Resumo
Tomando como meu ponto de partida uma pesquisa sobre práticas de conhecimento na ciência, este artigo foca-se na análise das vicissitudes da experimentação animal e na relação entre os pesquisadores e suas cobaias. O material apresentado aqui é fruto de um estudo etnográfico desenvolvido em um programa de pós-graduação em engenharia biomédica cujo laboratório em questão conduz uma ampla variedade de pesquisas relacionadas à radiação ultrassônica com objetivos diagnósticos ou terapêuticos. Vários desses projetos de pesquisa usam ratos e camundongos em suas montagens experimentais. Empregando fontes históricas relacionadas ao processo de seleção de linhagens murinas e também dados etnográficos do cotidiano laboratorial, pretendo discutir uma variação específica da agência dos animais de biotério a partir dos seguintes questionamentos: o que esses roedores provocam nas ciências por meio de acontecimentos imprevistos e de suas singularidades enquanto seres vivos? Que perplexidades e questionamentos a vida e o manejo dos bichos de biotério produzem em relação aos cientistas e suas respectivas pesquisas?
Palavras-chave:
etnografia de laboratório; experimentação animal; roedores; ciência