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Tempo
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1413-7704
1980-542X
EdUFF - Editora da UFF
Abstract:
The article aims to discuss the experiences of the first clubs of turf and rowing structured in Niterói (decades of 1870-1880). Specifically, it is intended to address the articulation of these initiatives with the forging of an idea of capitality for the city. The two modalities were chosen because, in the world and in Brazil, they were pioneers in the conformation of the sports field. In the analysis/interpretation, it was taken into account that such associations appeared in the final moments of a first cycle of modernization of Niterói, begun with its assumption to the condition of capital (1834), ended when it lost so much of its territory (with the autonomy of São Gonçalo) and, due to the impacts of the Revolta da Armada, for some years the political-administrative centrality of the state (1890s). To reach the goal, were used as sources magazines and newspapers published in the city and in Rio de Janeiro in the period.
Introdução
Os trabalhos históricos que se realizam voltados para sociedades menores não devem significar o abandono do interesse pelo conjunto (...). O importante é detectar a especificidade das respostas ao sistema, identificar as falsas generalizações e oferecer à análise e à crítica histórica mecanismos de controle mais amplos e eficientes (Martins, 1997, p.229).
Há pouco escrito sobre a história do esporte em Niterói, cidade que foi, durante quase 140 anos, capital da província/estado do Rio de Janeiro, desde 1834 - quando se estabeleceu o Município Neutro da Corte (Brasil, 1834) - até 1975, quando foi extinto o estado da Guanabara (criado em 1960, no momento em que a capital do Brasil foi transferida para Brasília) (Brasil, 1974).1
Isso, por si só, não é suficiente para justificar a realização de uma investigação sobre o tema. Muitas cidades espalhadas pelo Brasil também não tiveram sua história esportiva pesquisada. Não se trata, obviamente, de dizer que exista algum assunto que mereça ser negligenciado. Apenas estamos sugerindo que o estudo se tornaria mais interessante se aportasse alguma contribuição para uma reflexão mais ampla, a partir de algo que tenha a ver com a peculiaridade do tempo-espaço investigado.
Vale ter em mente que a forte conexão entre esporte e processos de urbanização nos permite sugerir que o estudo de um oferece oportunidades de lançar luz sobre o outro.2 Além disso, há que se considerar que a conformação do campo esportivo historicamente teve relação com o forjar de uma condição de capitalidade, usualmente encarada como uma intenção vinculada à adoção (ou pelo menos o desejo de adoção) de ideias de progresso e padrões civilizatórios que, no século XIX, se espraiaram desde a Inglaterra e a França para o mundo como desdobramentos das Revoluções Industrial e Francesa (Melo, 2010a). Promover iniciativas ligadas à prática foi (e tem sido), de um lado, decorrência e, de outro, estratégia para configurar a centralidade de uma cidade, suposta expressão de certa superioridade e protagonismo.3
Nesse sentido, o estudo do esporte na trajetória de Niterói seria tema de interesse, já que a cidade passou por importantes processos de urbanização e de assunção de uma condição de capitalidade. Pensando na preservação da memória local, isso seria mais óbvio. Os fatos, personagens, conquistas e realizações esportivas são usualmente mobilizados no processo de forjar identidades, em geral representados como indicadores do valor dos habitantes e do sucesso de determinados projetos políticos.
Essa memória tem mesmo uma função política que merece ser levada em conta. Como sugere Costa (2014, p.11), ao discutir a importância de preservar o centro histórico de Niterói:
Ao provocar a reflexão dos cidadãos quanto a seu espaço de vida, de rotina, e resgatar a memória social e a autoestima, acaba-se de alguma forma favorecendo a reapropriação do espaço urbano e de seu tecido mais antigo. Além disso, promovem-se a investigação dos bens patrimoniais e sua repercussão no imaginário local, contribuindo para a criação de imagens, identidades e espaços de existência e felicidade para a cidade e seus cidadãos.
Para além dessa importância, a investigação de Niterói teria um potencial mais amplo, no sentido de permitir lançar olhares mais ambiciosos sobre os diferentes modelos de desenvolvimento esportivo? O estudo do esporte poderia contribuir para pensar os processos de urbanização e a trajetória da capital fluminense? Qual seria a especificidade dessa cidade que nos incentivaria a entabular esforços mais aprofundados de pesquisa?
A propósito, por que Niterói mereceu tão poucos estudos sobre o esporte, esse fenômeno tão importante já no Brasil do século XIX, como mostram os artigos publicados no livro organizado por Melo (2010b)?4 Na verdade, já chamou a atenção de alguns pesquisadores, como Martins (1997), o fato de não haver um grande número de investigações históricas dedicadas à cidade.
A trajetória de Niterói é inextricável dos caminhos de sua “cidade-irmã” situada no outro lado da baía de Guanabara, o Rio de Janeiro, esta, fundada em 1565, a outra, em 1573, ambas com o objetivo de defender a América portuguesa, preocupação desencadeada pela ocupação dos franceses liderados por Villegaignon. A região tinha um papel estratégico no que tange a manutenção dos territórios lusitanos.
A estruturação da cidade criada com a doação de sesmarias a Arariboia (que assumiu o nome de Martin Afonso), cacique dos Temiminós, tribo que desempenhou papel fundamental nos conflitos entre portugueses e franceses, “foi muito mais lenta do que a do Rio de Janeiro, mas sob sua influência, tendo ela como seu espelho e modelo” (Azevedo, 1997, p. 20). Tenhamos em mente essa ideia para pensar a história de Niterói, instalada numa região da baía de Guanabara menos privilegiada do ponto de vista dos recursos naturais.5
Niterói encontrou dificuldades de se estabelecer no seu sítio original, a aldeia de São Lourenço. Ainda que ao seu redor tenham surgido propriedades agrícolas e núcleos populacionais, inclusive nos terrenos planos da região de São Domingos, somente a partir de 1819 se observa um impulso maior de urbanização. Nessa ocasião, a zona até então conhecida como Bandas D’Além, depois de uma visita e estância de D. João VI, foi elevada à condição de vila, nomeada como Vila Real da Praia Grande.
Seu primeiro juiz de fora, José Clemente Pereira, uma das mais notáveis lideranças políticas do Brasil da primeira metade do século XIX, implantou um pioneiro plano de edificações para a região central (1820), no qual já se previra um passeio público e três praças. Desdobramentos foram o aumento populacional e a maior ocupação da orla (São Domingos, Praia Vermelha, Boa Viagem e Praia das Flechas).
