RESUMO:
A teoria filosófica de Gadamer comporta a proposta da hermenêutica filosófica enquanto um projeto ético. Embora o autor não tenha focalizado essa relação, de forma sistemática, almeja-se, aqui, explicitar e aprofundar a noção de alteridade como pressuposto ético fundamental da hermenêutica gadameriana, à luz do Sofista de Platão. Para tanto, na primeira seção, abordam-se a estrutura e as formas de interação do conceito de outro, tal como apresentado por Platão, no Sofista, que trata de aspectos da identidade, da diferença, da coexistência do eu e do outro enquanto princípios metafísicos. Em um segundo momento, propõe-se uma percepção possível da apropriação de Gadamer relativamente aos conceitos platônicos os quais dialogam entre si, por meio da dialética, a partir da subjetividade moderna. Dessa maneira, justifica-se que os traços fundamentais da ética hermenêutica têm base em princípios não autoexcludentes, visto que não se exige o assujeitamento do outro como condição da formação e da manutenção identitária de si. Por fim, reconduz-se a hipótese de que o outro hermeneuticus é tão importante quanto o eu hermeneuticus para a compreensão de si e do mundo, em uma relação copartícipe, a qual não nega diferentes modos de ser para se afirmar com significativas implicações pessoais e sociopolíticas.
Palavras-chave:
Hermenêutica Filosófica; Hermenêutica Ética; Alteridade; Gadamer; Platão; Sofista