O presente artigo é uma incursão etnográfica no universo das técnicas e rituais praticados por empresas de demolição de construções arquitetônicas. Tida muito freqüentemente como meramente brutal ou mesmo escandalosa, a tarefa de destruir é aqui explorada em sua complexidade material e simbólica. Assim como o ato de construir supõe uma forma de compreender e qualificar o espaço segundo um conjunto de normas sociais, o ato de demolir é, ele também, pautado por crenças e cosmologias que muito variam de um contexto para o outro. Ver-se-á que o destruidor de paredes e sua marreta bem podem desvelar histórias e patrimônios, escondidos entre um tijolo e outro, que o preservacionista mais habitual nem imaginaria.
memória urbana; demolição; patrimônio; antropologia da arquitetura