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“RESISTINDO NA BOCA DA NOITE UM GOSTO DE SOL”: PEDAGOGIA DA PERGUNTA COMO RESISTÊNCIA DEMOCRÁTICA NA EDUCAÇÃO LINGUÍSTICA1 1 Agradecemos às Profas. Laryssa Paulino de Queiroz Sousa e Viviane Pires Viana Silvestre, ao Prof. Pedro Augusto de Lima Bastos e às/aos revisoras/es, pela leitura cuidadosa e pelos valiosos comentários que resultaram em um texto mais bem construído. A primeira autora também agradece ao CNPq pela concessão da bolsa de produtividade em pesquisa, muito importante para a realização deste estudo.

“A RAY OF SUN RESISTING AS NIGHT FALLS”: PEDAGOGY OF INQUIRY AS DEMOCRATIC RESISTANCE IN LANGUAGE EDUCATION

RESUMO

Valendo-nos de pressupostos pós-estruturalistas e dos letramentos queer, em especial da pedagogia da pergunta proposta por Nelson (1999)NELSON, Cynthia. (1999). Sexual identities in ESL: queer theory and classroom inquiry. TESOL Quarterly, v. 33, n. 3, p. 371-391., nosso objetivo, neste artigo, é mostrar como repertórios sobre diversas esferas da vida social podem ser abordados democraticamente na educação linguística, propiciando a mobilização de significados plurais e contraditórios, bem como a articulação de resistências democráticas em sala de aula. Para tanto, revisitamos repertórios e performances de gênero e sexualidade discutidos na dissertação de mestrado de Hoelzle (2016)HOELZLE, Maria José L. R. (2016). Desestabilizando sociabilidades em uma sala de aula de Língua Inglesa de uma escola pública. Dissertação de Mestrado em Estudos Linguísticos. Programa de Pós-Graduação em Letras e Linguística. Universidade Federal de Goiás, Goiânia., fazendo uma reentextualização do material empírico gerado pela autora e uma discussão em que defendemos a pedagogia da pergunta, que é habilmente desenvolvida por ela, embora esse não seja um construto praxiológico da sua pesquisa. A escolha desses dois temas de discussão, gênero e sexualidade, é providencial no contexto brasileiro, já que ambos atravessam uma parte considerável dos repertórios mobilizados e das medidas tomadas pelo atual governo para restringir a construção de sentidos críticos nos contextos educacionais. Nos seis eventos comunicativos, a pedagogia da pergunta é sempre marcada pelo conflito, advindo de diferentes historicidades e performances socioidentitárias das pessoas envolvidas nos eventos comunicativos. Assim, concluímos argumentando que, pelo fato de a linguagem permitir a produção de significados múltiplos e alternativos sobre a vida social, não podemos deixar de construir, nos contextos de educação linguística, sentidos que possibilitem a construção de enquadres mais democráticos. Essa construção é nosso “gosto de sol” que resiste na boca da noite.

Palavras-chave:
educação linguística; letramentos queer; pedagogia da pergunta; pós-estruturalismo; resistência democrática

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