Outro grande impulso se deu em 1834, com a indicação da cidade à condição de capital da província. No ano seguinte, foi lhe dada a denominação de Nictheroy, topônimo indígena que significa “águas escondidas”, termo antes utilizado para definir a região da cidade do Rio de Janeiro (Martins, 2009).6
O município passou a atrair mais gente, inclusive lideranças políticas, bem como a melhor se estruturar economicamente.7 Seu desenvolvimento tem como uma das marcas a concepção de um plano de urbanização para a região de Icaraí e do Ingá (1840), para Azevedo (1997, p. 35), no Brasil da primeira metade do século XIX, o “exemplo mais acabado de intervenção planejada, originada de uma decisão governamental”.8
Ainda que se ampliasse sua autonomia, no decorrer do século XIX, a vida citadina de Niterói foi “influenciada pela proximidade com o Rio de Janeiro, não só pelo padrão de consumo como pelos reflexos da política nacional” (Azevedo, 1997, p. 36). As ocorrências da Corte/Distrito Federal tinham impacto na capital fluminense, inclusive no tocante à estrutura de entretenimentos. Vale considerar que a ligação entre as cidades foi facilitada, em 1835, com o estabelecimento regular do trânsito de barcas operadas pela Companhia de Navegação de Niterói.9
Assim sendo, uma questão que sempre se manteve é o quanto Niterói foi (ou deveria ser) uma extensão ou uma descontinuidade do Rio de Janeiro. Como se forjou uma identidade própria nesse cenário? Como se constituiu como capital? Como gerenciou certo olhar depreciativo por parte dos cariocas10 e mesmo dos próprios niteroienses por ser considerada provinciana?11 Como sugere Peixoto (1997, p. 201), “Rio e Niterói são cidades espelhadas, filhas da Guanabara que as gerou juntas para destinos interligados. O inimigo é a metrópole que pode fagocitar Niterói, reduzindo-a a um subúrbio”.
Para Peixoto, somente é possível pensar na trajetória da antiga Vila Real da Praia Grande simultaneamente como reflexo e originalidade, como continuidade e ruptura. Niterói tem uma construção identitária própria, mas possui uma especificidade dada sua grande proximidade com outra capital de notável poder político, econômico e cultural. Seria “uma cidade culturalmente autônoma perto ou dentro de uma cidade do mundo” (Peixoto, 1997, p. 227).12 Essa pode ser considerada uma das principais peculiaridades da Cidade Sorriso, título que, a propósito, teria a ver com a hospitalidade de seus habitantes.13
Como teria o esporte sido uma decorrência, um indicador e um agente construtor dessa característica identitária ambígua? Este artigo tem por objetivo discutir as experiências dos primeiros clubes de turfe e remo estruturados em Niterói (décadas de 1870-1880). Especificamente, pretende-se abordar a articulação dessas iniciativas com o forjar de uma ideia de capitalidade para a cidade. As duas modalidades foram escolhidas por, no mundo e no Brasil, terem sido pioneiras na conformação do campo esportivo, sempre em consonância com as mudanças pelas quais passou a sociedade de seu tempo (Melo, 2001, 2014).
Na análise/interpretação, observou-se que tais agremiações surgiram nos momentos finais de um primeiro ciclo de modernização de Niterói, iniciado com sua assunção à condição de capital (1834), encerrado na ocasião em que perdeu tanto boa parte de seu território (com a autonomia de São Gonçalo)14 quanto, em função dos impactos dos conflitos da Revolta da Armada, a centralidade político-administrativa do estado durante a década de 1890.
Para alcance do objetivo, foram utilizados como fontes periódicos publicados em Niterói e no Rio de Janeiro nas décadas de 1870-1880. Os posicionamentos dos cronistas foram considerados como representações a serem prospectadas na sua materialidade, pontos de vista sobre a presença e a importância do esporte na cidade.15
Esperamos que este artigo tenha o potencial de servir à preservação da memória de Niterói, na medida em que descortina uma importante faceta da vida urbana, mas também de contribuir para iluminar as inextricáveis relações entre cidade e esporte, ambicionando, a partir da compreensão das peculiaridades da antiga capital fluminense, lançar novos olhares para os fenômenos investigados.
Correm os cavalos
Há evidências de que, em Niterói, houve algumas corridas de cavalos menos estruturadas promovidas no decorrer das décadas de 1850 e 1860, como as realizadas no Maruí e no Fonseca (A Pátria, 1 abr. 1857, p. 1). Somente em 1877, contudo, vemos iniciativas mais concretas de estruturar o turfe na cidade, com a inauguração do Prado Icaraiense.
A iniciativa tinha forte relação com o que se passava na Corte. Alguns cavalos já eram conhecidos por sua participação nas provas do Jockey Clube, àquela altura realizadas no Prado Fluminense, primeiro hipódromo do Brasil (Melo, 2001; 2015a; 2015b). Localizado na rua do Souza (atual Gavião Peixoto), o Prado Icaraiense tinha como dirigentes, provavelmente, gente que também estava envolvida com as atividades turfísticas do Rio de Janeiro. Conseguiram até mesmo uma cortesia com a Ferry para transportar por barcas os animais. Um aspecto curioso era a entrada gratuita nos eventos, possivelmente adotada para atrair mais público (talvez considerando que a modalidade era pouco conhecida em Niterói) (Gazeta de Notícias, 27 set. 1877, p. 4).
A região em que se instalou o prado, Icaraí, cresceu muito nos anos 1870, desdobramento das mudanças entabuladas, desde a década de 1840, com a execução do já citado plano de urbanização. Progressivamente, tornava-se conhecida por ser um lugar aprazível, sendo constante a oferta de residências para moradia e veraneio. Se era ainda uma zona periférica, não era encarada como suburbana, no sentido de limite entre a cidade e o campo. Era tida como espaço do progresso, de iniciativas modernas.
A vida festiva era garantida por estabelecimentos como o Café Recreio, localizado na mesma rua do Souza, que oferecia vasta programação de entretenimento, além de opções de comida, bebida e hospedagem. Facilitava a chegada ao bairro a melhoria dos meios de transporte urbano. Em 1871, a Companhia Ferro Carril Niteroiense16 inaugurou uma linha de bondes com tração animal que fazia o percurso estação das barcas-Icaraí.
Figura 1:
Planta da cidade de Niterói, elaborada entre 1841 e 1909, em função da elevação de Niterói à categoria de cidade. Os círculos marcam os três possíveis locais onde foi instalado o prado. Em vermelho, vemos o atual campo de São Bento, na época denominado praça do Visconde de Abaeté (Disponível em: http://bdlb.bn.gov.br/acervo/handle/123456789/429582).
As primeiras corridas do prado foram aguardadas ansiosamente, mas não apreciadas por todos. Alguns frequentadores, provavelmente aqueles que já possuíam alguma experiência com a modalidade, escreveram aos jornais denunciando a má qualidade dos animais e a desorganização dos páreos, supondo que se tratava de uma tentativa de iludir o público no que tange às apostas (O Globo, 9 out. 1877, p. 3).
Não era simples organizar uma agremiação turfística. Requeria certo capital e experiência, bem como capacidade de atrair público para que o investimento pudesse lograr êxito (Santos, 2015). Não foi o que ocorreu com o Prado Icaraiense. Poucas corridas foram promovidas, merecendo a agremiação, todavia, registro por ser expressão de uma nova dinâmica pública que se gestava na cidade, inclusive no que tange à melhor estruturação de um mercado de entretenimentos. Parece que o turfe, todavia, não se adequou muito ao ethos da região, como ocorreria numa experiência futura com a modalidade, a criação do Hipódromo Guanabara (por vezes chamado de Guanabarense).
