Resumo
Este artigo apresenta resultados de uma pesquisa sobre os condomínios populares, condomínios utilizados pelo estado e município do Rio de Janeiro para reassentar moradores de favelas atendidas por projetos como o PAC e o Morar Carioca, muitas vezes utilizando construções do PMCMV. A partir do trabalho de campo etnográfico, observei que os moradores faziam um uso distinto da tipologia condomínio: a partir da sua inserção no imaginário da cidade como moradia dos grupos mais abastados, esses novos condôminos utilizavam tal representação na construção dos seus projetos de limpeza moral, como forma de se desfiliarem do estigma de favelado. A busca pela limpeza da imagem não significou abandonar práticas “faveladas”: observam -se comportamentos e usos dos espaços que contrastam com o modelo condominial, permitindo pessoas de fora e de dentro ativarem o termo favelado enquanto categoria de acusação. Ainda para escaparem do estigma, os moradores recorrem a três estratégias de limpeza moral: o reendereçamento do estigma, a personalização de regras e a estética da distinção.
Palavras-chave: Condomínio; favela; estigma; projeto de limpeza moral