu abuso”. Entretanto, Rodrigues de Abreu registrou o uso cotidiano da planta e não deixou de mencionar suas virtudes. Um escravo em 1710 teve parte de seu braço amputado em um engenho, na região das Minas. Para curar a chaga, usaram de um emplastro de folhas de tabaco verdes e pisadas e Rodrigues de Abreu viu “aquela horrorosa chaga em termos de compor-se com brevidade”. O médico menciona ainda, seguindo Curvo Semedo e Fonseca Henriques, o uso do unguento de tabaco para “matar os bichos” que se encontram na cabeça (Abreu, 1739, t. II, p. 34-35).
Esse breve inventário das obras que incorporaram o tabaco como mezinha para os diversos males do corpo não tem por finalidade apenas referenciar tais obras, mas sim indicar como as prescrições do tabaco circularam na medicina da época. Quanto às explicações que fundamentam seu emprego na terapêutica, com a exceção do Historiologia médica, a inclusão do tabaco nos impressos do Setecentos ocorria no âmbito da medicina de tradição hipocrático-galênica e da polifarmácia, que incluía não só ervas e plantas, mas também animais, excretos do corpo humano e substâncias químicas, em consonância com uma concepção simbólica do corpo, a partir das ideias de simpatia, antipatia e equilíbrio. “A saúde do organismo era entendida como harmonia das faculdades (o seco, o frio, o quente, o amargo, o doce etc.) enquanto a doença era explicada como predomínio de uma qualidade ou sua diminuição” (Abreu, 2021, s.p.). Em tal perspectiva, a saúde dependia do equilíbrio dos humores corporais, o que era obtido a partir de sangrias, sanguessugas e outras drogas (Carneiro, 2002, p. 41-68; Ribeiro, 1997, p. 73). Decorrem daí os efeitos atribuídos ao tabaco de restituir a saúde, por ser considerada uma substância que, entre outras propriedades, era vomitiva e purgativa. Nessa concepção, o fumo quente e seco do tabaco contribui para secar os humores frios e úmidos do corpo humano e, pela abertura dos poros e dutos do corpo, permite evitar as obstruções que causam as enfermidades (Ferland, 2007, p. 29).
Cabe observar que diversas virtudes atribuídas ao uso do tabaco nesses registros encontravam correspondência entre os indígenas, embora fosse incorporada em outra lógica cultural. Conforme Ivo d’Evreux registrou em sua viagem ao Maranhão entre 1613 e 1614, os índios traziam sempre na boca “a erva do Petun, (tabaco ou fumo)”, cujo fumo “expelem pela boca e narinas com intenção de secar as humidades do cérebro e as vezes o engolem para limpar o estomago de cruezas que saem por meio do arroto” (Viagem..., 1874, p. 99). Esses aspectos foram constituintes da prescrição do tabaco, como se tentará mostrar a seguir.
O tabaco nos manuais de conservação de saúde
Até meados do século XVIII, compêndios que saíram da lavra de boticários, cirurgiões e médicos em Portugal incorporaram saberes locais indígenas e das populações regionais da América portuguesa. A partir de meados do Setecentos, há uma voga de textos de matéria médica que procuravam divulgar a medicina de forma mais ampla para a população9 e passaram a associar o tabaco a outras necessidades. Esses manuais buscavam formular preceitos que fossem de fácil alcance a todos, ou recorriam a intermediários para difundir esses conselhos, tais como clérigos e cirurgiões (Marques, 2004). Um desses livros foi O homem médico de si mesmo, ou ciência, e arte nova de conservar cada uma a sua saúde (1760), de um médico de Santarém, João Pedro do Monte. O objetivo da obra era que os homens seguissem preceitos para conservar a saúde, acautelando-se de males futuros (Monte, 1760, p. 22). Para o médico, o tabaco era “muito proveitoso para os homens que continuamente estudam e compõem”. Em razão de seus esforços mentais e das partes excrementais, que pelo paladar e nariz deveriam ser evacuadas, tudo se facilitava com o tabaco. Entretanto, o médico advertia que seu consumo deveria se restringir apenas aos homens doentes (p. 115).
