Este artigo analisa os principais obstáculos a serem enfrentados para a integração política na Turquia. Mostra que o radicalismo e a violência originam-se em três fontes: a oposição curdo-turca; a oposição alevita-sunita e o avanço do islamismo político, com sua recusa de abandonar a referência religiosa. Contribuíram para a atual fragmentação política as contradições da doutrina kemalista, na qual ainda se assenta a legitimidade do Estado turco; os sucessivos golpes militares de Estado, que obrigam a constantes realinhamentos das formações partidárias; e a militarização de vastas regiões da Turquia em resposta às sucessivas ondas curdas e alevitas de contestação violenta, conduzindo à autonomização dos grupos armados que tendem a perpetuar a contestação e a repressão violentas. Diante desse quadro, o futuro da Turquia depende, por um lado, da integração social das identificações e convicções (curdas, alevitas e islamitas) pelo reconhecimento das culturas regionais e, por outro lado, da adoção do princípio de não-politização das convicções religiosas e do abandono do conservadorismo social por oposição à ocidentalidade.
Turquia; política; cultura; violência