Resumo
Este artigo examina o processo de aprendizado de candidatos aos concursos públicos para auditor fiscal no Brasil. A partir de uma articulação entre teorias cognitivas da cultura e os estudos antropológicos sobre o estado e suas instituições, propõe-se o conceito de modelo cultural de serviço público para qualificar os valores e comportamentos padronizados relacionados ao fazer burocrático-administrativo que as instituições buscam impor aos seus agentes. Pretende-se mostrar como o recrutamento de uma elite burocrática envolve a incorporação de representações sociais sobre o papel dos agentes estatais e sobre a legitimidade governamental que estes exercem na função de fiscais, antes mesmo da efetiva entrada desses sujeitos nas instituições governamentais. Os dados são derivados de uma pesquisa etnográfica, conduzida entre os anos de 2015 e 2017 no Estado do Rio de Janeiro, Brasil, em que as aulas de dois cursos preparatórios para concursos públicos foram acompanhadas através de observação participante.
Palavras-chave
Instituições governamentais; serviço público; concurso público; modelos culturais; aprendizado