A direção dessa agremiação era formada por insignes personagens da província, boa parte deles envolvidos com o turfe na Corte, gente ligada a uma burguesia urbana niteroiense, donos de empreendimentos comerciais e profissionais liberais. Entre outros, segundo Wehrs (1984, p. 291), pode-se destacar:
o Dr. Francisco Luís Tavares,17 o Comendador Ernesto Possolo,18 o Dr. Paulo César de Andrade,19 o Dr. João A. S. Rodarte,20 o Dr. Carlos de Azevedo,21 o Dr. Torquato de Gouveia,22 (...), o Cônsul Geral do Uruguai, D. Érico Augusto Peña23 e muitos outros nomes importantes.
No primeiro semestre de 1885, publicaram-se muitas notícias nos jornais sobre os preparativos para a atividade inaugural, inclusive da fundação do clube como uma sociedade anônima (Gazeta de Notícias, 19 mar. 1885, p. 2) e da abertura de concorrência pública para a construção de raias, arquibancadas e dependências do hipódromo (O Fluminense, 8 maio 1885, p. 3). Tudo foi acompanhado com grande atenção.
Alguns setores da cidade clamavam pela diversão, sugerindo que se trataria de uma expressão do avanço civilizacional de Niterói. Lembremos que, a essa altura, não somente na Corte, como também em Petrópolis, Friburgo e Campos, já tinham se estruturado experiências com o turfe. Pôr em funcionamento iniciativas relacionadas à modalidade era encarado como algo que poderia ajudar a legitimar a condição de capital fluminense.
O hipódromo foi instalado nas terras de José de Moraes e Silva,24 em Neves, hoje São Gonçalo, na época ainda Niterói. Era um lugar afastado da região central, ponteado de iniciativas agrícolas, especialmente ligadas ao açúcar e à fruticultura. A própria Fazenda das Neves, que existiu até 1836, era próspera, destacando-se as plantações de café (Oliveira, 2014).
Como outras experiências de turfe no Brasil e no mundo, o hipódromo foi instalado numa área suburbana, na ocasião ainda entendida como o limite entre a cidade e o campo, entre o urbano e o rural, local onde viviam pessoas que tinham costumes híbridos, bem de acordo com o ethos da modalidade (Melo, 2001).25
Figura 2:
Planta da cidade de Niterói, elaborada entre 1841 e 1909, em função da elevação de Niterói à categoria de cidade. Em vermelho, o Hipódromo Guanabara. Em azul, o porto do Barreto. Em laranja, o cemitério do Maruí. Em verde, a Ponta d’Areia. Em lilás, a estação das barcas.
Em função da distância da região central, uma preocupação denotada da diretoria foi o incremento de opções de transporte para o hipódromo de Neves. A Carris Urbanos de Niterói apoiou a iniciativa com a oferta de bondes extras por ocasião das corridas. Foi instituído até mesmo, nos dias de páreos, um trem especial da Estrada de Ferro Rio Bonito (O Fluminense, 1 set. 1886, p. 2) para facilitar a frequência de moradores do interior da província. A propósito, um dos intuitos sempre foi atrair público de outras cidades, especialmente da Corte.
Os eventos eram anunciados nas duas capitais, sendo oferecidas, nos dias de provas, saindo do Rio de Janeiro, barcas especiais para transportar os interessados e os cavalos (Diário de Notícias, 9 jan. 1886, p. 4). Chegou a ser construída uma “ponte” para atracação direta no prado (O Paiz, 8 nov. 1885, p. 8). Havia ainda embarcações para o porto de Neves e para a estação da região central de Niterói.
Efetivamente, desde a inauguração, foi grande a afluência de gente da Corte. Perceba-se que, em mais de uma ocasião, a pouca presença de público no hipódromo de Neves se deu em função de, no mesmo dia, serem realizadas corridas de outros clubes de turfe do Rio de Janeiro, num momento em que houve grande desenvolvimento da modalidade.26 A agremiação de Niterói tinha que disputar interessados com o Jockey Club, o Derby Club, o Prado Vila Isabel, o Prado Guarany e, posteriormente, também com o Turf Club e o Hipódromo Nacional.27
Com tamanha presença de público da Corte, vale perceber como volta e meia surgia uma comparação entre as duas cidades. Por exemplo, no olhar de um cronista, “Caso para notar-se é que o belo sexo niteroiense não é amante do turfe, ao passo que as damas da Corte muito o apreciam” (Diário de Notícias, 7 fev. 1888, p. 2).28
Por vezes, os cronistas do Rio de Janeiro foram ainda mais enfáticos, generalizando seus olhares sobre Niterói: “O público niteroiense não gosta de corridas, a maioria do povo que vai ao Prado de Porto das Neves é da Corte. O público fluminense é essencialmente esportivo, (...), o niteroiense é justamente o contrário” (Diário de Notícias, 27 mar. 1888, p. 1).29
Certamente, trata-se de uma avaliação enviesada do cronista. Concretamente, o esporte já há algum tempo caíra nas graças da população da Corte (Melo, 2001, 2015a), estando em estágio mais desenvolvido, mas em Niterói começava a dar os primeiros passos para a organização do campo esportivo. Uma questão relevante era mesmo o número de habitantes de cada cidade.
Para que se tenha uma ideia, segundo Forte (1973), em 1821, Niterói contava com 5.015 habitantes, sendo 2.244 livres; em 1833, 9.700, sendo 2.200 escravos; em 1851, 15.799; no recenseamento de 1872, foram registrados 29.102 moradores. O censo de 1890 informa que eram 34.269. No Rio de Janeiro, o recenseamento de 1821 apontou uma população de 116.444, 86.323 vivendo na região central, sendo 45.947 livres (Soares, 2007). Em 1872, eram 274.972. Como se pode perceber, a capital fluminense era uma cidade menor, dependente do público da Corte para viabilização de suas iniciativas, o que não significa que um gosto pela prática já não estivesse também a ser cultivado.
Além de tudo, não se deve desprezar certo preconceito advindo da capital nacional. Isso fica claro na fala de outro cronista. Ao comentar que não fora às corridas promovidas no Hipódromo Guanabara, mesmo tendo sido convidado, sugeriu que não se sentia obrigado a “fazer a crônica do esporte provinciano. Isto de atravessar a baía é sacrifício que não nos impomos nem à mão de Deus padre” (Vida Moderna, 7 maio 1887, p. 5).30
De toda forma, a iniciativa niteroiense foi muito louvada e contou com grande apoio da imprensa do Rio de Janeiro. Em novembro de 1885, com um programa de sete páreos, nos quais foram inscritos 65 cavalos, inaugurou-se a nova agremiação turfística. Para o cronista do Diário de Notícias (9 nov. 1885, p. 1), o evento “nada deixou a desejar”, tendo sido “grande a concorrência e não menor a animação”. As outras corridas do ano foram, da mesma maneira, marcadas por elogios e sucesso. O resultado satisfatório dessa primeira temporada estimulou a diretoria a investir na melhoria do conforto e adequação das instalações (Vida Moderna, 11 dez. 1886, p. 8).31
O Diário de Notícias, reconhecendo os esforços promovidos pelos dirigentes, procurou constantemente incentivar a frequência no Hipódromo Guanabara, exaltando que se tratava de bons programas, integrados por animais de qualidade, inscritos por criadores e treinadores entusiasmados com o novo prado.
