Resumo
O texto analisa o movimento dos saraus das periferias paulistanas como fenômeno cultural que, em anos recentes, vem transformando o espaço urbano em um vibrante projeto sócio-político. O movimento oferece insights importantes para pensar uma antropologia das cidades na medida em que possibilita evidenciar a materialidade da mobilidade e da espacialidade, entendida, aqui, enquanto conjunto de práticas sociais e culturais que envolve conhecimento existencial, formação de redes e empoderamento comunitário adquiridos mediante a mobilidade urbana. De modo geral, buscamos examinar de que forma os saraus podem contribuir para a construção de um novo imaginário da cidade e do espaço público ocupado pelas periferias socialmente excluídas e racializadas. O argumento central do artigo sugere uma contribuição analítica e empírica para a teoria social urbana e para os processos de produção da cidade, demonstrando que a mobilidade e o encontro não são apenas interações temporâneas e alheias, mas sim experiências constitutivas do próprio conhecimento social.
Palavras-Chave: Teoria Urbana; Cidade; Saraus; Mobilidade; Empoderamento Comunitário