Resumo
Neste trabalho, reflito como os peruanos no Rio de Janeiro negociam os processos de racialização a partir da categoria “í/indio” e sua interação comigo, uma mulher negra brasileira. Apesar de integrar o sistema de classificação racial brasileiro (índio) e peruano (indio), a categoria remete a significados particulares em cada contexto. Ao “se descobrir í/indio”, os peruanos se deparam com as especificidades do racismo anti-indígena no contexto urbano do Rio de Janeiro e com as discriminações dentro da comunidade peruana. Neste artigo, analiso o caso de peruanos que elaboram autodefinições (Hill-Collins, 2016) individuais e coletivas que desafiam estereótipos sobre a peruanidad. Por outro lado, o processo de racialização também abre possibilidades de solidariedade anti-racista entre peruanos e negros brasileiros. Este artigo se baseia no trabalho de campo etnográfico realizado no Rio de Janeiro de 2011 a 2016.
Palavras-chave:
racismo anti-indígena; relações inter-étnicas; migração sul-sul; decolonialidade