Em diversas ocasiões, Michel Foucault declarou afinidades com o pensamento de Georges Bataille, chegando a apresentar-se como seu discípulo. Essa filiação pode ser reconhecida na intensidade com que ambos se empenharam em desconstruir a idéia moderna de razão, consolidada em torno das noções de saber e verdade. Contudo, uma aproximação mais rigorosa entre os dois pensadores nos coloca diante de diferenças significativas, que supõem distintos fundamentos críticos. A arquitetura pode ser um locus privilegiado para analisarmos tais diferenças. Foucault vê os edifícios por dentro; Bataille os vê de fora. Isso traz resultados diversos: se para o autor de A microfísica do poder esboça-se um espaço sem saída, para o pensador de A experiência interior abre-se a possibilidade de conceber "jardins secretos", em contraposição aos monumentos ameaçadores. Insinuam-se aí, também, diferentes leitores de Nietszche.
Foucault; Bataille; espaço; razão; saber; verdade