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Fissura por heroína: diferença entre pacientes em terapia de manutenção com metadona com e sem TDAH

Resumo

Introdução

O transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) é um transtorno do neurodesenvolvimento que persiste na idade adulta em 40-60% dos casos. Estudos clínicos e de neuroimagem sugerem que pacientes afetados tanto por adição quanto por TDAH apresentam maiores índices de fissura (craving) por droga do que pacientes sem TDAH. Este estudo piloto aberto investigou os efeitos do TDAH sobre fissura por heroína em pacientes em terapia de manutenção com metadona.

Método

Os pacientes foram recrutados em serviços ambulatoriais em uma unidade de tratamento de adição na cidade de Alba, Itália. Eles foram avaliados usando os seguintes instrumentos: Structured Clinical Interview for DSM-5 (SCID-5), SCID-5 for Personality Disorders (SCID-5-PD), Diagnostic Interview for Adult TDAH, second edition (DIVA 2.0) e Clinical Opiate Withdrawal Scale (COWS). Variáveis categóricas foram examinadas utilizando o teste do qui-quadrado, e variáveis contínuas, o teste t e o teste U de Mann-Whitney para dados com distribuição normal e não normal, respectivamente. A distribuição dos dados foi avaliada usando o teste de Shapiro-Wilk. O nível de significância foi estabelecido em p=0,05. A correção de Bonferroni foi aplicada (0,0063) para evitar erro tipo I.

Resultados

Um total de 104 pacientes foram incluídos no estudo: 14 com TDAH (13,5%) e 90 sem (86,5%). Pacientes com TDAH mostraram maior intensidade de fissura por heroína do que pacientes sem TDAH na ausência de sintomas de abstinência.

Conclusão

Adição e TDAH compartilham mecanismos neurobiológicos que influenciam mutuamente a evolução dos dois transtornos. Em particular, a disfunção da dopamina em vários circuitos cerebrais pode influenciar os níveis de impulsividade, motivação, controle inibitório, funções executivas e comportamento, e, portanto, a intensidade da fissura.

Fissura; adição; TDAH; heroína

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