Resumo
O avanço tecnológico proporcionou a criação de novos espaços de divulgação do conhecimento. Logo, discursos voltados para o ensino de escrita começaram a circular em plataformas digitais com o intuito de propagar conhecimentos relativos à escrita da redação do Enem. A partir disso, o objetivo deste estudo é delinear os imaginários sociodiscursivos que alicerçam o ensino de escrita da redação do Enem de influenciadores digitais, considerando a oferta da aprendizagem como uma mercadoria cultural. Para isso, utiliza-se uma abordagem qualitativa e explicativa, baseando-se na Análise do Discurso, de perspectiva francesa, sobretudo a partir de Charaudeau ( 2017 CHARAUDEAU, Patrick. Os estereótipos, muito bem. Os imaginários, ainda melhor. Entrepalavras, v. 7, n. 1, p. 571–591, set. 2017. ISSN 2237-6321. DOI: 10.22168/2237-6321.7.7.1.571-591. Disponível em: http://www.entrepalavras.ufc.br/revista/index.php/Revista/article/view/857 . Acesso em: 22 dez. 2023.
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), com contribuições pontuais da teoria crítica. Como corpus, foram selecionados três vídeos, tendo como critério as maiores visualizações no YouTube e a palavra-chave de busca: “redação Enem”. As análises apontam para uma movimentação de saberes de conhecimento que, ao serem tecidos, misturam a teoria sobre escrita de textos dissertativos com o manual do Inep e com as experiências próprias de cada influenciador com a prova discursiva do Enem. Esta proposta vaga de ensino de escrita revela uma objetificação do ato de escrever, transformando-o em produto a ser comercializado na medida em que, a partir da empiria, os influenciadores demonstram sucesso próprio no Enem.
Palavras-chave:
Imaginários sociodiscursivos; Redação do Enem; Ensino de escrita; Mercadoria; Influenciadores digitais