Resumo
A segregação urbana tem sido um desafio central na busca pela equidade e sustentabilidade, especialmente nas cidades latino-americanas. A pesquisa sobre segregação, no entanto, tem se concentrado predominantemente em cidades dos Estados Unidos e Europa. A maioria das métricas existentes geralmente não aborda de forma explícita a dimensão espacial e a diversidade das estruturas espaciais das cidades. Assim, há uma lacuna nos métodos para capturar adequadamente as relações espaciais implicadas na segregação. Este artigo propõe e aplica um método baseado em redes espaciais para avaliar as desigualdades no acesso a oportunidades para diferentes grupos sociais (renda e raça), e os padrões de segregação socioespacial com base nos níveis de acessibilidade urbana. Aplica-se o método à cidade de Pelotas, Brasil, combinando a configuração da rede viária com densidades populacionais e distribuição espacial das oportunidades urbanas. Os resultados revelaram que grupos brancos de alta renda dominam os níveis de acessibilidade, beneficiando-se de uma concentração das oportunidades na área central, enquanto grupos não brancos de baixa renda experimentam uma acessibilidade mais precária. O método permitiu revelar um padrão de segregação centro-periferia, embora mais complexo e espacialmente diversificado, fornecendo informações valiosas que podem dar suporte ao planejamento urbano e à formulação de políticas em escala intraurbana.
Palavras-chave:
Segregação socioespacial; Desigualdades espaciais; Acessibilidade potencial; Redes urbanas