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Ninguém faz a guerra sozinho. O trabalho da memória nos encontros de ex-combatentes portugueses da guerra colonial/de libertação em Angola

No War is Fought Alone. The Work of Constructing Memory During the Annual Reunions of Portuguese Veterans of the Colonial/Liberation War in Angola

Nadie hace la guerra solo. El trabajo de la memoria en los encuentros de los excombatientes portugueses de la guerra colonial/de liberación en Angola

RESUMO

Este artigo examina o trabalho coletivo de construção de memória nos encontros de veteranos da guerra colonial/de libertação de Angola. Partindo de observação etnográfica de reuniões anuais de uma companhia portuguesa de artilharia que combateu no país entre 1971 e 1973 e de entrevistas em profundidade com ex-combatentes, o artigo propõe um olhar etnográfico sobre a revisitação contemporânea de um passado ainda sob escrutínio. Analisam-se os encontros anuais de veteranos enquanto espaços de negociação e produção do passado, incluindo a construção de intermediação com a obra literária de António Lobo Antunes, um dos conscritos dessa unidade. Argumenta-se que essas reuniões anuais de veteranos são atos íntimos de comemoração que, baseando-se no imaginário e nas dinâmicas de proximidade familiar, na despolitização do conflito enquanto acontecimento histórico, na partilha dos aspetos solares e de narrativas experienciais, constroem uma linha invisível entre o passado e o presente.

Palavras-chave:
guerra colonial/de libertação de Angola; memória; comemoração; António Lobo Antunes; silêncio

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