Resumo
Objetivo
Explorar e descrever características sociodemográficas, padrão de consumo e comorbidades psiquiátricas em mulheres usuárias de crack recebendo tratamento em comunidades terapêuticas.
Método
Estudo transversal, descritivo e quantitativo. Quarenta e seis mulheres abstinentes de crack responderam a um questionário sociodemográfico, ao Mini-Exame do Estado Mental (MEEM), à Entrevista Estruturada do DSM-IV para Transtornos do Eixo I (SCID-I) e a um questionário sobre padrão de consumo de crack. Foram realizadas análises estatísticas descritivas dos dados.
Resultados
As participantes tinham média de 31,02 anos [desvio padrão (DP) = 7,73], eram na maioria solteiras (76,1%), brancas (67,4%) e tinham ensino fundamental completo ou incompleto (43,5%). Antes do tratamento, 65,2% das mulheres relataram usar crack todos os dias; 46,3% fumavam entre 10 e 30 pedras de crack por semana. O tempo médio de tratamento foi de 63,56 dias (DP = 75,85), com média de 80,41 dias em abstinência (DP = 74,52) e 3,37 (DP = 5,49) tratamentos anteriores. A idade média de início do uso de crack foi de 22,61 anos (DP = 8,06), e a motivação mais frequente para iniciar o uso de crack foi a curiosidade (78,3%). A duração média de uso de crack na vida foi de 82,26 meses (DP = 74,76), e as complicações físicas mais frequentemente relatadas foram perda de peso (93,5%), seguida por problemas de sono (87%). Neste estudo, os diagnósticos mais prevalentes foram episódio depressivo maior (60,87%), seguido por transtorno de estresse pós-traumático (52,17%) e transtorno de ansiedade generalizada (13,07%).
Conclusões
Em geral, observamos um padrão de alto consumo de crack. Os resultados mostram alta frequência de transtornos de humor e ansiedade, com maiores frequências para episódio depressivo maior e transtorno de estresse pós-traumático.
Cocaína crack; comorbidade; saúde pública; comunidade terapêutica; mulheres