Resumo
O artigo revê, à luz das transformações contemporâneas no ambiente comunicacional, a noção de que o jornalismo opera como “sistema perito” - um sistema de expertise que desfruta da confiança nele depositada por usuários incapazes de avaliá-lo tecnicamente. As novas tecnologias ampliaram a concorrência no espaço discursivo, dissolvendo o monopólio do jornalismo e erodindo suas fontes de financiamento. Ao mesmo tempo, uma incerteza epistêmica radical (“pós-verdade”) e o insulamento do público em enclaves fechados comprometem sua legitimidade. Esta situação contribui para a crise da democracia, uma vez que seu funcionamento pressupunha um patamar mínimo de concordância sobre a agenda e sobre os fatos relevantes, que o jornalismo supria.
Palavras-chave:
Jornalismo; Sistema perito; Pós-verdade; Crise da democracia