Oscar Niemeyer desfruta de consagração máxima na arquitetura brasileira, fundada no carisma da criação estética. A gestão de sua posição hegemônica assumiu, ao longo de muitas décadas, contornos bastante nítidos. Este artigo decompõe os elementos da estratégia adotada, mostrando os dispositivos da cultura erudita que a retórica da celebração mobiliza. Chama a atenção para impasses que tão prolongado status de excepcionalidade provoca no circuito da comunidade de pares e do campo cultural inclusivo. São questões que dizem respeito à proteção ao patrimônio cultural, à legislação de concorrências públicas, à política urbana, à atribuição de autoria, à relação entre arte e política ideológica e até mesmo à coerência esperada entre a arquitetura praticada e as exigências do quadro teórico que a legitima.
Oscar Niemeyer (1907-2012); Arquitetura moderna; Profissão e carreira; Teoria; Mecenato público