RESUMO
A recepção dos sobreviventes da Shoah e de suas memórias em Israel passou por um primeiro e relativamente longo momento de desconfiança e silenciamento. A oposição entre o judeu da Diáspora, visto como passivo diante das agressões nazistas, e o novo judeu, como ideal sionista, fez com que, marcadamente até o julgamento de Eichmann, as histórias particulares de humilhação e sofrimento não encontrassem espaço nessa sociedade em formação. O problema ao qual este artigo busca responder é como e por que formas específicas de representação do Holocausto, definidas aqui como uma literatura ilegítima, nomeadamente as publicações de Ka-Tzetnik e as chamadas Stalags, ganharam espaço em Israel até o julgamento de Eichmann. Para isso, uma análise dessa literatura e uma revisão bibliográfica serão realizadas a fim de mostrar a união perturbadora entre Holocausto e pornografia como a maneira encontrada por uma geração para lidar com memórias de sofrimento até então latentes em espaços públicos e privados.
Palavras-chave
Shoah; Ka-Tzetnik;
Stalags
; memória; trauma