Os escritos destinados a tratar de determinados ofícios e ocupações, como a de escritores, tornavam-se parte de uma nova pedagogia sobre o corpo, que procurava combater a ociosidade e práticas que debilitassem a saúde por meio de adoção de certos preceitos e regras (Barreiros, 2016, p. 92-93). Em Aviso a los literatos y a las personas de vida sedentaria, sobre su salud, livro de Tissot que não chegou a ser traduzido em Portugal, além da crítica ao uso demasiado de determinadas bebidas, se fazia alusão ao tabaco como “outro modo de embriagar-se” (Tissot, 1771, p. 117).
Todavia, no Aviso ao povo acerca da sua saúde, livro com diversos volumes, traduzido em Portugal por Henriques de Paiva,10 Tissot procurava relativizar os danos causados pelo tabaco e chegou a indicá-lo para o tratamento de algumas doenças ou males, como para as dores de dente, pois os “remédios acres”, como o tabaco de fumo, faziam salivar e evacuar uma parte do “humor”, que causa a moléstia. A planta entrava ainda no tratamento da “paixão ilíaca ou cólera morbo”, doença que se manifestava pela “constipação do ventre” e, em alguns, formava um “tumor duro” em torno do ventre. Caso os meios prescritos para debelar a doença, como laxantes, sangrias e banhos mornos, não adiantassem, era indicado uma “ajuda de fumo de tabaco” (Tissot, 1786, p. 195-196).
O livro de Tissot seguia muito de perto o de Bernardino Ramazzini (2016), De morbis artificum diatriba (1700), publicado em Modena, Itália, que se destinava a tratar das doenças de vários ofícios.11 No livro, o médico italiano tratou em específico das doenças de trabalhadores de fumo no capítulo “De morbis tabaccoerum” (Das doenças do tabaco). Além de apontar malefícios sofridos pelos trabalhadores que lidavam com a planta, menciona os autores contrários a seu consumo, a exemplo de Teófilo Bonet,12 que fazia “referência a numerosas autópsias, nas quais se descobriam graves perturbações ocasionadas nos pulmões e no cérebro não só pela fumaça como também pelo pó do tabaco”. Entretanto, Ramazinni pondera que o tabaco merecia “seu lugar entre as plantas medicinais; somente há de condenar-se seu consumo exorbitante e intempestivo” (Ramazinni et al., 2016, p. 102).
Um dos propósitos dessa literatura médica que se desenvolve a partir da segunda metade do Setecentos era não só instruir sobre os meios de conservar a saúde, como também atentar para os riscos de acidentes e instruir sobre os socorros às vítimas de afogamento, diante do risco de serem enterradas ainda em vida (Marinozzi et al., 2012, p. 122; Carol, 2015). No contexto lusitano, foram traduzidos diversos opúsculos com essa finalidade. Dentre os tradutores, um dos principais em Portugal foi Henriques de Paiva (1790, p. 4), que verteu para o português o Método de restituir a vida às pessoas aparentemente mortas, de 1790, recomendado pela Sociedade Humana de Londres, obra oferecida ao público com os devidos acréscimos e alterações. A tradução foi encomendada por Pina Manique, intendente geral da polícia que, a partir de 1760, tornou-se um dos promotores de várias reformas no intuito de promover ações sanitárias e de saúde pública em Portugal (Abreu, 2013, p. 359-360).
Nesses impressos, além das medidas e procedimentos que envolviam os socorros ministrados aos afogados - introdução do ar pelas narinas, fricções no peito, picar o afogado com alfinete, usar a sangria após avaliação do médico, abertura dos brônquios -, preconizava-se uma forma de aplicar o tabaco que, aos olhos da ciência contemporânea, seria inusitada: a utilização do tabaco, fosse por meio de máquinas fumigatórias, por enemas ou clisteres pelo reto, com a finalidade de energizar e reativar os órgãos internos devido a suas propriedades irritantes (Marinozzi et al., 2018).13 Além das máquinas fumigatórias, os médicos desenvolveram aparatos específicos para realizar o procedimento. No Discurso medico practico sobre el modo de socorrer, y revocar a sus sentidos a los ahogados, ahorcados, o médico do claustro da Universidade de Valença, Christoval Fabregat, inventou um mecanismo para essa finalidade. Quanto ao método, Fabregat (1755, p. 7) afirmou: “Entre todos los socorros que se pueden administrar à los ahogados, ninguno es tan eficaz como el humo del tabaco in troducido à los intestinos por medio de esta màquina; cuyo remedio es igualmente utilisimo para los que adolecen del vol vulo, y de hernias encarceladas”.
