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Potosí e as nascentes da Água Moderna. Sobre as origens do Capitaloceno hídrico

Resumo

Correlativamente ao seu caráter absolutamente essencial nos processos biofísicos, geológicos e atmosféricos de gestação e sustentação da vida na Terra, a água é uma entidade que, ao atravessar o ser humano, adquire - juntamente com seus usos materiais específicos - uma vasta complexidade de configurações semióticas, axiológicas, espirituais e religiosas. Uma diversidade imensurável de valores e modos de uso, de significados e simbolismos, caracteriza os diferentes sistemas sócio-hidrológicos histórico-concretos que surgiram, acompanhando e delineando a trajetória pluriversal da aventura humana na Terra.

Apesar dessa diversidade e complexidade, habitamos um tempo geológica e antropologicamente marcado pela pesada hegemonia da Água Moderna; um tempo de crise sistêmica e de emergência da mais crua sintomatologia das convulsões geosociometabólicas do Capitaloceno. A atual crise hídrica global é resultado do afogamento dessa vasta história pluriversal de sistemas hidro-sociais pela Água Moderna.

Nesse contexto, o presente texto oferece uma exploração genealógica do surgimento da Água Moderna. Com base na história ambiental latino-americana e nos recursos da ecologia política do Sul, propomos investigar o Cerro Rico del Potosí como a zona hidro-geopolítica onde ocorreram as fontes das águas capitalocênicas que hoje inundam nosso tempo-espaço de crise.

Palavras-chave:
Capitaloceno hídrico; ÁguaMetal; Água Moderna; Hidrogenocida; Queda do céu

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