Universidade e produção de conhecimento na formação inicial: uma estratégia didática para o ensino da escrita acadêmica

Fonseca, Janaína Zaidan Bicalho

doi:10.1590/010318135475015832019

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Sumário

Dossiê • Trab. linguist. apl. 58 (3) • Sep-Dec 2019 • https://doi.org/10.1590/010318135475015832019 copiar

Universidade e produção de conhecimento na formação inicial: uma estratégia didática para o ensino da escrita acadêmica¹ 1 Esse artigo é proveniente dos estudos desenvolvidos no âmbito do projeto de pesquisa intitulado Leitura e escrita no Brasil, Honduras, Angola e Chile: formação na universidade contemporânea e (re)produção de conhecimento, aprovado pelo CNPq por meio da Chamada Universal MCTIC/CNPQ N.º 28/2018, Processo: 4/27044/2018-9.

University and knowledge production in initial formation: a didactic strategy for the teaching of academic writing

Autoria SCIMAGO INSTITUTIONS RANKINGS

Resumo

Este trabalho objetiva problematizar o ensino e a aprendizagem da escrita na universidade, apresentando uma experiência investigativa com acadêmicos do 2º período do curso de Matemática, na disciplina de Leitura e Produção de Textos, durante o segundo semestre de 2017. A execução da pesquisa considerou a aplicação de uma estratégia didática para apropriação do gênero acadêmico resumo/abstract, qual seja, a de retextualização, em que o estudante deveria ler um artigo científico da área com o propósito de escrever o resumo correspondente, colocando-se na posição de autor do artigo lido, cujo resumo circularia no portal de periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) para consulta de pesquisadores e demais acadêmicos. Dessa forma, esperava-se que a mobilização de recursos linguísticos e enunciativos mantivesse o tom assumido pelo artigo científico em questão, porém a partir da organização arquitetônica do gênero dada pelo acadêmico. A pergunta de pesquisa girou em torno da seguinte questão: Quais são os limites entre a palavra do outro e a do acadêmico, considerando um processo de retextualização que tensiona os lugares destinados aos enunciadores e coloca em xeque o processo de autoria? Com tal estratégia, compreendeu-se, ainda que panoramicamente, como a universidade e os seus sujeitos regulam o universo discursivo do outro e garantem a manutenção dialógica da escrita. Para chegar a essa conclusão, adotou-se um quadro teórico que se fundamentou na perspectiva bakhtiniana e foucaultiana de linguagem (BAKHTIN, 2009BAKHTIN, M. (Volochínov). (1929) Marxismo e filosofia da linguagem. Trad. Michel Lahud e Yara Frateschi Vieira. 13. ed. São Paulo: Hucitec, 2009.; FOUCAULT, 1996FOUCAULT, M. (1971) A ordem do discurso. Trad. de Laura Fraga de Almeida Sampaio. São Paulo: Loyola, 1996.) e nos estudos do letramento acadêmico (RINCK, BOCH, ASSIS, 2015), seguindo uma metodologia de abordagem qualitativa, com finalidade aplicada.

Palavras-chave:
escrita acadêmica; estratégia didática; produção de conhecimento

Resumo do artigo-base

Resumo do acadêmico

O trabalho a seguir apresenta e discute os resultados de uma pesquisa realizada com um grupo de 161 professores voluntários, a fim de diagnosticar o letramento financeiro de professores de Matemática que atuam no Ensino Médio. A partir das respostas obtidas no questionário aplicado ao grupo, a hipótese levantada é a de que a educação financeira só é alcançada quando trabalhada por um grupo de professores letrados financeiramente. Isso implica em que estes conheçam e dominem os conceitos de matemática financeira, disciplina fundamental para o ensino e a aprendizagem da educação financeira em conformidade com a Estratégia Nacional de Educação Financeira (ENEF), instituída pelo governo federal por meio do Decreto 7.397/10. A metodologia utilizada foi a Análise Estatística Implicativa (ASI), que buscou responder à hipótese da pesquisa por meio do exame de árvores de coesão e grafos implicativos. Entre os resultados observados, destacamos a percepção da matemática financeira como sendo praticamente o mesmo que a educação financeira, explicando assim as dificuldades observadas em pesquisas anteriores para a discussão crítica dos elementos contextuais de um problema envolvendo os temas abordados.

Visando verificar se os alunos de ensino médio têm a capacidade de identificar, compreender, interpretar, criar, comunicar e usar novas tecnologias em contextos relativos ao tratamento de problemas que envolvam planejamento e gerenciamento de finanças pessoais, ou seja, se são letrados financeiramente, o presente trabalho identificou , através de um questionário formado por 30 questões e aplicados em um grupo de 161 professores voluntários do ensino médio - sujeitos estes escolhidos com base em levantamento bibliográfico sobre o tema que, em síntese demonstrou que o professor de matemática recebe pouca ou nenhuma formação específica em matemática financeira - o nível de letramento financeiro desses sujeitos, já que eles são agentes diretos na formação dos alunos. A análise das respostas obtidas através dos questionários seguiu o modelo ASI (Analyse Statistique Implicative), permitindo o cruzamento das variáveis e identificando comportamentos caracterizados por elas, refletindo assim o comportamento ou atitude desses sujeitos. Os dados obtidos foram organizados em gráficos e tabelas de forma a viabilizar a análise das respostas referentes ao nível de letramento financeiro dos professores. Dos resultados encontrados destacam-se que 65,8% dos professores são licenciados em matemática e que todos desconhecem a Estratégia Nacional de Educação Financeira (ENEF). Além disso, parte dos professores não tiveram a disciplina matemática financeira na graduação, não pesquisam sobre o assunto e não contextualizam a matemática financeira com a realidade dos alunos. Em contrapartida a esses dados negativos, um grupo de professores prepara suas aulas de matemática financeira após pesquisas sobre assuntos recentes na área e se preocupam em explicar aos alunos noções de capitalização simples e composta com situações-problema que complementam o livro didático. Por fim, com base nesses resultados, é importante frisar que há muito espaço para aquisição de competências desses professores que estejam focados em buscar o aumento do nível de letramento financeiro desses jovens alunos e ajudando a construir uma sociedade mais identificada com o tema.

