Resumo:
O artigo investiga as razões para a substituição do conceito de tender da razão pelo de vontade, nos últimos escritos de J. G. Fichte, e, em particular, em suas lições sobre os Fatos da Consciência, de 1813. Esta investigação torna possível redimensionar a interpretação de R. Lauth, segundo a qual o filosofar de Fichte teria repensado a primazia atribuída pela modernidade ao conhecimento teórico e teria conseguido construir uma filosofia “nova methodo”, mas não teria conseguido superar uma concepção “horizontal” da razão, em vista da formação de uma filosofia “prima methodo”. Esta última partiria, não da correlação tendência-afeição, mas da autoclarificação da razão, de acordo com a tarefa que ela estabelece para si mesma. Após uma panorâmica sobre a doutrina do tender, no contexto de uma exposição filosófica “nova methodo” (§2), define-se a forma em que Fichte a repensa, em termos de uma vontade capaz de ordenar constelações de eventos de maneira coerente (§3) e como essa ordenação fundamenta uma compreensão do mundo como horizonte de ação humana coerente.
Palavras-chave:
Fichte, J.G.; Tender; Filosofia trascendental; Vontade; Wissenschaftslehre