Acessibilidade / Reportar erro

Experiências da prática associativa no Brasil (1860-1880)

Resumos

A presente pesquisa reúne algumas reflexões acerca da prática da filantropia e do mutualismo no Brasil, a partir da análise de estatutos e atas de fundação de algumas associações de ajuda mútua do Rio de Janeiro, entre os anos de 1860 e 1889. A partir da análise dessas fontes, pretende-se entender como tais associações se estruturavam; como elas se viam e viam a sociedade na qual se encontravam inseridas; como se processavam as relações entre as associações e o Estado Imperial e entre elas e as outras associações civis existentes; entender as motivações que levavam as pessoas à prática da ajuda mútua; perceber os valores, rituais e crenças que eram compartilhados pelos seus membros; e, por fim, dimensionar o impacto deste processo associativista sobre a cultura cívica em vigor.

associativismo; filantropia; cultura cívica; Império.


This research deals with the friendly and philanthropic societies in Brazil through the research over the statutes and foundation acts of some associations created in Rio de Janeiro between the years of 1860 and 1889. Through the analysis of these sources we intend to understand how societies organized themselves; how their built a selfperception and how were their relationships with the Imperial State. Also, it intends to understand the main motives responsible to influence people into philanthropic behaviors; to perceive shared values, rituals and beliefs; and last but not least, to specify the impact of the associative process over the construction of a civic culture in Brazil.

associativism; philantropic behaviors; civic culture.


Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text available only in PDF format.

