Resumo
No debate sobre transportes, os criadores de políticas parecem enfeitiçados por um determinismo tecnológico em que inovação e novidade são os conceitos centrais. Obcecados eles por regimes e sistemas ocidentalizados, o debate atual perde a relevância de mobilidades esquecidas, periféricas e silenciosas. Nesse sentido, olhar para essas mobilidades periféricas não é apenas importante para reconstruir nossa memória, mas também pode nos oferecer ferramentas para construir regimes de transporte sustentáveis, do ponto de vista social e ambiental. Sugiro utilizar o Angelus Novus, de Walter Benjamin, para abordar o passado e o futuro de sistemas infraestruturais e o papel dos regimes “velhos”. Este artigo se apoia no trabalho de David Edgerton, mas eu levo o argumento além, defendendo que um debate de hoje voltado para a inovação cria os fracassos (sociais e ambientais) de amanhã. Carros elétricos e “sem motoristas” podem ser ferramentas úteis, mas devemos levar em conta que as mobilidades periféricas podem abordar a questão de transportes social e ambientalmente sustentáveis de forma mais eficiente. Uma visão de longo prazo pode ligar o passado e o futuro das políticas de transportes e oferecer sugestões para as Ciências Sociais, a humanidade e a governança.
Palavras-chave:
Periférico; Longa duração; Determinismo tecnológico; Transporte; Infraestrutura