Resumo
Este artigo analisa os principais designadores de alteridade presentes nos discursos das lideranças do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) e da União Nacional para a Independência Total de Angola (Unita) durante a guerra civil em Angola (1975-2002). No esforço de compreendermos os imbricamentos entre as dimensões globais e locais do conflito, argumentamos que as acusações proferidas por Agostinho Neto (MPLA), José Eduardo dos Santos (MPLA) e Jonas Savimbi (Unita) buscam deslegitimar o “outro” em sua reivindicação de legitimidade para ocupar o estado. Isso é feito a partir da contraposição entre categorias acusatórias atribuídas ao “outro” e o oposto destas, atribuídas a quem faz a acusação. Mostramos, assim, como a compreensão de conflitos políticos em geral, e do conflito angolano em específico, pode ser iluminada por meio da análise de categorias cuja dimensão linguística se imbrica com posicionalidades sociais historicamente constituídas.
Palavras-chave:
Angola; colonialismo e pós-colonialismo; guerra civil; acusação; diferenciação