Resumo
O projeto Food Bike (voedselfiets) na cidade de Hengelo (Holanda) foi concebido para estimular os cidadãos a separar os resíduos orgânicos dos não orgânicos. As food bikes seguem rotas padronizadas com paradas designadas para coletar resíduos alimentares de moradores de bairros altos, que não têm espaço para separar os resíduos orgânicos em recipientes de lixo. Os dados foram recolhidos através de uma combinação de métodos de investigação qualitativa, o que permitiu desenvolver uma visão holística e contextualizada das razões pelas quais os cidadãos aderiram a esta iniciativa ambiental. Os fatores bem conhecidos de idealismo e interesse próprio da literatura podem explicar parcialmente a participação no projeto da Food Bike, mas descobrimos que o hábito de não desperdiçar alimentos e as necessidades sociais também são razões importantes para as pessoas participarem. Principalmente os idosos participam do projeto porque as Food Bikes atendem ao seu hábito de frugalidade. A interação social - comportar-se de maneira desejável aos olhos dos vizinhos e conversar nas bicicletas - contrasta fortemente com a coleta de lixo por caminhões de lixo, nos quais o contato é evitado tanto quanto possível. O aspecto social foi reforçado durante a crise do Coronavírus, quando o contacto social interior foi desencorajado pelo governo holandês. Atualmente, os esforços municipais para promover o comportamento pró-ambiental baseiam-se no idealismo e no auto-interesse percebido dos cidadãos, mas também podem fazer uso das considerações sociais e emocionais dos potenciais participantes e da sua ligação ao bairro.
Palavras-chave:
comportamento pró-ambiental; economia circular; participação cidadã; hábito; desperdício de comida; coesão do bairro