Em Portugal, essas máquinas foram adquiridas em 1789 por Pina Manique, para serem usadas pelo Hospital Real e o Militar, pela Casa Pia e casas religiosas (Abreu, 2013, p. 357-358). A Academia de Ciências de Lisboa publicaria em 1790 um pequeno opúsculo no qual, além de se aconselhar sobre medidas a serem tomadas no caso de afogamento, descrevia-se a utilização da máquina fumigatória:
Para isto encha-se de tabaco, que se deve humedecer antes, estando seco, sem o que se consumiria muito depressa, e o pouco fumo que faria não teria atividade: e acendendo-se com pano, ou com uma brasa, quando se veja que faz bastante fumo, unindo-lhe o fole, e a Cânula fumigatória Flexível em cuja extremidade se fixa um bico, que se introduz no ânus, se faz assoprar o fole, e por este modo entra o fumo pelos intestinos do afogado (Avisos..., 1790, p. 10).
Alguns livros impressos em Portugal no contexto do Reformismo Ilustrado tinham a finalidade prática de preservar a vida das populações em Portugal e nos domínios ultramarinos. Essa literatura estava em consonância com os princípios da polícia médica, segundo os quais a manutenção da vida das populações incidia sobre a riqueza do Estado (Mantovani, 2018). Uma das obras que se inseriam nessa perspectiva é o Aviso à gente do mar sobre a sua saúde, do médico francês Mauran (1794), traduzido pelo cirurgião da armada lusa Bernardo José de Carvalho. Seu propósito ao fazer a tradução foi contemplar as doenças da gente do mar, tão preciosa ao Estado de Portugal, que tanto precisava da navegação para se “comunicar com suas colônias” (Mauran, 1794, s.p.).
No compêndio, um dos capítulos versa sobre os “meios que se deve empregar para trazer à vida os afogados”. Nele, o médico indicava que, caso todos os recursos não bastassem, era preciso a “introdução do fumo do tabaco pelo ânus”. Segundo a explicação dada, o fumo tinha algo de “nauseoso” e de penetrante, “picava o canal com um calor suave e duradouro, vencendo os obstáculos impostos às mezinhas”. Mauran observa que a aplicação do tabaco nos marinheiros vítimas de afogamento era fácil. Era um recurso acessível, pois os marinheiros traziam o tabaco em abundância, e quase todos tinham o costume de cachimbar ou mascar o tabaco, inclusive utilizando-o para preservar-se do escorbuto, uma das doenças que mais acometiam os trabalhadores do mar.14 O médico afirmava ainda haver outros meios de introduzir o tabaco pelos intestinos, fazendo alusão aos cachimbos fumigatórios que se achavam nos armazéns da França, estabelecidos para socorrer os afogados (Mauran, 1794, p. 338).
Na medicina europeia, a despeito de algumas exceções, os médicos se entusiasmaram com o uso dessa técnica, sendo vários os registros que testemunhavam os sucessos alcançados pelo procedimento (Figueiroa-Rego, 2020, p. 179-181). Por um lado, é inegável que diversos manuais de divulgação introduziram a concepção de que o tabaco possuía propriedades de garantir socorro aos afogados; por outro, o uso de clisteres era uma prática que encontrava respaldo em saberes oriundos de outros contextos culturais. De acordo com Demerson (2001, p. 50), no início do século XVII os povos da Acádia tinham por costume encher a bexiga de um porco ou uma tripa grossa com fumaça de tabaco e, usando as mãos, a introduziam no intestino do afogado por meio de uma cânula.
