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Dando más notícias: familiares que sobreviveram a conflitos armados no hospital de trauma

Resumo

A pesquisa etnográfica em um hospital de trauma possibilitou o acompanhamento sistemático de uma das famílias sobreviventes de conflitos armados. Observamos, no processo de trabalho da Unidade de Terapia Intensiva, como um corpo entre a vida e a morte se revela nas interações entre profissionais de saúde e familiares. Percebe-se que a perspectiva da "comunicação de más notícias" suprime os efeitos produzidos pelas práticas estatais de gestão da vida e da morte, em contextos de criminalização da violência reiterados no cotidiano do hospital de traumas. Para problematizar a centralidade de entendimentos com base na perspectiva biológica e protocolar, adotamos a perspectiva epistemológica da antropologia e da psicologia social. Este estudo evidenciou que as práticas discursivas reproduziram a dinâmica da desigualdade social atrelada ao racismo e ao classismo, enquanto famílias advindas de territorialidades precárias vivenciam constantemente situações traumáticas e o luto iminente por agravos em saúde produzidos pela violência.

Palavras-Chave:
comunicação más notícias; violência; saúde; racismo; classismo

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