Bom público seguiu comparecendo aos eventos. Genesdio, cronista do folhetim Kaleidoscopio (O Fluminense),32 ironicamente sugeriu que, por ocasião dos páreos, não se encontravam médicos disponíveis na cidade já que esses pertenciam “à fina flor da sociedade niteroiense, e não é decente que a fina flor fique em casa quando tão seleta sociedade se reúne nas arquibancadas daquele clube. Parabéns, pois, ao Hipódromo, que sabe atrair a Niterói elegante a suas diversões” (O Fluminense, 6 dez. 1885, p. 1). De fato, importantes personagens da capital fluminense, da Corte e da província, inclusive governantes e políticos, marcaram presença no prado.
O Hipódromo Guanabara, que funcionou com regularidade entre os anos de 1885 e 1890, chegou mesmo a gozar de boa reputação. Era considerado um espaço de divertimento agradável e civilizado. Lembremos que foi citado, de forma mais irônica, por Arthur Azevedo em uma das suas peças de revista, o Bilontra, cuja trama se passa em competições esportivas (Melo; Knijnik, 2015).
Boa impressão causou quando resolveu não interromper a temporada de provas no verão, como era usual no turfe. Um jornalista exaltou a decisão: “a associação do belo hipódromo do Porto das Neves está empenhada em prolongar a estação das corridas (...) e os meios de que lança mão são na verdade irresistíveis” (Diário de Notícias, 15 jan. 1886, p. 1).
Se compararmos os elogios destinados à agremiação de Niterói com o que se passou com o Prado Guarani, um pequeno hipódromo do Rio de Janeiro que se estruturou na mesma época, também oferecendo provas no verão, sempre muito criticado pela imprensa e outras sociedades turfísticas (Melo; Chevitarese, 2018), podemos perspectivar a consideração que se dedicava ao Hipódromo Guanabara. A propósito, deve-se ter em conta que o clube da capital fluminense, em diversas ocasiões, recebeu apoios diversos do Jockey Club, como, por exemplo, com a cessão de sua secretaria para inscrição de animais nos páreos.33
Jorge Nunes (2018) sugere que um dos dinamizadores da agremiação niteroiense teria sido o conde de Herzberg, prussiano envolvido com os primórdios do turfe na Corte (Melo, 2001). Paulo César de Andrade, um dos dirigentes mais importantes do Hipódromo Guanabara, chegou a ser presidente do Jockey Clube do Rio de Janeiro, do qual foi adotado o mesmo regulamento. Trata-se de mais indicadores das relações estabelecidas entre as iniciativas esportivas de Niterói e da capital nacional.
A despeito das intenções civilizatórias, houve, sim, em Niterói, conflitos que eram comuns em outros hipódromos, reações do público, por vezes violentas, em função de erros de julgamento, armação de resultados, problemas com apostas - os tribofes, também chamados de “música”.34 Um desses casos ocorreu nas corridas de 14 de janeiro de 1887, levando o cronista a solicitar da diretoria “medidas enérgicas e severas” para evitar esse tipo de comportamento que supostamente poderia afastar os frequentadores (O Fluminense, 19 jan. 1887, p. 1).
De fato, em algumas ocasiões foram punidos jóqueis e proprietários de cavalos por problemas causados nos páreos.35 Todavia, isso não foi suficiente para impedir as confusões. O serviço policial era sempre convocado e em algumas corridas foi de tal forma mobilizado que abalou o policiamento geral da cidade, como em fevereiro de 1889, quando, segundo um cronista, “a capital ficou quase sem patrulhas” (O Fluminense, 13 fev. 1889, p. 2).36 Houve mesmo prisões em alguns eventos.37
Houve também discordâncias e tensões entre os sócios do Hipódromo Guanabara. Em 1887, se deram por duas motivações: desacordos com os gastos e certas relações estabelecidas com empresas da província. Na visão de alguns, estava-se a causar prejuízos à agremiação, o que dificultava que ela cumprisse melhor seus fins (O Fluminense, 4 dez. 1887, p. 2). Em 1889, houve até mesmo uma diretoria completa que se demitiu.
De toda forma, o hipódromo continuou promovendo muitas corridas, especialmente em 1888, quando foi eleita nova direção, integrada, entre outros, pelo já citado Francisco Luiz Tavares, o engenheiro da Câmara Dionisyo da Costa e Silva e Luis Carlos Fróes da Cruz (membro de uma das famílias mais importantes e influentes da cidade) (O Fluminense, 30 set. 1888, p. 1).
Em 1890, uma determinação da Inspetoria de Higiene do Rio de Janeiro, proibindo, na Corte, a realização de corridas no verão, contribuiu para que o Hipódromo Guanabara fosse inundado por gente da capital interessada no esporte (Vida Fluminense, 9 jan. 1890, p. 9).
Tratou-se de mais uma temporada de sucesso, especialmente devido à promoção do Grande Prêmio do Estado do Rio de Janeiro, atividade mais nobre de uma agremiação turfística, ocasião que contou com grande presença de público, inclusive de importantes autoridades políticas (como o governador do estado, Francisco Portela, um dos que apoiou financeiramente a iniciativa) e recebeu muitos elogios da imprensa.38
Não sabemos exatamente o porquê de essa ter sido a última temporada do Hipódromo Nacional. As notícias somem dos jornais e, em abril de 1891, vemos o anúncio de leilão do prado (Gazeta de Notícias, 7 abr. 1891, p. 4). Aparentemente, por divergências, os sócios resolveram liquidar o clube, vendendo o patrimônio adquirido em seus anos de funcionamento.39
Podemos especular algumas razões para tal decisão. Na temporada de 1890, de fato, surgiram muitas reivindicações dos proprietários do Rio de Janeiro no que tange a sua participação, entre as quais maior número de barcas para transporte dos animais, assim como restabelecimento de locais de inscrição na capital federal, não só em Niterói.40 Também se acentuaram os tribofes e costumeiros problemas com jóqueis, público e apostas. Além disso, seguia o constante desafio de viabilizar economicamente o empreendimento.
Devemos também considerar o momento de crise que se abateu sobre o turfe nacional em função dos problemas financeiros da nação nos turbulentos primeiros momentos da República. Lembremos que a desastrosa política econômica desse período inicial foi mesmo denominada com um termo da modalidade, Encilhamento (Schulz, 1996). Na verdade, depois de uma fase de expansão, os clubes começaram a fechar as portas pelo excesso de atividades (Santos, 2015).
De toda forma, mesmo encerrada a breve trajetória do turfe em Niterói.41 deixou lembranças o Hipódromo Guanabara, merecendo registro por ser expressão de que se aperfeiçoavam as iniciativas do campo esportivo na cidade.
Correm os barcos
Na década de 1860, alguns eventos náuticos foram realizados em Niterói, sem que, contudo, houvesse continuidade na estruturação do remo. Somente em 1876, novos páreos foram promovidos, na praia de Jurujuba, protagonizados pelo Clube de Regatas Guanabarense do Rio de Janeiro (Gazeta de Notícias, 19 nov. 1876, p. 2). No ano seguinte, a programação da festa de Nossa Senhora da Conceição, organizada no mesmo balneário, previu provas da modalidade (Jornal do Commercio, 17 maio 1877, p. 6). Tratou-se de um curioso arranjo entre um festejo tradicional e uma atividade que aspirava ares de modernidade.
