Com base na análise da relação entre casa e trabalho, e do significado dessa relação para a prática do cuidado, o artigo desenvolve uma crítica aos argumentos de Betty Friedan no livro A mística feminina, entendido como uma irônica continuidade do projeto marxista de reduzir a emancipação das mulheres à obtenção de um emprego fora de casa. Assumindo uma oposição entre cuidado e trabalho, amor e dinheiro, certas feministas renegaram o trabalho doméstico. Entretanto, o movimento organizado das trabalhadoras em domicílio, que luta pelo reconhecimento legal de seu trabalho, tem sublinhado a interconexão entre reprodução social e produção; ao mesmo tempo, teóricos têm questionado a ética do trabalho assentada num paradigma produtivista da vida social.
Casa; Reprodução social; Trabalho doméstico; Trabalho em domicílio; Cuidado