  • 1
    THOMPSON, E.P. A formação da classe operária inglesa. 3a ed., Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2001.
  • 2
    HOBSBAWM, Eric. Mundos do trabalho: novos estudos sobre história operária. 3a ed., Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2000, p. 260, 281 a 283.
  • 3
    Em alusão ao artigo "On Resisting Resistance" de Michael F. Brown. American Anthropologist, 98 (4), 1996.
  • 4
    De acordo com as disposições da Lei no 1.083 (agosto/1860), do Decreto no 2.711 (dezembro/1860) e do Decreto no 2.759 (março/1861).
  • 5
    SILVA JR., Adhemar L.da. As sociedades de socorros mútuos: estratégias privadas e públicas. Estudo centrado no Rio Grande do Sul - Brasil, 1854-1940. Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós-Graduação da PUC, Porto Alegre, 2005. No ano de 1917 havia 960 mutuais só no Estado do Rio de Janeiro. Para os dados da Argentina ver: MUNCK, Ronaldo. Mutual Benefit Societies in Argentina: workers, nationality, social security and trade-unionism. Journal of Latin-American Studies, vol. 30, 1998. Para os dados da Inglaterra ver: KIDD, Alan. Civil Society or the State? Recent Approaches to the History of Voluntary Welfare. Journal of Historical Sociology, vol.15, n. 3, September, 2002, p. 333. Na Inglaterra, o percentual de sindicalizados variava de 10% a 15%. No Brasil, era a metade dos mutualizados.
  • 6
    Destacamos, entre outros trabalhos, os seguintes: DEL PRIORI, Mary. (org.) História da criança no Brasil. São Paulo: Contexto, 1992; FREITAS, Marcos C. (org.) História social da infância no Brasil. São Paulo: Cortez, 1997. SOUZA, Marco A. de. A economia da caridade: estratégias assistenciais e filantrópicas em Belo Horizonte. Belo Horizonte: Ed. Newton Paiva, 2004. NEGRÃO, Ana Maria M. Infância, educação e direitos sociais: Asilo de órfãs (1870-1960). Campinas: Unicamp, 2004.
  • 7
    LUCA, Tânia R. de. O sonho do futuro assegurado: o mutualismo em São Paulo. São Paulo: Contexto, 1990. BATALHA, Cláudio H.M. Sociedades de Trabalhadores do Rio de Janeiro do Século XIX: Algumas reflexões em torno da formação da classe operária. In: CADERNOS DA AEL, op. cit. JESUS, Ronaldo P. de. O Povo e a Monarquia: a apropriação da imagem do imperador e do regime monárquico entre a gente comum da corte (1870-1889). Tese de Doutorado apresentada ao programa de Pós-Graduação em História da USP. São Paulo 2001. VISCARDI, Cláudia M.R. As experiências mutualistas em Minas Gerais: um ensaio interpretativo. In: ALMEIDA, Carla M. de.; OLIVEIRA, Mônica R. de. (orgs.) Nomes e números: alternativas metodológicas para a história econômica e social. Juiz de Fora: EdUFJF, 2006, p. 305-322. SILVA Jr., Adhemar, op. cit.
  • 8
    Arquivo Nacional, caixa 552, código 128.
  • 9
    MESTRINER, Maria Luiza. O estado entre a filantropia e a assistência social. São Paulo: Cortez, 2001, p. 19.
  • 10
    Arquivo Nacional, caixa 552, código 100.
  • 11
    Arquivo Nacional, caixa 553, código 138.
  • 12
    Conforme definição de Johns Hopkins Corporative Non-Profit Sector Project, citadas em: KIDD, Alan. Civil Society or the State? Recent Approaches to the History of Voluntary Welfare. Journal of Historical Sociology, vol. 15, n. 3, sep., 2002, p. 335, apud.
  • 13
    Arquivo Nacional, caixa 552, código 128.
  • 14
    Arquivo Nacional, caixa 555, código 183.
  • 15
    Arquivo Nacional, caixa 552, código 103.
  • 16
    Arquivo Nacional, caixa 557, código 229.
  • 17
    FOUCAULT, M. Omnes et singulatin: uma crítica da razão política. In: Estratégia, poder-saber. Organização e seleção de textos de Manoel Barros da Motta. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2003. Uma nova leitura deste conceito relacionada diretamente à filantropia feminina pode ser vista em: DRENTH, Annemieke V.; HAN, Francisca de. The rise of caring power. Amsterdam: Amsterdam University Press, 1999.
  • 18
    KIDD, Alan. Philanthropy and the social history paradigm. Social history review, vol. 21, n. 2, may, 1996, p. 185, apud.
  • 19
    RAPOPORT, Anatol. Lutas, jogos e debates. Brasília: UNB, 1980.
  • 20
    GODELIER, Maurice. O enigma do dom. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001, p. 9.
  • 21
    POLANYI, Karl. A grande transformação: as origens de nossa época. 2a ed., Rio de Janeiro: Campus, 2000, p. 68, 81 e 82.
  • 22
    SAHLINS, Marshall. Stone age economics. Chicago: Aldine-Atherton, 1972.
  • 23
    GODELIER, Maurice. Op. cit. Introdução e cap. 1.
  • 24
    BOURDIEU, Pierre. Razões práticas: sobre a teoria da ação. Campinas: Papirus, 1996, cap. 5.
  • 25
    Arquivo Nacional, caixa 575, código 173.
  • 26
    MAUSS, Marcel. Ensaio sobre a dádiva. Edições 70, Lisboa.
  • 27
    LOSEKE, Donillen. The construction of the idea of charity (1912-1992). Social problems, (4), 1997, p. 425-444.
  • 28
    Arquivo Nacional, caixa 552, código 103.
  • 29
    Arquivo Nacional, caixa 557, código 223.
  • 30
    Arquivo Nacional, caixa 526, código 354.
  • 31
    Arquivo Nacional, caixa 575, código 173.
  • 32
    GODELIER, M. Op. cit., p. 25.
  • 33
    KIDD, Alan.The liberal state: civil society and social welfare in XIX Century England. Journal of Historical Sociology, vol. 15, n. 1, march, 2002, p. 114.
  • 34
    Acerca desses conceitos ver: MAUSS, Marcel. Op. cit.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jun 2008

Histórico

  • Recebido
    Nov 2006
  • Aceito
    Maio 2007
Programa de Pós-Graduação em História Social da Universidade Federal do Rio de Janeiro Largo de São Francisco de Paula, n. 1., CEP 20051-070, Rio de Janeiro, RJ, Brasil, Tel.: (55 21) 2252-8033 R.202, Fax: (55 21) 2221-0341 R.202 - Rio de Janeiro - RJ - Brazil
E-mail: topoi@revistatopoi.org