Foi somente em 1878, todavia, que se convocou uma assembleia para fundação do Clube de Regatas Fluminense (Gazeta de Notícias, 12 dez. 1878, p. 3). Essa deveria ser a primeira agremiação náutica de Niterói. O tom do anúncio dava a entender que se tratava de uma iniciativa bem estruturada. Não conseguimos identificar, contudo, qualquer atividade dessa sociedade. A despeito de algumas iniciativas e do desejo de alguns, seguiam as dificuldades para estruturar o remo na cidade.
Não foi ainda um clube o responsável por promover as regatas de julho de 1881. Na festa de São Pedro, foram organizados páreos na rua da Praia (atual Visconde do Rio Branco; a raia ia da ponte das barcas à praça do Mercado) (O Fluminense, 17 jul. 1881, p. 3). No entender do cronista de O Fluminense, foi uma competição pífia. Todavia, exultou: “É porém para desejar que levem avante a fundação do Clube de Regatas, instituição filha do progresso e que se encontra nos países mais avançados” (O Fluminense, 20 jul. 1881, p. 2). Para ele, seria um ganho para a cidade a criação de uma agremiação com esse perfil: “Em Niterói, há necessidade de organizar-se divertimentos para o povo”. Uma capital precisava desse tipo de evento.
Em 1 de agosto do mesmo ano, pelos jornais se anunciou a fundação de um novo Clube de Regatas Fluminense (O Fluminense, 7 ago. 1881, p. 4). Tratava-se, na verdade, da criação do Clube de Regatas Niteroiense, agremiação que tinha como dirigentes, entre outros, os já citados Paulo César de Andrade e Francisco Tavares, bem como o médico Francisco Emygdio de Oliveira, o diretor dos Correios Alvaro Francisco da Costa e o oficial da Armada Antonio Salustiano de Castro (O Fluminense, 21 ago. 1881d, p. 3).
O grupo envolvido era similar ao que alguns anos mais tarde dinamizaria o Hipódromo Guanabara, membros de uma burguesia urbana ligada a empreendimentos comerciais e profissões liberais. No caso da agremiação de remo, destacava-se também a participação de militares da Marinha.
Luiz Fernandes, no folhetim Ecos Guanabarenses, celebrou a criação do Clube de Regatas Niteroiense expressando certo incômodo com o que parecia identificar como dependência da capital nacional. Para ele, “mesmo tratando-se de divertimentos, é indício de uma certa tendência emancipadora que tem por fim livrar Niterói o mais possível de depender da Corte” (O Fluminense, 4 set. 1881, p. 1). Exaltando as potenciais contribuições do remo para a cidade, bem como o perfil dos envolvidos, sugeriu ser “quase impossível que o clube não tenha longa existência”.
Merece algumas linhas esse que foi um dos mais importantes cronistas de Niterói do século XIX, responsável por abordar vários acontecimentos de todos os âmbitos da cidade, especialmente da vida social, sempre com um olhar atento e peculiar. Membro de uma importante família da Província, foi funcionário público do Ministério do Exterior e notável jornalista (Soares, 1993).
Além de escrever em vários jornais, Luiz Fernandes integrou, desde o início, a equipe de redatores de O Fluminense, onde se notabilizou por sua coluna Ecos Guanabarenses. Ligado ao Congresso Literário Guarani, agremiação de grande notoriedade que apoiava o surgimento e funcionamento de outras iniciativas associativas, teve uma carreira de literato. Desejava o progresso e avanço civilizacional de Niterói. Era abolicionista; um homem sintonizado com a ideia de progresso.
O Clube de Regatas Niteroiense efetivamente funcionou por algum tempo, mas com trajetória marcada por dificuldades e interrupções. Em maio de 1882, um sócio chegou a perguntar se a agremiação “naufragou ou vai adiante” (O Fluminense, 21 maio 1882, p. 4). No mesmo mês, a diretoria convocou uma assembleia para tratar dos rumos da sociedade, a ser realizada nas dependências do Congresso Literário Guarani (O Fluminense, 26 maio 1882, p. 4).
A reunião não parece ter logrado êxito em reanimar o clube. O já citado Genesdio, no folhetim Kaleidoscopio, ironizou a situação sugerindo que muitos duvidavam da existência da agremiação que parecia ser “uma criação fantasiosa da imaginação” (O Fluminense, 25 ago. 1882, p. 1). Vários associados seguiram criticando, inclusive por motivos financeiros, a inatividade da sociedade.42
Luiz Fernandes lamentou o que sugeriu ser uma reunião para decretar o fim da agremiação: “Era uma distração popular bastante útil, porque há sempre utilidade em manter os espíritos alegres” (O Fluminense, 28 maio 1882, p. 1). Ele foi direto ao ponto no que tange às dificuldades encontradas: “Niterói, uma cidade de mais de 20.000 habitantes talvez, não dá para sustentar um clube de regatas, que exige certas despesas um pouco avultadas” (O Fluminense, 28 maio 1882, p. 1). Ainda assim, em 1883, uma nova direção do Regatas Niteroiense, uma vez mais, tentou dinamizar a modalidade, organizando provas no ano de 1884 (O Fluminense, 28 nov. 1883, p. 1).
Ao comentar essa regata, Luiz Fernandes seguiu percebendo as dificuldades de organizar o esporte náutico em Niterói. Para ele, “o que é realmente para lamentar é que uma cidade como esta não possa sustentar um clube desta natureza, mesmo em modestas proporções” (O Fluminense, 3 fev. 1884, p. 2). O cronista clamava por maior independência em relação à Corte, mas percebia o quanto o público de lá advindo era fundamental para o sucesso das iniciativas.
De toda forma, mesmo reconhecendo os limites do evento promovido, inclusive certa desorganização, fruto da falta experiência, Luiz Fernandes elogiou a iniciativa. Para ele, finalmente, em Niterói, uma regata lograra sucesso. A seu ver, não havia “memória de que tanta gente tenha se abalado para assistir a uma festa nesta cidade” (O Fluminense, 10 fev. 1884, p. 1), inclusive muitos oriundos da Corte.
No seu ponto de vista, mereceu destaque o quinto dos oito páreos promovidos, disputado somente por mulheres, algo que foi amplamente comentado pela imprensa. As competidoras foram as senhoritas Massiére, Triboulet e Vianna. Junto com as irmãs Fox, que remavam no Clube de Regatas Cajuense de São Cristóvão (Rio de Janeiro), essas niteroienses foram pioneiras na prática do remo feminino (Melo, 2007; 2015c).
Os Massiére, de origem francesa, estavam estabelecidos em Niterói há alguns anos, gozando de alguma reputação na capital fluminense. Eram comerciantes de importação e exportação, bem como proprietários de imóveis. Estiveram envolvidos com diversas iniciativas associativas, como, por exemplo, o Clube Familiar Niteroiense, um dos mais renomados da cidade.
