RESUMO
Com a emergência da internet como infraestrutura de inovação nos modos de comunicação, a produção de fake news cresceu em profusão, facilitando os modos de publicação e o compartilhamento de informações e notícias falsas. As fake news têm extrapolado a materialidade dos textos e potencializado discursos de ódio na sociedade e violações aos direitos humanos, a exemplo de ataques xenofóbicos a imigrantes no país. Afiliado à vertente indisciplinar da Linguística Aplicada (Moita Lopes, 2006MOITA LOPES, L. P. da. (Org.). (2006). Por uma linguística aplicada indisciplinar. São Paulo: Parábola Editorial .; Cavalcanti, 2013CAVALCANTI, M. C. (2013). Educação linguística na formação de professores de línguas: intercompreensão e práticas translíngues. In: MOITA LOPES, L. P. Linguística Aplicada na modernidade recente. São Paulo: Parábola.), este estudo de base qualitativo-interpretativista busca analisar que entextualizações foram mobilizadas na trajetória textual de uma fake news em diferentes plataformas digitais e que posicionamentos os participantes da interação assumem em relação à situação da migração de crise no país. O corpus recobre a trajetória textual do evento ‘Bota fogo!’, referente ao ataque a imigrantes venezuelanos em Pacaraima, ocorrido em 18 de agosto de 2018. Os resultados indicam que a propagação de fake news mobiliza posicionamentos discursivo-identitários preconceituosos em interações virtuais, e, além disso, impulsionam reações xenofóbicas fora das redes online.
Palavras-chave:
fake news; migrantes de crise; xenofobia