Resumo
Desde 2007, Tete, província central de Moçambique, passa por uma grande expansão econômica. Empresas multinacionais de mineração estão explorando um dos maiores - e praticamente intocados - depósitos de carvão do mundo. Liderados pela brasileira Vale, o bilionário e polêmico plano de investimento chamou a atenção de ONGs internacionais e agências de cooperação estrangeiras que inundaram a província de Tete com projetos democráticos e de desenvolvimento. Enquanto isso, os habitantes de Tete estão receosos. Habituados a lidar com diferentes populações exógenas desde os tempos pré-coloniais, os tetenses também estão extremamente familiarizados com a metodologia das organizações de desenvolvimento. No entanto, os atuais "tempos de desenvolvimento e democrático" colocam uma questão intrigante para eles: poderíamos nos desenvolver? Para esclarecer esta questão existencial local - que tem implicações espirituais e raciais mais profundas - o artigo pretende discutir a natureza da comunidade política inter-étnica do Vale do Zambeze, relacionando-a com a história pré-colonial e colonial da região.
Palavras-chave:
Desenvolvimento; Feitiçaria; Economia Moral; Democracia; Moçambique