Resumo
Em 1985, Alan Musgrave levantou uma séria objeção contra a possibilidade, por parte de um empirista construtivo, de traçar de maneira coerente a distinção - crucial para ele - entre observáveis e inobserváveis. Em sua sucinta resposta, no mesmo ano, Bas van Fraassen afirmou que o argumento de Musgrave funciona somente no interior da chamada “abordagem sintática” das teorias, porém, perde sua força no contexto da “visão semântica”. Mas isso não é suficiente, segundo F. A. Muller, que publicou dois artigos (2004 e 2005), com o objetivo de estender a política epistêmica do empirismo construtivo. Para tanto, Muller propôs uma caracterização rigorosa da observabilidade, que só pode ser realizada utilizando-se a lógica modal. O resultado foi uma nova política epistêmica (mais ampla) para o empirismo construtivo, que o próprio Van Fraassen aparentemente endossou (MULLER; VAN FRAASSEN, 2008MULLER, F. A.; Van FRAASSEN, B. C. How to talk about unobservables. Analysis, v. 68, n. 3, p. 197-205, 2008.). Neste artigo, será mostrado que, todavia, a política epistêmica emendada de Muller é supérflua. Ademais, e sobretudo, o argumento de Musgrave parece, na verdade, ser um pseudoproblema.
Palavras-Chave:
Empirismo construtivo; Observabilidade; Política epistêmica; Problema de Musgrave; Bas van Fraassen