Este texto propõe uma interpretação dos guias de cidades escritos e publicados por Gilberto Freyre nos anos de 1930: o Guia prático, histórico e sentimental da cidade do Recife (1934) e Olinda - segundo guia prático, histórico e sentimental de cidade brasileira (1939). A leitura detida dessas obras, pouco analisadas, permite discutir uma série de questões, já que Freyre fala da(s) cidade(s), de si mesmo e de uma cena de época. É sob essa orientação - a condição de leitora se confunde com a de turista - que procuro seguir seus traçados urbanos, atenta às imagens projetadas sobre a cidade e sobretudo às pistas lançadas sobre sua própria condição de intérprete da cena urbana e da vida social brasileira. O itinerário desenhado por Freyre funciona também como bússola para localizar sua posição como analista da modernização e da modernidade, a partir da consideração da cena regional. Os textos apresentam, numa espécie de drágea concentrada, temas e problemas que mobilizaram o autor durante toda a vida.
Gilberto Freyre; Guias de cidades brasileiras; Recife; Olinda; Relato de viagens