Este artigo se concentra em um tipo particular de narrativa sobre servos,¹ as Vidas de servos sagrados. Em particular, foca a vida de uma santa medieval, Zita de Lucca, que viveu no século XIV. Mostra como sua imagem foi modificada com o objetivo de transformá-la em um modelo a ser imitado, especialmente pelos servos, entre os séculos XVI e XVIII. Descreve a estratégia elaborada pela Igreja Católica, nos séculos XVI e XVII, para impedir a disseminação da Reforma Protestante, dando atenção particular ao papel dado à hagiografia. Aponta como a história de Zita pode se ajustar à política de restauração moral e religiosa buscada pela Igreja Católica entre os séculos XIX e XX. Analisa como a mesma história foi contada de várias maneiras em diversos contextos culturais e sociais e por autores com objetivos diferentes. Nesse sentido, após analisar a "história das histórias de Zita", o artigo chama a atenção para as transformações socioeconômicas por que passaram os serviços domésticos, particularmente no que diz respeito ao aumento das taxas de feminilidade entre os mesmos, tentando entender as implicações e conseqüências mais gerais desse aumento à luz da História Social e de Gênero.
Hagiografia; santa Zita de Lucca; Reforma Protestante; santos