Trechos do artigo-base

Trechos do resumo do acadêmico

Nesse contexto, a pesquisa apresentada neste artigo teve como objetivo principal identificar elementos do letramento financeiro de professores que lecionam matemática no Ensino Médio, de modo que possam conduzir seus alunos no desenvolvimento da educação financeira. (COUTINHO; TEIXEIRA, 2015, p. 01-02).
Nesse sentido, assumimos como letramento financeiro a capacidade de identificar, compreender, interpretar, criar e usar novas tecnologias em contextos relativos ao tratamento de problemas que envolvam planejamento e gerenciamento de finanças pessoais. (COUTINHO; TEIXEIRA, 2015, p. 04).

Visando verificar se os alunos de ensino médio têm a capacidade de identificar, compreender, interpretar, criar, comunicar e usar novas tecnologias em contextos relativos ao tratamento de problemas que envolvam planejamento e gerenciamento de finanças pessoais, ou seja, se são letrados financeiramente, o presente trabalho identificou [...] o nível de letramento financeiro desses sujeitos, já que eles [os professores] são agentes diretos na formação dos alunos.

Trechos do artigo-base	Trechos do resumo do acadêmico
A construção dos itens do questionário utilizado em nossa pesquisa foi subsidiada, fundamentalmente, por resultados de pesquisas na área. (COUTINHO; TEIXEIRA, 2015, p. 04).	[...] o presente trabalho identificou, através de um questionário formado por 30 questões e aplicados em um grupo de 161 professores voluntários do ensino médio - sujeitos estes escolhidos com base em levantamento bibliográfico do tema.

Trechos do resumo do artigo-base	Trechos do resumo do acadêmico
A metodologia utilizada foi a Análise Estatística Implicativa (ASI), que buscou responder à hipótese da pesquisa por meio de árvores de coesão e grafos implicativos.	A análise das respostas obtidas através dos questionários seguiu o modelo ASI (Analyse Statistique Implicative), permitindo o cruzamento das variáveis e identificando comportamentos caracterizados por elas, refletindo assim o comportamento ou atitude desses sujeitos.

Trechos do artigo-base

Trechos do resumo do acadêmico

Para o banco de dados construído a partir das respostas dos sujeitos ao questionário aplicado, decidiu-se pelas análises acerca da classificação coesitiva, bem como dos gráficos implicativos que visam identificar as relações qualitativas existentes. [...]. Os dados coletados foram organizados em tabelas e gráficos, segundo a filosofia da análise exploratória de dados (variáveis consideradas de caracterização dos respondentes ). (COUTINHO; TEIXEIRA, 2015, p. 07).
A primeira parte [do questionário] era composta por itens que visavam a caracterização dos sujeitos, enquanto que a segunda parte trazia itens que tinham por objetivo diagnosticar elementos do letramento financeiro e da forma de utilização do livro didático para abordagem da Matemática Financeira. (COUTINHO; TEIXEIRA, 2015, p. 07-08).

Os dados obtidos foram organizados em gráficos e tabelas de forma a viabilizar a análise das respostas referentes ao nível de letramento financeiro dos professores.

Trechos do resumo do artigo-base

Trechos do resumo do acadêmico

Os resultados indicam que 65,84% dos professores participantes possuem Licenciatura em Matemática e estavam alocados em escolas de cinco cidades no Estado de São Paulo ao longo do primeiro semestre de 2014: Barueri, São Paulo, Sorocaba, Osasco e São José dos Campos (p. 09).
[...] a ENEF ainda não é conhecida pelos docentes participantes da amostra pesquisada. (p. 19).
A figura 4 mostra a ampliação da subclasse A1 [...]. Segundo os sentidos estabelecido nas relações encontradas, se o professor utiliza algumas vezes situações contextualizadas, então algumas vezes completa o proposto pelo livro didático (p. 12).
A subclasse A3 se caracteriza pela concordância parcial com os seguintes itens do questionário: [...] 14 (ao preparar aula, busca conhecer resultados de pesquisas na área). (p. 13).
A classe B, cuja tipicalidade é o gênero feminino [...]. Os professores aqui não tiveram a disciplina de matemática financeira e acreditam que ela e a educação financeira são a mesma coisa. (p. 13).
Por meio da análise da Figura 7, que retrata a classe C podemos deduzir que aquele professor que frequentemente busca conhecer resultados de pesquisas acerca do tema matemática financeira, ao preparar a sua aula, solicita aos seus alunos um maior aprofundamento nessas questões feitas por meio de comparações e exemplos envolvendo jutos simples e compostos. A variável típica dessa classe é o sexo feminino e professores que lecionam nos Municípios de Osasco e São José dos Campos. (p. 13-14).

Dos resultados encontrados destacam-se que 65,8% dos professores são licenciados em matemática e que todos desconhecem a Estratégia Nacional de Educação Financeira (ENEF). Além disso, parte dos professores não tiveram a disciplina matemática financeira na graduação, não pesquisam sobre o assunto e não contextualizam a matemática financeira com a realidade dos alunos. Em contrapartida a esses dados negativos, um grupo de professores prepara suas aulas de matemática financeira após pesquisas sobre assuntos recentes na área e se preocupam em explicar aos alunos noções de capitalização simples e composta com situações-problema que complementam o livro didático.

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