Resumo:
Lisboa, ao longo do século XVI, firmava-se como uma das cidades mais importantes da Europa. Era o efervescente centro onde, a par do comércio e de negócios que marcavam relações, dinâmicas e paisagens, desenrolavam-se histórias de mulheres, como a de Maria Fernandes, cristã-nova, regateira, vendedora de cebolas, alhos e laranjas na Ribeira e moradora no beco da Tinturaria. Seu processo é singular, pois mesmo tendo sido presa e acusada de judaísmo, “crime” para o qual eram imputadas severas penas, foi sentenciada em um auto da fé com determinação de soltura após o pagamento de termo de fiança por Francisco Fernandes, cristão-novo, mercador de livros. Tomando aspectos do processo inquisitorial de Maria Fernandes, este artigo entrelaça dois cristãos-novos em uma história de solidariedade, frente à tensão provocada pelas ações do Tribunal do Santo Ofício.
Palavras-chave:
Inquisição; Mercador de livros; Cristãos-novos