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“A verdade decorada, vestida com a veste da aparência”: sobre a ilusão poética no “Opponenten-Rede” de Kant

Resumo:

O presente ensaio visa debruçar-se sobre o conjunto de anotações coligidas por Immanuel Kant, tendo em vista a arguição da dissertação do seu colega J. G. Kreutzfeld (registadas na Akademie-Ausgabe sob o título “Entwurf zu einer Opponenten-Rede”). Mais concretamente, pretende-se analisar a visão kantiana do tópico da ilusão poética, e o vínculo que esta forja entre as inferiores e as superiores faculdades do ânimo, a sensibilidade (os sentidos) e o entendimento. Almeja-se ainda demonstrar como, para Kant, o engano apenas suscita o fastídio do espírito e, portanto, nenhum conhecimento ou prazer, ao passo que a ilusão poética promove a ficcionação dos dados da sensibilidade e respectiva promoção da tarefa do entendimento na apreciação destes, e concluir como isso mesmo é para o filósofo um jogo que a ilusão enceta com o espírito, e do qual este extrai não só prazer, como também o avanço no seu conhecimento de si e do mundo. Por fim, esse mesmo jogo será apresentado por Kant como o sustentáculo principal para uma muito singular, mas sobretudo muito profícua cooperação entre poesia e filosofia.

Palavras-Chave:
Kant; Ilusão; Engano; Filosofia; Poesia

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