Resumo
A política de habitação social no Chile trouxe consigo efeitos adversos do que o esperado. Entre eles, a produção massiva de territórios onde se concentra a pobreza urbana. Para lidar com esse problema, os governos têm implantado medidas que buscam subverter esses efeitos. Esta tem sido considerada uma reviravolta qualitativa na política, em contraste com a produção em massa de habitação. Uma dessas medidas reparatórias é a identificação de bairros vulneráveis, que têm sido objeto de intervenção urbana e social inovadora. Os bairros críticos emergem dentro da categoria de bairros vulneráveis, onde foi implantado um processo excepcional de demolição, deslocamento e reconstrução de habitação social. Conceitualmente, esses mecanismos são explicados por fenômenos como o efeito vizinhança e a busca pela construção de trajetórias residenciais ascendentes. Através de um estudo de caso essencialmente qualitativo, este processo é descrito e analisado. Os resultados mostram os fundamentos políticos e discursivos da demolição, a experiência do deslocamento e as percepções em torno da construção de um novo conjunto habitacional. Conclui-se que é uma intervenção radical em termos físicos e espaciais, mas não aborda os problemas sociais que estiveram na origem da intervenção.
Palavras-chave: Renovação urbana; regeneração de bairros; políticas de habitação no Chile; efeito bairro; trajetórias residenciais