Resumo
O artigo aborda as relações humano-planta como fenômeno técnico no contexto de comunidades pluriétnicas que vivem na região entre o Brasil e a Guiana. Propõe considerar uma tecnogênese do social na interseção entre processos técnicos e fluxos vitais de manivas - a parte aérea da planta que produz a mandioca (Manihot esculenta). O ponto de partida é a coleção de hastes de uma agricultora wapichana. A onomástica desse conjunto oferece uma ideia acerca da diversidade destas plantas nessa região. Contudo, o argumento é que os nomes, menos que referentes de um sistema classificatório fechado, são histórias, índices de modos de conhecer e de processos de individuação de pessoas e variedades. Ao enfatizar os processos de manipulação de manivas discute alguns desafios metodológicos da etnografia da técnica e reflete sobre as transformações sociais contemporâneas em diálogo com análises indígenas.
Palavras-chave:
Humanos-plantas; tecnogênese; redes manivas; técnicas; fluxos vitais