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Do tempo dos direitos ao tempo das intolerâncias. A movimentação neoconservadora e o impacto do governo Bolsonaro: Desafios para a Antropologia Brasileira

Resumo

O artigo apresenta o percurso no Brasil da recente movimentação neoconservadora liderada por duas frentes parlamentares : a Evangélica e a Agropecuária. As duas frentes construíram e consolidam no Congresso Nacional uma concertada confluência de objetivos e de articulação política para confrontar o acesso aos direitos humanos. As narrativas neoconservadoras centradas na “pauta moral” baseada na manipulação de valores religiosos cristãos crescem na cena pública e contraditam direitos à igualdade de gênero, à diversidade sexual e aos direitos reprodutivos. Na “pauta de segurança jurídica” baseada nos interesses do agronegócio, bloqueiam a materialização dos direitos indígenas e quilombolas de acesso à terra e desmantelam as políticas de proteção ambiental. Promovem a desautorização dos saberes antropológicos e das ciências em geral. Deslegitimam os referenciais constitucionais dos direitos fundamentais. Inaugurado um governo neoconservador, crescem as intolerâncias. A desumanização do “outro”, como alerta Bauman, tem uma de suas condições: o de ser autorizada pelas práticas governamentais. Os desafios para a antropologia recrudescem.

Palavras-chave:
Frentes Parlamentares Evangélica e Agropecuária; neoconservadorismo; direitos humanos; intolerância; desumanização

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