Resumo
Em novembro de 2016, depois de mais de 53 anos de confronto armado, a guerrilha das FARC e o Estado colombiano pactuaram o fim de uma das guerras mais dolorosas da América Latina. Entre os corpos que combateram na guerra se encontravam corpos indígenas, entre eles, indígenas da Amazônia colombiana, alguns pertencentes aos povos murui-muina, nonuya, muinane e andoke. Desde a perspectiva destes povos, fazer a guerra implica admitir a transformação do corpo, tornar-se outro, deixar de ser, perder-se ou metamorfosear-se. Seres submetidos às tiranias da predação. Retomando esta perspectiva, este artigo responderá, invocando os métodos etnográficos, duas perguntas: qual é o tratamento social dado a alguns jovens indígenas que, por alguma ração, ingressaram em algum grupo armado, guerrilha ou exército? E, depois do acordo de paz, como são recebidos de volta aos territórios indígenas os jovens guerreiros que se desarmaram?
Palavras-chave:
Povos indígenas amazônicos; metamorfose trágica; guerra; paz; cura