Resumo
Introdução
O fenômeno da reinternação psiquiátrica reflete não apenas a gravidade e cronicidade da doença de base, mas também a qualidade dos serviços de saúde. Ainda não há estudos incluindo a disponibilidade de recursos assistenciais extra-hospitalares como preditor da readmissão psiquiátrica, no contexto da reforma da assistência à saúde mental brasileira.
Objetivo
Correlacionar a disponibilidade de recursos de assistência extra-hospitalar das localidades de residência com o risco de readmissão psiquiátrica.
Métodos
Foram analisados todos os registros de internações ocorridas de 2005 a 2011 nos dois hospitais psiquiátricos públicos de Belo Horizonte (n=19.723). Foram coletadas variáveis relativas aos pacientes e às características da internação, e calculados indicadores de cobertura em saúde extra-hospitalar para cada localidade de residência e ano. O desfecho de interesse foi a reinternação precoce (<7 dias), de médio prazo (8-30 dias) e tardia (31-365 dias). A análise se deu por regressões de Cox.
Resultados
A cobertura de unidades básicas de saúde e de psiquiatras se associou a menores riscos de reinternação. A cobertura de Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e de psicólogos não apresentou efeitos protetores. Pacientes jovens e do sexo masculino, assim como os residentes fora da capital, tiveram risco maior de reinternação precoce. Em comparação com outros transtornos psicóticos, os transtornos de humor e os transtornos neuróticos se apresentaram como fatores protetores para a reinternação.
Conclusão
A atenção regionalizada oferecida pelos CAPS não resultou em riscos reduzidos de reinternação.
Readmissão do paciente; serviços comunitários de saúde mental; fatores de risco