Resumo:
O artigo visa a situar a interpretação de Claude Lefort sobre a onda contestatória que tomou a França, em Maio de 68, e ressaltar os impactos que esse evento histórico provocou em seu pensamento político, sobretudo no que diz respeito à compreensão do estatuto da ação política, no âmbito das sociedades democráticas contemporâneas. Num primeiro momento, busca-se mostrar que sua leitura do acontecimento está ancorada numa reflexão sobre o fenômeno burocrático, o que permite a Lefort discernir a contestação social generalizada, sobrevinda não por acaso na Universidade, enquanto uma recusa da lógica capitalista-burocrática presente nas instituições francesas da época. Em seguida, abordam-se as repercussões de Maio de 68 no âmbito da reflexão teórica de Lefort e a maneira pela qual o filósofo é instigado a repensar as noções de história, sujeito político e revolução a distância de uma matriz de pensamento marxista. Trata-se, enfim, de acompanhar o esforço filosófico do autor, em sua dupla dimensão: a crítica do presente e a elaboração de um novo paradigma de emancipação.
Palavras-chave:
Maio de 68; Lefort; Burocracia; Capitalismo; Revolução