Pedro Massiére tinha grande envolvimento com o remo. Além de apreciador da modalidade, era proprietário de um estaleiro. Nessa condição, tornar-se-ia o responsável por produzir baleeiras para os futuros Grupo de Regatas Gragoatá (O Fluminense, 26 nov. 1895, p. 1) e Clube de Regatas de Icaraí (O Fluminense, 21 nov. 1896, p. 1). Francisca Massiére participava com sucesso das provas do Clube Atlético Juvenil (dedicado às corridas a pé, fundado por alunos do Liceu Popular, atual Nilo Peçanha). As meninas - Celestina, Belmira, Maria - eram remadoras; Pedro Massiére Filho, também. Tratava-se, portanto, de uma família sintonizada com os novos tempos, dos quais o esporte era uma expressão.43
Sobre Elisa Triboulet, não conseguimos muitas informações. Provavelmente, é da família de Félix Triboulet, francês estabelecido na cidade. Quanto à senhorita Vianna, poderia ser da família de Manuel Afonso Vianna e Belmira Martins Vianna, cujo pai, o comerciante português José Bernardo Martins, foi um dos incentivadores da criação do Clube de Regatas Niteroiense (Soares, 1993).
Logo depois da regata realizada, em 1884, na capital fluminense, duas guarnições da agremiação obtiveram bons resultados em evento de grande repercussão promovido, no Rio de Janeiro, pelo Clube de Regatas Guanabarense, em celebração das iniciativas da Sociedade Abolicionista Cearense.44
Ao comentar tais conquistas, o sempre entusiasmado Luiz Fernandes incentivou enfaticamente a manutenção das atividades do Clube de Regatas Niteroiense. Elogiou especialmente o desempenho vitorioso das remadoras, não deixando de registrar uma reclamação: “A vitória coube desta vez às gentis niteroienses, que souberam sustentar os créditos da Praia-Grande, tão menosprezada na cidade corteza” (O Fluminense, 4 abr. 1884, p. 1). Deu o cronista um tom de afirmação do valor de Niterói, uma forma de exaltar a cidade.
No páreo de 400 metros, a baleeira Neblina foi conduzida por Celestina Massiére, Belmira Massiére, Elisa Triboulet, Francisca Madeira45 e Maria Massiére (Gazeta de Notícias, 30 mar. 1884, p. 6).46 O clube participou também com um out rigger de 4 remos (Baturité, com guarnição masculina) (Gazeta de Notícias, 20 mar. 1884, p. 2).
A diretoria do Clube de Regatas Niteroiense procurou aproveitar os bons resultados do evento promovido e a visibilidade obtida com as vitórias na Corte, encaradas como sinal de afirmação do progresso de Niterói. Abriu convocatória para novos associados e organizou mais uma regata (O Fluminense, 4 abr. 1884b, p. 1). Grande expectativa cercou a realização dos páreos de 31 de agosto de 1884.
Essa foi a última atividade da agremiação, liquidada em 1885 (O Fluminense, 27 mar. 1885, p. 4). Na verdade, em setembro (O Fluminense, 19 set. 1884, p. 4) e outubro de 1884 (O Fluminense, 12 out. 1884, p. 4), convocaram-se os associados insatisfeitos e outros interessados para a criação de uma nova sociedade náutica. Logo se anunciou a fundação do Clube de Regatas Saldanha da Gama.47 dirigido por João Gualberto do Amaral, Antonio Leite Maia e Pedro Massiere (O Fluminense, 15 out. 1884, p. 1).
A iniciativa parecia estruturada. Em janeiro de 1885, o clube estando instalado na rua da Praia, anunciou-se a inauguração do pavilhão e do escudo, festa na qual algumas embarcações foram oferecidas para os sócios praticarem o remo (O Fluminense, 25 jan. 1885, p. 4). Em março desse mesmo ano, foi prevista uma regata, transferida para abril (O Fluminense, 4 mar. 1885, p. 4), ao final, aparentemente, não realizada. Tratou-se de mais uma agremiação que, a despeito das intenções, não teve vida longa.
Ainda demoraria alguns anos para a consolidação do remo em Niterói, algo que se tornou mais notável quando foram fundados o Grupo de Regatas Gragoatá e o Clube de Regatas de Icaraí, ambos em 1895. De toda forma, essas experiências associativas pioneiras devem ser consideradas como expressão do desejo de busca de sintonia com ideias de civilização e progresso, algo que poderia ajudar a forjar a legitimidade da capital fluminense, inclusive no que tange a sua relação com o Rio de Janeiro.
Considerações finais
No decorrer dos anos 1880, houve, na baía de Guanabara, muitos desafios de natação, uma modalidade que se tornou mais praticada conforme as praias começaram a ser buscadas não somente para fins terapêuticos, mas também como local de diversão (Melo, 2015d), um processo que contribuiu para a vulgarização do remo. Em Niterói, algumas dessas disputas entre nadadores ganharam as páginas dos jornais.
Uma das que se tornaram mais conhecidas foi promovida em 1881, uma competição entre o alemão Theodor John - proprietário, junto com E. M. Saucken-John, de uma relojoaria e ourivesaria na rua Visconde do Uruguai - e o comerciante brasileiro Joaquim Antonio de Souza, já conhecido por suas façanhas aquáticas, à época chamado de “primeiro nadador do Brasil” (Gazeta da Tarde, 9 mar. 1881, p. 2). O trajeto foi da ponta da Armação, em Niterói, até o morro da Viúva, no Rio de Janeiro.
Acompanhados por remadores, os competidores levaram em torno de 2 horas e 30 minutos para atravessar a baía de Guanabara, sendo recebidos na Corte por grande número de pessoas (Gazeta de Notícias, 28 jan. 1881, p. 2). O brasileiro sagrou-se vencedor, resultado contestado pelo alemão, base para um pedido de revanche.
Outras disputas semelhantes, cada vez mais audazes, tomaram conta das águas, sempre acompanhadas em tom épico pela imprensa.48 Chegou-se a aventar que uma mulher faria por mar o trajeto Niterói-Rio de Janeiro, algo na época considerado uma incrível aventura (O Fluminense, 13 mar. 1881a, p. 1). Luiz Fernandes, sempre atento no seu folhetim Ecos Guanabarenses, comentou: “A mania da época é a natação. Todos têm tomado interesse nas travessias daqui para a Corte” (O Fluminense, 13 mar. 1881b, p. 1).
Assim sendo, não surpreende que, em 1884, um grupo de jovens tenha decidido criar o Clube de Natação Niteroiense (O Fluminense, 16 abr. 1884, p. 4). Lamentavelmente, tratou-se de mais uma iniciativa que não deixou muitos rastros. Pelos jornais, não conseguimos saber sequer se, de fato, teve continuidade a agremiação.
De toda forma, é mais um indício de que o campo esportivo melhor se estruturava em Niterói, algo que ficou claro também na fundação e funcionamento de duas sociedades dedicadas a promover corridas a pé, o Clube Atlético Brasileiro (1881) e o Clube Olímpico Guanabarense (1883), para além das discutidas experiências das associações de turfe e remo.