Apesar do isolamento da nicotina em 1828 e da descoberta de que se tratava de um alcaloide com propriedades nefastas à saúde, ainda era comum encontrar indicações para usar a insuflação do tabaco pelo reto (Charlton, 2004, p. 294). Desse modo, ao longo do século XIX essa técnica ainda persistiu, apesar de vários estudos apontarem os efeitos perniciosos da nicotina sobre o organismo (Doyle, 2005). No contexto geográfico aqui contemplado, a insuflação do tabaco nesses padrões está presente, por exemplo, no livro de José Ferreira de Macedo Pinto, que ocupava o posto de lente de medicina legal, higiene pública e polícia médica, na Universidade de Coimbra. Segundo o autor, quando a “aplicação bem dirigida de todos estes meios por espaço de meia hora não der resultado, convém recorrer a outros mais energéticos. A insuflação pelo ânus do fumo de tabaco por meio de aparelho fumigatório é muito aconselhada” (Pinto, 1862, p. 91). Tal recomendação seria repetida no Tratado de higiene naval, de Fonssagrives (1862, p. 264) ao discorrer sobre os socorros médicos a serem aplicados aos afogados. Do ponto de vista da história da ciência, explicar a permanência de tais práticas não é tarefa fácil, na medida em que, desde meados do século XVIII, a anatomia patológica apresentava os indícios das correlações entre doenças respiratórias e o tabagismo (Marinozzi et al., 2018).
Considerações finais
Ao longo deste artigo, buscamos contemplar as prescrições medicinais do tabaco e de que formas ele foi apropriado pela medicina luso-brasileira do Setecentos. De produto relevante nas trocas comerciais e no comércio de escravos, o tabaco tornou-se mezinha incorporada nos registros de boticários, cirurgiões e médicos que foram impressos em Portugal no Setecentos. A partir da década da segunda metade do século XVIII, em território luso, a planta passa a ser difundida na literatura médica por meio de obras que foram traduzidas e estavam relacionadas ao esforço de difundir preceitos de higiene em sintonia com as transformações da Ilustração. Não obstante o recurso ao tabaco como mezinha fosse objeto de críticas quanto a seus abusos e alguns estudos já apontassem alguns males causados pelo tabaco, as fontes levantadas sobre o assunto indicam que, no decorrer do Setecentos, nenhum trabalho chegou a condená-lo totalmente. Além disso, os manuais de divulgação incorporaram usos e prescrições que não remontavam ao universo das Luzes, ou mesmo letrado, mas sim a tradições das culturas populares e tradicionais do corpo, que foram apropriadas pelo saber médico da época. As fontes aqui analisadas apontam para uma circulação de saberes em torno do tabaco e os diversos significados que a planta assumiu em universos culturais distintos. Os compêndios de farmácia, cirurgia e medicina contribuíram para que esses conhecimentos fossem difundidos no contexto luso-brasileiro, podendo ser vistos como produto de interações entre homens e saberes sobre a planta. Consideramos que tais registros são relevantes para a compreensão das singularidades das práticas e discursos científicos do passado. Estudos sobre plantas como o tabaco e outras oriundas do processo de colonização podem contribuir para pesquisas que procuram romper com uma visão eurocêntrica e difusionista desses saberes que se constituíram sobre as plantas.
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1
O tabaco foi consumido nos países europeus de diversas formas, abrangendo desde o uso de pipas de cerâmica, até o consumo em luxuosas caixas de rapé adornadas com ouro. Além disso, havia também o hábito, entre soldados e marinheiros, de mascá-lo (Ferland, 2007, p. 31-34).
-
2
A despeito da condenação de caráter moralista, o tabaco foi amplamente consumido em mosteiros e conventos em países como a Espanha (Figueiroa-Rego, 2020, p. 165-172).
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3
Trata-se de uma das edições da Farmacopeia lusitana, reimpressa em 1711, 1725 e 1754, sendo a primeira “farmacopeia redigida em português, por um boticário português e publicada em Portugal” (Pita; Ferreira, 2012, p. 240-247). A grafia das fontes utilizadas no decorrer do texto foi atualizada.
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4
Esses ofícios guardavam distinções no Setecentos. O médico geralmente diagnosticava a doença e prescrevia medicamentos, os cirurgiões se incumbiam de operações manuais, enquanto o boticário estava encarregado de preparar combinação dos ‘simples’, ou seja, “os ingredientes, de origem vegetal, animal ou mineral, que entravam nas composições farmacêuticas, de acordo com a prescrição dada pelo médico”, bem como comercializar remédios (Luna, 2016, p. 222). Cabe ressaltar que, na prática, muitas vezes, a especificidade desses ofícios não era respeitada, sendo vários os médicos que também comercializavam remédios e os cirurgiões que exerciam o papel de médicos (Marques, 1999).
