O objetivo deste artigo é o de conhecer e compreender as necessidades em saúde, por meio da autopercepção do estado de saúde e doença, considerando as desigualdades sociais presentes na localidade rural de Rincão dos Maia, Canguçu, Rio Grande do Sul. Utilizou-se a triangulação de métodos. No desenho qualitativo entrevistaram-se vinte sujeitos. A amostra foi intencional, ilustrativa das diferentes situações de vida, e a análise, temática. Os resultados indicaram que a sensação de estar adoecido é fortemente vinculada ao modo como se vivencia essa enfermidade, tendo em vista a incapacidade que este estado impõe, seja ela física ou mental. A alternância entre sentir-se doente ou saudável vem da constatação prática de que nenhum estado é contínuo. A observação do meio natural sinaliza o quão tênue são os estados de saúde e doença. A 'situação de vida', elaborada a partir das condições de vida e mobilização de recursos sociais, demonstrou que, apesar das diferenças econômicas, esse grupo apresentava uma coesão social, especialmente em sua matriz cultural de trabalhadores rurais. Enfatiza-se, assim, a necessidade de considerar o significado do fenômeno saúde e doença como ferramenta imprescindível para a formulação de programas de promoção e prevenção à saúde da população rural.
saúde da população rural; saúde pública; desigualdade social; condições de saúde