A diferença é uma construção social, e, como tal, necessita de um discurso para produzir sentido e ser efetiva socialmente. Como um discurso é sempre histórico e socialmente fundado, assim o é o sentido da diferença. Este artigo propõe que a diferença na contemporaneidade é dominantemente articulada no discurso da diversidade, do mesmo modo como o discurso do exótico foi o discurso dominante da diferença no século XIX. Essa proposta será demonstrada ao se notar que, na medida em que a diversidade se torna um discurso apreciado no presente, o exotismo perde seu valor. Ao dizer isso, busco entender as condições de existências de ambos discursos. Eu argumentarei que o exotismo se fundou no século XIX sob três fundamentos: o imperialismo, a ideia do progresso e a nação. Eles proveram a condição para um discurso que baseou a produção da diferença na separação estável entre um espaço interno e um externo. Após examinar os fundamentos e suas relações com o discurso do exótico, demonstrarei que a produção da diferença não é mais baseada em noções estáveis de espaços interno e externo. Atualmente, a diferença é produzida em bases de relações sociais fragmentadas e globalizadas, que requerem um discurso flexível o suficiente para dar conta dessas condições materiais. O discurso da diversidade é esse discurso.
diversidade; exótico; exotismo; diferença; nação; globalização