Essas iniciativas ocorreram em momento no qual Niterói passou por muitas mudanças, exponenciando algo já em curso desde que fora alçada à capital da província do Rio de Janeiro. Sua infraestrutura modificou-se notavelmente com alguns planos de urbanização. O aumento populacional foi destacável. Percebe-se certo desenvolvimento econômico. Nesse cenário, mesmo que não se possa dizer que se alterou profundamente sua dinâmica provinciana, nota-se a circulação de impulsos civilizatórios, por alguns desejados e encaminhados inclusive como estratégia para legitimar a sua capitalidade.
Era flagrante a influência da Corte, inclusive do ponto de vista cultural. Niterói encontrava dificuldades até mesmo para forjar uma identidade própria. Sofria com o questionamento de outras cidades da província acerca de sua condição de capital (Ferreira, 1997) na mesma medida em que sentia muito as intervenções do poder estabelecido no Rio de Janeiro. Ainda assim, algumas iniciativas foram tomadas no sentido de afirmar sua autonomia e protagonismo.
No cenário das mudanças pelas quais passou a capital fluminense, estruturou-se um mercado de entretenimento do qual fazia parte o esporte. Era clara a dependência da Corte na conformação da prática em Niterói. Por vezes, eram as mesmas iniciativas replicadas. Em outras, eram dinamizadas por gente da cidade que conhecia e participava das experiências esportivas da capital nacional. Além disso, por falta de estrutura econômica - pouco público consumidor e pequeno estrato médio - para viabilizar a manutenção das iniciativas contava-se com a constante presença do público do Rio de Janeiro.
No que tange às experiências esportivas da capital fluminense, alguns cronistas da Corte as encararam com certo estigma, suposta expressão do provincianismo de Niterói. Por vezes, os próprios cronistas da cidade apontaram algo semelhante, demonstrando entusiasmo quando algo indicava um suposto progresso, avanço civilizacional e redução das relações de dependência do Rio de Janeiro.
Não se deve embarcar acriticamente nesses discursos. São representações de certos projetos sociais e políticos, bem como de desejos ambíguos que se enfrentavam na cena pública. O que se pode perceber é que, mesmo que seja inegável a relação estabelecida com a Corte - algo que também houve em outras localidades em função da força simbólica do Rio de Janeiro - no período em tela começou a se desenvolver um gosto esportivo entre os habitantes de Niterói, bem como a se notar os primeiros impulsos de relacionar a prática com o forjar de uma identidade própria, algo que somente se tornaria mais claro na transição do século XIX para o XX, depois que Niterói passasse por uma grande crise nos anos 1890.
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>. Acesso em: 26 jul. 2018.
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26 jul. 2018
O FLUMINENSEO FLUMINENSE (Niterói). 12 maio 1882a.
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O FLUMINENSE O FLUMINENSE (Niterói). 21 maio 1882.
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O FLUMINENSE O FLUMINENSE (Niterói). 25 ago. 1882.
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O FLUMINENSE O FLUMINENSE (Niterói). 24 nov. 1882.
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WEHRS
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Vida Doméstica
1984
1
Em função dos impactos dos conflitos da Revolta da Armada, entre 1894 e 1903, Petrópolis tornou-se sede do Estado do Rio de Janeiro (Forte, 1941). Niterói deixou novamente de ser capital quando, com o fim da Guanabara, a cidade do Rio de Janeiro assumiu tal condição.
2
Friedman e Bustad (2017) sugerem tratar-se de uma relação dialética: a urbanização foi fundamental para a sistematização do esporte e este influenciou profundamente processos de urbanização.
3
Para um debate sobre a condição de cidade-capital, ver Argan (1964).
4
Sobre o esporte em Niterói, ver: Soares (1995), Cantarino Filho (2005), Iorio; Iorio (2008), Faria Júnior; Vilela (2010), Rio Yacht Club (2015). A despeito da importância dessa produção, são esforços de memória e compilação de dados, e não stricto sensu estudos históricos.
5
Segundo Azevedo (1997, p. 21), “Na margem oriental, os vales eram mais estreitos, os mananciais de água menos generosos e o sol poente mais inclemente”.
6
Um debate sobre o termo pode ser encontrado em Forte (1973).
7
Para mais informações, ver Honorato e Beauclair (1997).
8
Para mais informações sobre a urbanização de Niterói no século XIX, incluindo os planos de 1820 e 1840, ver Campos (2004).
9
Em 1862, aperfeiçoaram-se os serviços com a criação da Companhia de Barcas Ferry. Até 1865, ainda se manteve em atividade a antiga Companhia de Navegação de Niterói. A Ferry existiu até 1889, quando se uniu à Empresa de Obras Públicas e deu origem à Companhia Cantareira e Viação Fluminense, extinta em 1950. Para maiores informações, ver Forte (1973).
10
Aqui utilizamos o termo apenas para diferenciar os habitantes da cidade do Rio de Janeiro. No século XIX, ainda eram usualmente denominados de fluminenses. Somente a partir da segunda década do século XX se tornou mais comum usar o gentílico carioca.
11
Esse tema é discutido por Ferreira (1997).
12
Para um debate sobre a condição de capitalidade do Rio de Janeiro, ver Motta (2001).
13
Niterói, por sua participação na Revolta da Armada, é também chamada de Cidade Invicta.
14
O município reduziu-se de 242 km2 para 89 km2 (Forte, 1973).
15
Para trato dos periódicos, seguimos as sugestões de Luca (2005).
16
Essa companhia atuou em diversos serviços de transporte: bondes, linhas ferroviárias e mesmo barcas, quando adquiriu a Empresa Fluminense. Para mais informações, ver Forte (1973) e Silva, Cruz e Cunha (2010).
17
Médico, foi vereador, deputado estadual e deputado federal.
18
Membro de uma das famílias mais tradicionais de Niterói.
19
Médico, juiz de paz, líder republicano e presidente da Companhia Carris Urbano. Seu nome foi dado à antiga rua Manuel de Frias, que passou a denominar a outrora rua da Constituição, equivocadamente depois denominada Miguel de Frias (Soares, 1993).
20
Foi vereador e liderança política da cidade.
21
Médico, republicano e liderança política, foi também fundador do Clube Olímpico Guanabarense. Seu nome (Carlos Maximiano) foi dado à antiga rua da Soledad (Soares, 1993).
22
Médico ilustre, também envolvido com o Clube Olímpico Guanabarense.
23
Comerciante, dirigiu diversos empreendimentos na cidade, inclusive alguns relativos à urbanização.
24
Bastante envolvido com iniciativas culturais, especialmente com o teatro e a literatura, foi personagem de destaque em Niterói e São Gonçalo (vereador, delegado, juiz de paz).
25
Alguns anos mais tarde, a região seria marcada pela presença de indústrias, adquirindo características mais contemporâneas de subúrbio, um lugar periférico no qual habitam estratos socioeconomicamente inferiores, marcado por condições mais deficientes de urbanidade (Soto, 2008). Não por acaso, assim como em outras cidades, a vocação esportiva da área tornar-se-ia o futebol, chamado por Hobsbawm (2000) de religião leiga do operariado.
26
Ver, por exemplo, O Fluminense (21 dez. 1887, p. 1) e Revista Illustrada (1887).