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5
O médico português Brás Luís de Abreu (1726, p. 220). considerava Curvo Semedo “ministro da eterna memória de nossa monarquia pelos sucessos, e escritos práticos com que imortalizou a sua fama”. Francisco da Fonseca Henriques (1710, p. 17) também faz diversas menções ao receituário de Semedo, conforme se vê na Medicina lusitana.
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6
Sobre o Erário mineral e a trajetória de Luís Gomes Ferreira, ver a respeito o estudo que consta na edição crítica da obra (Furtado, 2002).
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7
José Rodrigues de Abreu acompanhou a comitiva do governador Antônio de Albuquerque, que permaneceu no Brasil entre 1705 e 1713. Diferentemente da perspectiva hipocrática, Rodrigues de Abreu se assentava em grande medida nas teorias de “espírito vital” de Ernest Stahl. Sobre Rodrigues de Abreu e as apropriações que faz do “vitalismo” de Stahl ver o trabalho de Furtado (2003).
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8
Um dos nomes ligados ao vitalismo francês, a concepção animista de Stahl estabelecia que a alma regeria tanto o estado de saúde quanto o de doença, não havendo qualquer diferença qualitativa entre ambos os estados. As ideias animistas de Georg E. Stahl (1659-1734) foram levadas de Halle a Montpellier por François Boissier de Sauvages (1706-1767) e incorporaram-se a uma das tendências do vitalismo, que congregava diferentes correntes de pensamento, mas que tinham em comum a oposição ao modelo fisiológico do corpo-máquina. Para uma análise mais específica do tema ver o trabalho de Waisse, Amaral e Goldfarb (2021).
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9
Sobre os manuais de medicina, ver, dentre outros, o livro organizado por Porter (2001).
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10
As traduções de textos estrangeiros - notadamente franceses e ingleses - em Portugal, passam a integrar um complemento à produção médica e se constituíram em um relevante mecanismo de circulação e transmissão de ideias. Tais livros pretendiam difundir novos hábitos de higiene e servir de instrução a diversos estratos da população, como trabalhadores, marinheiros, cirurgiões e camponeses, em consonância com a renovação do saber médico luso, a partir da segunda metade do Setecentos e o intuito de reformar o campo da saúde pública em Portugal entre 1780 e 1805. Manoel Joaquim Henriques de Paiva foi um dos principais tradutores de livros estrangeiros e teve um papel relevante na difusão das ciências em Portugal naquele contexto (Marques, 2004; Abreu, 2013; Denipoti, 2017).
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11
Ramazinni é considerado um dos primeiros autores a se voltar para as doenças causadas pelo trabalho, entre os que trabalhavam na indústria do tabaco. O estudo das ocupações médicas ligadas ao tabaco foi objeto de outras obras na Itália, a exemplo de Berruti (1796-1870), professor de fisiologia experimental na Universidade de Turim, autor do estudo Sull’uso del tabacco e sulla sanità degli operai che lavorano nelle fabbriche di tabacco (1842) (Marinozzi et al., 2018, p. 176).
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12
Theophile Bonet (1620-1689) foi o primeiro autor a apontar a patogenicidade do tabaco, com base nos estudos de anatomia patológica. Apesar disso, somente no século XIX se desenvolve uma discussão mais generalizada sobre o tabagismo (Marinozzi et al., 2018, p. 174).
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13
No caso das máquinas, esses equipamentos já eram utilizados em países como Holanda, França e Inglaterra, por sociedades humanitárias criadas para socorrer os afogados (Demerson, 2001, p. 51; McCabe, 2019). Para o contexto lusitano, ver a respeito o estudo de Abreu (2022).
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14
Sobre as doenças que mais acometiam os marinheiros e os tratamentos do escorbuto, ver o trabalho de Rodrigues (2005, p. 262-268).
Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
30 Ago 2024 -
Data do Fascículo
2024
Histórico
-
Recebido
03 Set 2023 -
Aceito
06 Dez 2023