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Memória e reflexão

Resumo:

Eu argumento que os Analectos de Confúcio nos apresentam uma concepção de reflexão com dois componentes, um componente retrospectivo e um componente perspectivo. O primeiro componente envolve uma retrospectiva ou um exame cuidadoso do passado e, como tal, recorre à aprendizagem ou memória e a crenças previamente formadas para evitar erros. O segundo componente é prospectivo e, como tal, olha para as crenças e fatores atuais a fim de alcançar o conhecimento. Neste artigo, levanto o problema do esquecimento e defendo que a maioria das teorias contemporâneas do conhecimento têm de enfrentar o problema e lidar seriamente com esse desafio. A fim de resolver o problema, sugiro uma epistemologia de virtude a dois níveis que nos possa fornecer a melhor perspectiva para a resolução do problema. Irei correlacionar duas capacidades cognitivas ou processos diferentes de “memória” (e de “esquecimento”) com a concepção de reflexão, e avaliá-los-ei sob dois enquadramentos diferentes, um enquadramento deontológico rigoroso (que pressupõe uma determinação livre e intencional) e um enquadramento deontológico mais fraco (que realça as faculdades funcionais e mecânicas). O objetivo é mostrar que a reflexão como metacognição desempenha um papel importante e ativo e goza de um melhor estatuto epistêmico (normativo) nos nossos esforços humanos (cognitivo ou epistêmico) do que os de primeira ordem (ou de cognição animal), tais como a memória, podem desempenhar.

Keywords:
Memória; Virtude Epistemologia; Reflexão

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