27
Sobre o turfe no momento, ver Melo (2001), Melo (2015c) e Santos (2015).
28
Não conseguimos identificar o responsável pela crônica, mas vale destacar o perfil do periódico. Criado em 1885, na esteira das mudanças da abordagem jornalística entabuladas pela Gazeta de Notícias, o Diário dava mais atenção aos acontecimentos cotidianos, não surpreendendo que as crônicas estivessem espalhadas por suas páginas e não somente no tradicional espaço do folhetim. Desde o início, o esporte ganhou atenção e uma coluna específica, sendo abordado também por outros notáveis cronistas, como, por exemplo, Artur Azevedo. Para mais informações, ver Silva (2010).
29
Ver também Diário de Notícias (10 fev. 1890, p. 2).
30
Não sabemos quem era o cronista, mas devemos lembrar que o periódico foi marcado por uma postura em certa medida arrogante de apontar o que era ultrapassado e o que deveria ser considerado como sinal dos novos tempos (Antelo, 1997).
31
Para uma descrição minuciosa do prado, ver O Paiz (9 nov. 1885, p. 2).
32
Genesdio, anagrama de Diógenes, era o pseudônimo do escritor Alfredo Azamor, personagem importante da intelectualidade niteroiense. Filho de um gerente dos Estaleiros Mauá, abolicionista e liberal, notabilizou-se pelos desejos de contribuir para o progresso de Niterói. Atuou em O Fluminense desde o início (Soares, 1993). Tal periódico editado em Niterói, nos seus momentos iniciais, circulou também na Corte. Mesmo primando por uma linha editorial política conservadora, esteve engajado na modernização e no avanço civilizacional da capital fluminense.
33
Ver, por exemplo, A Semana (28 nov. 1885, p. 6).
34
Para mais informações sobre essas ocorrências, ver Melo (2001).
35
Ver, por exemplo, O Fluminense (21 jan. 1887, p. 1).
36
Ver também O Fluminense (31 mar. 1889, p. 2).
37
Ver, por exemplo, O Fluminense (20 fev. 1889, p. 1) e Vida Fluminense (1 fev. 1890b, p. 9).
38
Ver Diário de Notícias (10 mar. 1890, p. 2).
39
No lugar do hipódromo, instalou-se a Siderotécnica Nacional Companhia Anônima, depois Siderotécnica de Neves. Adotou vários nomes, até se se chamar Siderúrgica Hime e Sociedade Brasileira de Siderurgia (Soares, 1993). De acordo com Luciano Campos Tardock (https://www.facebook.com/memoriasg/), do prado hoje só resta a 73ª DP, que aproveitou o estábulo. Em função dos aterros, a aparência do local mudou muito.
40
Ver, por exemplo, Diário do Comércio (26 dez. 1889, p.2) e Diário de Notícias (27 dez. 1889, p. 2).
41
Palmier (1940) cita a existência de mais duas iniciativas, um prado em Alcântara (com pista na Fazenda Coelho) e outro na Fazenda dos Irmãos Gianelli, em Guaxindiba. Não parece que foram experiências efetivamente estruturadas à moda do campo turfístico. Para mais informações, ver: <https://icarahyobairro.wordpress.com/2017/11/10/dr-paulo-cesar-ii/>. Acesso em: 4 ago. 2018.
42
Ver, por exemplo, O Fluminense (24 nov. 1882, p. 4).
43
As informações sobre os Massiére foram obtidas nas páginas de O Fluminense.
44
Por exemplo, o evento foi efusivamente comentado em A Pátria (10 fev. 1884, p. 2).
45
Francisca, provavelmente, era da família do notório médico Almir Madeira, filho do facultativo e político Marcos Rodrigues de Jesus Madeira.
46
A tripulação feminina disputou ainda provas promovidas pelo Clube de Regatas Paquetaense (O Paiz, 17 maio 1885, p. 4) e pelo Clube de Regatas Cajuense (O Paiz, 1 jul. 1886, p. 2).
47
Provavelmente, tratou-se de uma homenagem ao futuro Almirante Saldanha da Gama, um dos militares da Armada mais renomados do século XIX, também envolvido com o incentivo e a promoção de regatas.
48
Ver, por exemplo, O Fluminense (12 mar. 1882, p. 4). Chegou a haver uma disputa cujo trajeto foi de Niterói a Copacabana, ocasião que causou grande apreensão em muitos (O Fluminense, 14 abr. 1889, p. 2; 12 abr. 1889, p. 3).
Authorship
Victor Andrade Melo
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Programa de Pós-Graduação em História Comparada, Rio de Janeiro (RJ), Brasil. victor.a.melo@uol.com.brUniversidade Federal do Rio de JaneiroBrazilRio de Janeiro, RJ, Brazil Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Programa de Pós-Graduação em História Comparada, Rio de Janeiro (RJ), Brasil. victor.a.melo@uol.com.br
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Programa de Pós-Graduação em História Comparada, Rio de Janeiro (RJ), Brasil. victor.a.melo@uol.com.brUniversidade Federal do Rio de JaneiroBrazilRio de Janeiro, RJ, Brazil Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Programa de Pós-Graduação em História Comparada, Rio de Janeiro (RJ), Brasil. victor.a.melo@uol.com.br
Figura 1:
Planta da cidade de Niterói, elaborada entre 1841 e 1909, em função da elevação de Niterói à categoria de cidade. Os círculos marcam os três possíveis locais onde foi instalado o prado. Em vermelho, vemos o atual campo de São Bento, na época denominado praça do Visconde de Abaeté (Disponível em: http://bdlb.bn.gov.br/acervo/handle/123456789/429582).
Figura 2:
Planta da cidade de Niterói, elaborada entre 1841 e 1909, em função da elevação de Niterói à categoria de cidade. Em vermelho, o Hipódromo Guanabara. Em azul, o porto do Barreto. Em laranja, o cemitério do Maruí. Em verde, a Ponta d’Areia. Em lilás, a estação das barcas.
imageFigura 1:
Planta da cidade de Niterói, elaborada entre 1841 e 1909, em função da elevação de Niterói à categoria de cidade. Os círculos marcam os três possíveis locais onde foi instalado o prado. Em vermelho, vemos o atual campo de São Bento, na época denominado praça do Visconde de Abaeté (Disponível em: http://bdlb.bn.gov.br/acervo/handle/123456789/429582).
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imageFigura 2:
Planta da cidade de Niterói, elaborada entre 1841 e 1909, em função da elevação de Niterói à categoria de cidade. Em vermelho, o Hipódromo Guanabara. Em azul, o porto do Barreto. Em laranja, o cemitério do Maruí. Em verde, a Ponta d’Areia. Em lilás, a estação das barcas.
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How to cite
Melo, Victor Andrade. Forging the capital: the experiences of the Niteroi first turf and rowing clubs (decades 1870-1880). Tempo [online]. 2020, v. 26, n. 1 [Accessed 17 April 2025], pp. 43-66. Available from: <https://doi.org/10.1590/TEM-1980-542X2019v260103>. Epub 09 Mar 2020. ISSN 1980-542X. https://doi.org/10.1590/TEM-1980-542X2019v260103.
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